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OPINIÃO

Coluna de Fred Figueiroa: Copo metade cheio

Colunista do SuperEsportes avalia o saldo da 34ª rodada do Brasileirão

postado em 16/11/2018 16:47 / atualizado em 16/11/2018 17:06

Anderson Freire/Sport Club Recife
Existem duas formas de analisar o saldo da 34a rodada para o Sport. Numa leitura otimista - copo metade cheio - o empate contra o frágil Vitória em plena Ilha do Retiro acabou sendo suficiente para o time ganhar uma posição e abrir um ponto (que, na prática, são dois) do primeiro clube dentro da zona de rebaixamento. Isso só foi possível porque nenhum time com envolvimento direto na disputa pela permanência na Série A venceu na rodada. Corinthians, Ceará, Chapecoense e América/MG perderam. Enquanto o Vasco empatou em São Januário em um roteiro com requintes de crueldade, sofrendo o gol a 13 segundos do fim. Esses resultados, naturalmente, minimizam o impacto dos pontos perdidos no confronto direto contra o rival baiano. Um jogo fraco tecnicamente em que as duas grandes chances de gol foram do Sport (sem contar aquela trapalhada quase trágica de Mailson) mas que teve um longo recorte do segundo tempo amplamente dominado pelo Vitória. 

Copo metade vazio

Numa visão “copo metade vazio”, é possível afirmar que o Sport desperdiçou sua maior chance de vitória nesta reta final do Brasileiro. Era o contexto e o adversário ideal para abrir uma margem de segurança minimamente segura do Z4. Se tivesse vencido, o rubro-negro pernambucano estaria na 13a posição, três pontos acima da Chapecoense. O que, na prática, significaria uma rodada de “proteção” - já que o Sport leva vantagem sobre quase todos os seus rivais diretos no número de vitórias. A exceção é justamente o Leão baiano, que também venceu 10 vezes e tem um gol a mais no saldo. Sendo otimista ou pessimista, é um fato que os dois pontos perdidos anteontem deixam a equipe da Ilha do Retiro pressionada em um trecho difícil da sua tabela. 

A parte que falta

Não é possível precisar a quantidade de pontos que o Sport precisa para evitar o rebaixamento. Duas vitórias certamente garantem a permanência. Mas talvez até mesmo dois empates já sejam suficientes (principalmente se um deles for no confronto direto contra a Chapecoense fora de casa). Se tomarmos por base o atual aproveitamento do time catarinense - 16o colocada (36,3%) - a projeção ficaria entre 41 e 42 pontos. Esta metodologia de cálculo não é, nem de perto, a mais adequada. É apenas uma média básica. Mas - verdade seja dita - em 34 rodadas, o clube que abre zona de rebaixamento flutuou sempre em torno deste desempenho. Assim, arrisco dizer que a possibilidade desta margem oscilar para 40 ou para 43 é basicamente a mesma. São os raros resultados fora da curva que podem determinar uma alteração deste cálculo. Não fosse a vitória da Chape sobre o Santos na segunda-feira passada, por exemplo, a projeção agora estaria em 40 pontos. Aquele resultado dos catarinenses, mesmo perdendo impacto com a derrota de ontem em plena Arena Condá para o Botafogo, deixou “danos” na matemática dos rivais.

O núcleo da disputa

Convenhamos, é difícil imaginar que haverá uma revolução de desempenho dos piores times do campeonato nas últimas quatro rodadas. Até porque eles não demonstram sinais de evolução. O Sport foi o único que apresentou uma curva de crescimento nas últimas sete rodadas. Revolução nos números que não foi acompanhada por uma revolução do nível de atuação. O time rubro-negro joga “na conta”. Suas quatro vitórias e dois empates recentes poderiam ter sido seis derrotas. Existiram brechas para isso em todas as partidas. E o curso lógico é que aconteçam ainda mais neste trecho muito mais complicado da tabela, enfrentando Flamengo (Ilha), Chapecoense (fora), São Paulo (fora) e Santos (Ilha). Porém, o que cabe para o Sport também cabe para Vasco, Vitória e Chapecoense. Nenhum joga bem e tampouco tem uma tabela fácil. Todos, entretanto, podem ter uma porta aberta por uma eventual definição antecipada de cenário. Mas seria uma coluna inteira para detalhar essas possibilidades. Perceba que isolei Ceará e América deste recorte. No caso do alvinegro cearense, o cenário é bem melhor. Primeiro, por ser o time de melhor consistência. Segundo por ter jogos mais pontuáveis - incluindo o Paraná em pleno Castelão - que é basicamente uma garantia de levar o Ceará para 41 pontos. Como disse acima, talvez já baste. Já sobre o América, o momento (11 jogos sem vencer) somado com a pior tabela possível, o transforma em um potencial rebaixado. Precisaria de vitórias muito fora da curva para “voltar” ao jogo.