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Em péssimo momento, futebol feminino do Sport agoniza: 'Esse ano não temos perspectiva'

Coordenadora de futebol do clube, Nira Ricardo diz contar com acesso do Leão à Série A para modalidade ser reestruturada e voltar aos trilhos novamente

postado em 23/04/2019 09:00 / atualizado em 23/04/2019 09:20

<i>(Foto: Kadu Brandão/EC VITÓRIA)</i>
“O sentimento é de terra arrasada”, diz Nira Ricardo, coordenadora de futebol do Sport. Após amargar a quinta derrota seguida no Brasileiro feminino da Série A1, desta vez sobre o Vitória-BA - que também figura na zona de rebaixamento da competição, no 15º lugar -, as jogadoras do Leão vivenciam o drama de não conseguirem obter bons resultados. Porém, mais do que isso. A modalidade, que antes era sinônimo de profissionalismo e valorização, despencou. 

“Com toda sinceridade, esse ano não tem como se reerguer não. A gente está dependendo do Sport subir para a Série A. Esse ano não tem como mais, porque não tem dinheiro. E a tendência da gente melhorar é se o Sport subir, aí vai reformular tudo. Mas, esse ano, não tem perspectiva de uma melhora significativa”, lamentou. 

A equipe rubro-negra sente as consequências diretas do desmonte da modalidade. A disparidade é tanta que, no ano passado, as jogadoras possuíam vínculo com carteira assinada, contrato e salários, pela primeira vez na história do clube. Além disso, das 20 atletas do plantel, seis eram profissionais. Hoje, a modalidade respira sob ajuda de custos e, todas as 25 jogadoras do elenco são amadoras. Inclusive, para a estreia da Série A1 contra o São Francisco-BA, a atleta Janaina Barros, zagueira, foi escalada para entrar no gol. 

“É difícil porque assim, trabalhar com as meninas, como são amadoras, tem dia que tem treino, mas duas, por exemplo, não podem ir, porque têm que ficar com a mãe, porque estão trabalhando. E a gente não pode cobrar nada, entendeu?, explicou Nira.  

Após a goleada por 5 a 0 diante das Leoas da Barra na última quinta-feira, pela quinta rodada do Brasileirão, a coordenadora de futebol do Leão afirmou que o clube não tem capacidade para disputar frente a frente com qualquer clube da Série A1, mesmo que ele esteja vivendo maus bocados, como é o caso do Vitória. Segundo Nira, o Sport não está com condição de se nivelar a “nenhum time”. 

“O Vitória estava ruim na tabela, mas elas têm preparação física. A gente não se nivela a nenhum time. O Sport não vai se nivelar a nenhum time, porque todos esses times que estão ruins na tabela estão treinando todos os dias. Já vêm do ano passado treinando e a gente não, a gente começou agora. Então, a gente não vai se nivelar nunca. Hoje, contra o Vitória, a gente quis sair jogando de igual para igual e levamos gols no início do jogo”, finalizou.  

O que aconteceu?

Por corte de gastos, a diretoria do Sport decidiu encerrar as atividades do departamento feminino no início deste ano. Mas, em seguida, voltou atrás. Isso porque, apesar do clube disputar o Campeonato Brasileiro da Série A1, o Leão da Ilha enviou ofício à CBF solicitando a desistência da competição, mas o documento passou do prazo máximo estipulado. 

E com isso, a equipe masculina do Sport também poderia sofrer punição. Já que, de acordo com o regulamento da competição, no Art.22, a saída do clube após o prazo estipulado faz com que a instituição seja julgada segundo o Art.61 do Regulamento Geral das Competições. O Regulamento afirma que se uma equipe abandonar uma das competições em que disputa ficará automaticamente suspensa durante dois anos de qualquer outra competição coordenada pela CBF. Às pressas, portanto, o departamento do Sport teve que remontar um elenco para poder disputar o campeonato nacional. 

Mas, o cenário nem sempre foi assim. Depois de reativado em há três anos, o departamento de futebol feminino do Sport viveu anos de glória. Com profissionais qualificados e elenco profissional à disposição, as jogadoras conseguiram conquistar vários títulos. Inclusive o Bicampeonato Pernambucano em cima do rival Náutico. Na ocasião, no ano passado, ao vencerem as alvirrubras por 2 a 0 - em 2017 a equipe rubro-negra foi campeã em cima do Vitória das Tabocas. Em 2018, as Leoas da Ilha ainda conquistaram, de maneira invicta, a Taça Paulista.