Torcedor do Sport cria timbu, mascote do rival Náutico, e o batiza de Carlinhos Bala

À parte do espetáculo dentro de campo, o futebol também é palco do folclórico. Da graça, da contradição. Mas sobretudo, é um ambiente que respira situações completamente inusitadas, quase inimagináveis. Pois bem. O administrador de 26 anos, Diego Pereira vivencia essa máxima. Tanto é que, mesmo sendo torcedor do Sport, é apaixonado por um timbu. Logo o mascote do rival, Náutico. Mas Diego fez mais que isso: adotou o animal e o batizou de Carlinhos Bala, por ser, segundo o torcedor, o ‘Rei de Pernambuco’. Definitivamente, no futebol tudo pode acontecer. 

A paixão pelos gambás tem uma longa história, segundo o rubro-negro. Começou há quatro anos através de uma página no Facebook, o Curiosamente, do Diario de Pernambuco. Em uma postagem, a amiga marcou Diego para que ele visse Mia Grey, uma timbu fêmea que viralizou nas redes sociais. Ela foi adotada por um casal de São José dos Campos, no interior de São Paulo. “A partir desse dia, eu fui acompanhando a página e descobri que tem um grupo com sete mil pessoas que resgatam gambás, o ‘Gambás brasileiros’, e que criam eles também. Nesse momento, fiquei ‘só de boa’, admirando o animal”, contou Diego. 

Mas veio a oportunidade. A chegada de Carlinhos Bala na família foi intermediada por uma amiga. O rubro-negro contou que estava em um compromisso, sem poder atender o celular. Quando, de repente, voltou a mexer no aparelho, viu várias ligações e mensagens da colega. “Ela disse: olhe, apareceu um filhote de timbu aqui em casa, meu cachorro ia matar e eu peguei. Tu é a única pessoa que eu conheço que gostaria de cuidar. E foi isso. No outro dia, marquei com ela e estou cuidando até hoje. Vai fazer um mês que Carlinhos Bala chegou aqui em casa dia 14 de junho”, explicou.

 

Apesar de criar um animal que é mascote do rival Náutico, o assunto não gera polêmica para o torcedor, que diz só achar engraçada a situação. “É a pura contradição, é engraçado. Eu não tenho nada a declarar sobre isso, porque não tenho mais besteira por causa da rivalidade. Não sou mais um torcedor fanático. Eu gosto do bicho e pronto. E não estou nem aí. Eu uso futebol mais para uma comunhão entre amigos. Não me estresso mais com isso”, reforçou.

Tanto é que desde que levou o timbu para casa, as perguntas se direcionaram mais sobre o bicho do que a rivalidade entre Náutico e Sport em si. “A galera acha engraçado. Nunca ninguém apresentou nenhum tipo de problema quanto a isso. Os problemas que apareceram foram mais do tipo: ‘como é que tu está criando um bicho desse? Ele não sai matando todo mundo não? Mordendo todo mundo não? Mordendo saco de lixo?”, lembrou, aos risos. 

Na família, apesar do susto inicial, o timbu já ganhou os holofotes. Sorrateiro, Carlinhos Bala vai escalando as prateleiras dos quartos, as cortinas, e se escondendo debaixo do sofá. Dona Sandra Pereira, mãe de Diego, revelou que ficou assustada quando o filho chegou em casa com o animal, mas que hoje o bicho já virou xodó. “Quando ele chegou, eu falei: ‘meu deus, dizem que esse bicho é fedorento. Mas eu vou fazer o quê?’. Depois, fomos gostando. Hoje, todo mundo brinca com ele”. explicou.  “Minha mãe fica falando com o timbu, como se ele fosse um cachorro, um gato, mas ele não responde, ele só fica olhando”, completou o torcedor do Sport.  

Na rotina, Diego e Carlinhos Bala saem duas vezes por dia. No início da manhã e no fim da tarde, o torcedor do Sport coloca o timbu nas árvores do prédio para tomar banho de sol. E à noite, por ser um bicho noturno, o rubro-negro diz o timbu fica mais à vontade, solto pela casa. 

E no futuro, o administrador tem um sonho a ser realizado. E que vai acontecer. Quando Carlinhos Bala colocar a roupa do Sport rumo à Ilha do Retiro. “Quando ele crescer, vou levar para a Ilha do Retiro sim, com roupa e tudo. Ele agora é muito fujão, nunca ia ficar calmo. Quando eu chegar no estádio, eu não sei do que vão achar, mas a galera vai rir, eu acho”, finalizou.