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Em meio a reforma, possível Conselho de Administração é reformulado no CD do Sport

Ainda durante os debates para mudança no estatuto, órgão foi 'rechaçado' por conselheiros, tornando-se o Comitê de Conformidade, com outra configuração

postado em 11/02/2020 18:00 / atualizado em 11/02/2020 18:12

(Foto: Paulo Paiva/ DP Foto)
Com a ideia de democratizar e modernizar o estatuto do clube, o Conselho Deliberativo do Sport inicia a votação na noite desta terça-feira da proposta para reformar as normas estatutárias do rubro-negro. Um dos pontos, no entanto, alvo de maior divergência nas reuniões sofreu alterações. Trata-se do Conselho de Administração - órgão cuja ideia ainda embrionária com a sua criação era torná-lo independente e alheio às políticas do clube.

Contudo, nos encontros do Deliberativo esta formatação foi negada pelos conselheiros ainda durante o debate para finalizar o texto da reforma, conforme explica ao Superesportes o vice-presidente, Ricardo de Sá Leitão.

O objetivo, a princípio, do então Conselho de Administração era que fosse formado por sete componentes, dos quais: quatro membros natos, compreendendo os ex-presidentes que, tendo cumprido pelo menos um mandato completo encontrem-se em pleno gozo dos seus direitos associativos e gozem de maior tempo inscrição no quadro social do clube; e três membros eleitos pelo Conselho Deliberativo para mandato de três anos, dentre aqueles que tenham exercido o cargo de conselheiro por, pelo menos, oito anos. 

“Esse critério (modelo), quando chegou só na apresentação do Conselho Deliberativo, já foi rechaçado. Porque, de fato, havia um risco de uma estagnação de mentalidade no clube porque esse conselho não teria renovação”, iniciou o vice-presidente.

“Gerou uma discordância de todo tipo. Dos mais tradicionalistas pois acharam estranho a criação de um outro órgão. Já os mais progressistas também estranharam porque acharam que a composição da forma que sugeriram poderia gerar um engessamento da gestão por dar um excessivo prestígio aos ex-presidentes”

Assim sendo, o Conselho de Administração passou por uma 'reformulação' e 'amadurecimento', de acordo com Ricardo - que também é um dos doze integrantes atuais da Comissão de Reforma. Agora, o órgão se chama Comitê de Conformidade e tem novas diretrizes. 

“O Comitê de Conformidade funcionaria mais como uma barreira ética, um órgão de fiscalização, responsabilidade na gestão, que ficaria se reunindo numa frequência maior do que o Conselho Deliberativo”, pontuou.

(Foto: Yago Mendes/ Esp. DP)


Ricardo explica que o objetivo com a possibilidade de criação não é envolver-se nas questões do Executivo do clube, muito menos criar um poder paralelo, mas, sim, um acompanhamento mais atento ao cotidiano leonino.

“Esse comitê teria um papel primordial de fiscalizar mais de perto a gestão do clube e, havendo qualquer indício de gestão temerária, de gestão desonesta, comunicar ao Conselho Deliberativo. Inclusive, no caso de gestão temerária, esse Comitê de Conformidade teria, de mais impactante, poder suspender esse ato e submeter ao referendo do Conselho Deliberativo para análise”.

A composição do Comitê de Conformidade se daria de forma diferente da pensada ao então Conselho de Administração - sem membros natos - e de maneira mais uniforme, com um número ímpar de componentes (cinco ou sete), eleitos no Conselho Deliberativo para mandatos de três anos.

“Trabalhamos com a hipótese de provimento por eleição. O Conselho Deliberativo, tanto a chapa de oposição quanto de situação, faria indicações e o próprio Conselho votaria os nomes para compô-lo”.

Uma das propostas da mudança no estatuto, à parte do Comitê de Conformidade/ Conselho de Administração, aliás, é a presença da oposição no Deliberativo. Ricardo esclarece, ainda, que a aprovação ou não do órgão independe as outras proposições da reforma estatutária. “A existência ou não do Comitê de Conformidade não compromete os demais (pontos), que são de transparência, maior democratização, responsabilidade fiscal”.

Após diversos encontros para formulação da proposta, o Deliberativo começa a votação nesta noite, mas é improvável que haja uma definição já hoje, sendo, assim, necessário mais reuniões. O CD reúne-se no Sport nas segundas terças-feiras de cada mês mas, por conta dos votos para a reforma, existe a possibilidade de ser convocada uma sessão extraordinária, antecipando-as.

Em seguida, quando finalizada a votação, o que for aprovado pelos conselheiros será levado a uma Assembleia Geral dos sócios. Nesta, possuem direito a participar as categorias contribuinte, patrimonial e remido, com mais de um ano no quadro social. Dependentes e sócio-torcedor não têm.

Ricardo, por fim, convocou os associados a estarem na votação. “Gostaria de convidar os sócios a comparecerem na reunião, acho de uma valia extremamente rica a presença do sócio porque mesmo ele não tendo direito a voto no Conselho, legitima a nossa escolha. E nada impede que o associado fale com o conselheiro, questione, e o conselheiro levante o questionamento. Seria excelente”, finalizou.

CONFIRA OUTROS PONTOS DA PROPOSTA
- Punições mais rigorosas para gestões temerárias: 
- Participação da oposição no conselho;
- Portal de transparência enquanto compromisso estatutário;
- Proibição expressa do conflito de interesse;
- Criação de cargos remunerados com dedicação exclusiva para presidência e vice do executivo
- Mecanismos sobre limitação para antecipação de receitas;
- Desnecessidade de pedir assembleia geral para processar presidente;
- Antecipação das eleições da segunda quinzena de dezembro para segunda quinzena de janeiro;
- Aumento no período do mandato do presidente executivo de dois para três anos;
- Proibição do executivo retirar o clube de qualquer competição sem autorização do conselho;
- Reeleição apenas uma vez para presidente do executivo;
- Obrigação de a gestão que sai abrir o clube para transição;
- Tipificação de infrações disciplinares.