LANÇAMENTO DE MARTELO
O céu de Kerolayne: dedicada, Quero-quero tem rotina dura para chegar ao sonho
Atleta entrou no esporte em busca de aventura e virou referência na modalidade
postado em 13/09/2014 19:32 / atualizado em 13/09/2014 21:43
Brenno Costa /Diario de Pernambuco , Ana Paula Santos /Diario de Pernambuco , Maria Eugênia Nunes /Diario de Pernambuco
Mal sabia que rápido mesmo era a mudança que a vida iria lhe apresentar. Kerolayne logo encontrou o lançamento de martelo como esporte preferido um ano depois. Tornaram-se inseparáveis. “Queria uma aventura. No arremesso de martelo, se cair, você já sabe para onde vai”, conta, rindo.
Mas o esporte nunca a levou para o chão. Pelo contrário. Foi nele que Kerolayne aprendeu a voar. Dentro da gaiola, local em que realiza o lançamento do martelo, virou Quero-quero e foi longe para ser referência no estado entre as mulheres. Tem mais de 20 títulos. Desde os 15 anos, está no top 3 da categoria em que compete. Hoje, com 22, ocupa o quinto lugar do ranking nacional adulto. “Tudo começou com um professor que não sabia chamar meu nome muito bem e era um quero pra cá, quero pra lá, por causa do começo do meu nome. Então, surgiu Quero-quero”, lembra. “Ao redor da gaiola do Santos Dumont também é cheio de quero-quero e nenhum deles zomba de mim, mas todo mundo aqui tira muita onda com o meu apelido”, acrescenta.
Transpiração
Kerolayne cresceu no esporte com muita dedicação. Tem uma rotina dura. Treina de manhã. Tem um estágio à tarde. Cursa educação física à noite, com uma bolsa de estudo que conquistou. Acorda às 4h30 todos os dias e só fecha a porta de casa às 23h30. E não cansa. Já faz isso há praticamente quatro anos. “Nunca precisei tirar ela da cama”, garante a mãe Maria Edilza da Silva, 52 anos.
Quero-quero sabe que é mais transpiração do que inspiração. Por isso, leva a vida regrada desde cedo. No terraço da casa simples que vive com os pais e o irmão, que deixou o atletismo para servir o exército, lembra que concluiu o colégio aos 17 anos, no tempo certo. Esteve longe de qualquer tipo de ‘facilidade’ que a vida poderia oferecer.
Assim, cresceu na vida e de tamanho. Sem abandonar a agenda de treinos, ela hoje tem um porte físico avantajado. Com 1,72 metro, pesa 82 quilos. Reflexo também de uma menina que já nasceu grande. Tinha com 4,5 quilos e 56 centímetros. Parecia moldada para o esporte que exige muita força.
Sonho
Mas a força do lançamento do martelo também precisa ser psicológica. Quero-quero sabe. Por mais que tenha momentos de instabilidade quando não alcança o resultado esperado. Chora. Já cogitou desistir. Mas, quando olha para trás, vê o quanto já voou. E ainda voa para o destino certo. O céu é a Olimpíada.
Mas a atleta sabe que tem um longo caminho pela frente. Até porque esbarra na tradicional falta de estrutura, patrocínio e no próprio nível de exigência. “Se eu for fazer uma lista do que preciso, não vai caber nesse caderno”, declara, determinada. “Se eu for para uma Olimpíada, eu também quero ir para fazer o melhor. Não é só participar. Quero chegar em uma final. Quero fazer história e representar meu estado”, acrescenta. Esquece ela que já fez.
Ficha
Kerolayne Camila da Silva
Data de Nascimento: 10/6/1992
Idade: 22 anos
Clube: Projeto Atletismo Campeão
3º lugar no ranking nacional
Melhor marca: 56,49 metros
Técnico: Abraão Nascimento
TÍTULOS
Vice-campeã Brasileira Juvenil
Bi-vice-campeã universitária