Já no dia 10 de fevereiro, Montanha - apelido carinhoso pelo seu porte avantajado – embarca para a Eslovênia, país que abrigou grande parte de sua preparação para o ciclo olímpico do Rio. A parceria entre o treiandor Vladimir Kievo, que orientou o campeão olímpico do martelo, o esloveno Primoz Kosmuz, e o brasileiro está mantida para um novo ciclo, que visa a participação do atleta nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
Ter conquistado uma vaga na grande final olímpica na prova do lançamento do martelo era o principal objetivo de Montanha em sua estreia em Olimpíada. O resultado final da prova, porém, não foi o esperado. “Fiquei na 12ª posição e sabia que poderia ter sido diferente. Digamos que pequei em um fundamento que sabia que precisava melhorar, que era ajustar a posição do pé e do ombro na hora do lançamento. Quando fiz aquele primeiro lançamento e o martelo ficou na gaiola, fiquei desestabilizado. Mexeu comigo”, conta Wagner Domingos, atual recordista sul-americano da prova, com a marca de 78m63.
Passados quase cinco meses da Olimpíada brasileira, Montanha recorda que a emoção da estreia e ter escutado o estádio em peso gritando Brasil, Brasil... alterou seus batimentos cardíacos na hora da prova. “Também me deixei influenciar. Foi muita emoção. Na hora da final do martelo não tinha nenhuma prova acontecendo. Só a minha estava em evidência. E qualquer distração pode complicar o resultado final”, acrescenta.
Wagner não quer tardar em corrigir a deficiência na hora crucial do lançamento. Também não quer distrações durante essa longa temporada de treinos. Por isso, manteve a opção de seguir a programação de treino do esloveno Vladimir Kievo. “O nosso trabalho deu muito certo para os Jogos do Rio. Chegamos em uma final olímpica. Não tenho como culpar nada do que foi feito pelo Kievo. Tudo deu muito certo. É tanto que estou indo para lá de novo. Na Eslovênia é só treino. Apesar de ter um centro de treinamento perto de mim, em São Paulo, eu prefiro estar longe. Meu foco é total nos treinos. Por aqui, acabo desfocando um pouco. Lá, a cidade é pequena, tranquila e já estou acostumado com o frio (risos!)”, explica Montanha.
Os primeiros testes do lançador nesta temporada será mesmo na gélida Eslovênia. Montanha só deve voltar ao Brasil para competir no Troféu Brasil de Atletismo. Sua principal competição neste ano será o Campeonato Mundial, marcado para o mês de agosto, em Londres.
Convite para o primeiro treinador
Montanha aproveitou os dias de folga na capital pernambucana para visitar amigos que cultivou ao longo da carreira. O coronel Fialho, que comandou o colégio CPI, foi um dos que recebeu o carinho do atleta. “Ele ajudou muita gente do atletismo e eu fui um dos que pôde contar sempre com o apoio dele”, comentou o atleta.
E entre uma visita e outra, o lançador reencontrou um dos seus primeiros treinadores, Abraão Nascimento. Durante a conversa, Wagner o convidou para acompanhá-lo nesta nova temporada na Eslovênia. Seria uma chance única para o técnico pernambucano aprender e aperfeiçoar os conhecimentos na prova do lançamento do martelo, com o experiente Vladimir Kievo. Convite tentador que Abraão espera poder aceitar. “Tudo vai depender de grana. Estou desempregado e tenho que honrar meus compromissos na volta. Mas vou tentar ir. Seria muito proveitoso passar três meses lá”, revelou Abraão, que passou a treinar Montanha, quando este tinha apenas 15 anos.