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Caratecas buscam apoio para representar o Brasil em torneio internacional no Peru

Pernambucanos querem ajuda para bancar as despesas da competição

postado em 16/11/2017 13:50 / atualizado em 16/11/2017 15:44

Arquivo Pessoal/Elisângela
Os treinos acontecem todos os dias, de segunda a sexta-feira. Duram de 3 a 4 horas e começam no fim da tarde, depois do horário da aula. A rotina pesada é cumprida semanalmente por quatro lutadores de karatê numa escola de Camaragibe, a Sonho Meu, próximo à Praça da Lagoa. Breno Silva, de 14 anos, Camille Espíndola, 12, Crystof Santana, 16,e Kauã Lima, 14, se conheceram por conta do karatê e treinam juntos com a sensei Elisângela há quase cinco anos. Neste ano, o quarteto foi convocado pela primeira vez para representar o Brasil em dois torneios internacionais. A viagem? precisará ser paga por eles. 

"Por a federação encontrar-se em problemas financeiros, os próprios atletas deverão arcar com as suas despesas", escreveu a Federação Pernambucana de Katarê-Dô Tradicional em ofício enviado no dia 7 de agosto aos alunos convocados.

Os quatro embarcam na próxima terça-feira para Lima, no Peru, onde acontecerão o Pan-Americano e a Copa Intercontinental. Para que a viagem deixe de ser sonho, são quase R$ 3 mil por aluno entre despesas de passagem de avião, hospedagem, alimentação e taxas de competição. O mais difícil eles conseguiram, já que as passagens foram pagas. Mas ainda resta cerca de R$ 1 mil para completar o orçamento dos quatro juntos. 

"Quando ela (a sensei) chegou com o ofício aqui para a gente eu peguei e disse ‘mulher, eu não tenho condições não, como é que meu filho vai pra esse lugar?’. Como é que a gente vai ter condições de bancar esse menino para ele ir pro Peru? Foi um baque", relembra Angela Santana, mãe de Crystof. Ela não baixou a cabeça. Começou a vender rifas de eletrodomésticos para arrecadar o dinheiro. Até agora, foram duas cafeterias, uma sanduicheira e um espremedor de frutas. Conseguiu R$ 900, mas tudo só para o orçamento de Crystof.

A luta da sensei 

O caminho adotado pela treinadora Elisângela foi semelhante. Os alunos receberam uma bicicleta como doação e começaram a vender rifas no valor de R$ 5 para arrecadar o dinheiro necessário para complementar o orçamento dos quatro. "Eu fiquei feliz, mas preocupado porque minha professora estava atrás de patrocínio e não conseguiu. Ela saiu distribuindo rifas para os pais dos alunos. Minha mãe levou para o trabalho dela, vendi pra minha tia, que também levou pro trabalho dela", contra Breno Silva, um dos atletas. 

Determinada a financiar a viagem, Elisângela revelou que, caso nem todo o valor necessário seja arrecadado com as rifas, ela pretende complementar com seu próprio dinheiro. O motivo? é que a sensei passou por uma situação semelhante ainda aos 16 anos. Era 1997, quando ela teve a convocação para participar de um torneio representando o Brasil, mas por falta de apoio, não pôde ir. 

“Me senti muito triste, por isso estou lutando e fazendo o que posso para levar os meus alunos, e, se Deus permitir, assim será."