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REFENO

Família constrói veleiro e associa cura de câncer de filho mais novo por vida em alto-mar

Superesportes conta a história da família Battistini que, à bordo do Viralata II, participou da 31ª Refeno e relatou como o veleiro serviu de escape em momento difícil

postado em 20/10/2019 19:30 / atualizado em 20/10/2019 20:49

<i>(Foto: Anderson Malagutti/DP)</i>
A 31ª Regata Internacional Recife-Fernando de Noronha (Refeno) terminou na última quarta-feira, mas as histórias presentes nas 90 embarcações que chegaram ao arquipélagos são eternas. E a última delas que o Superesportes traz é a da família Battistini. E não é porque é a última que é a menos importante. Pelo contrário. Talvez seja a mais inspiradora de todas.
 
A bordo do Viralata ll, que acabou conquistando a Classe Aço ao chegar em Noronha em 43h38min56s, a família viu na embarcação de 41 pés e 12,5 toneladas um escape para um situação familiar que quase mudou o rumo de todos. 
 
Isso porque, durante a fabricação do Viralata II, o filho mais novo do casal Horário Battistini, 52, e Marcela, 50, foi diagnosticado com um câncer no fígado. “O Gabriel (hoje com oito anos) teve câncer no fígado, mas tinha espalhado por vários pontos: no fêmur, coluna, pulmão. Foi um caso muito difícil. Foi um baque para a gente”, conta o pai, com os olhos à ponto de chorar.
 
A construção do Viralata ll durou cerca de 10 anos. Começou do desejo de Horácio em montar seu próprio veleiro, após viver a bordo de outras embarcações e criar sua própria lista com 53 itens para o barco dos sonhos. E no meio disso tudo veio o namoro com a esposa e os filhos. Mas o que poderia ser um empecilho para a continuação da construção, virou combustível.
 
“Por várias vezes falamos: ‘Vamos parar a construção?’ Porque estava muito difícil conciliar. Mas tomamos a decisão de não parar, porque a vida tem que valer a pena. E a gente atribui muito à cura dele. Em determinado momento, o tratamento é muito difícil. Ele ia para casa depois do tratamento e não comia. E a gente pegava ele fraquinho e ia para o barco. E chegava lá o maior (Nicolas) pulava na água e a gente montava uma piscina na polpa, porque ele não podia entrar no mar. E ele comia muito”, relembra Horácio.
 
“Era nossa terapia familiar. Porque a gente não conseguia socializar. A gente tinha que ficar de retaguarda, porque a qualquer momento ele poderia ter uma recaída. E o Viralata foi nosso resguardo, foi nossa terapia familiar”, conta a mãe Marcela. 
 
Hoje, com o filho totalmente curado e o Viralata ll completando sua primeira Refeno, a sensação de ter todos à bordo foi algo que ficará para sempre na memória da família Battistini. “Foi sensacional chegar aqui em Noronha com as crianças. No finalzinho colocamos todos na borda do barco e disse: ‘Vamos orçar o barco, todo mundo com o pezinho para fora e tiramos foto’. Foi sensacional”, finalizou o comandante e pai orgulhoso.