RIO DE JANEIRO

Invasão "hermana" transforma Copacabana

Avenida Atlântica virou "moradia" de alguns "folgados" argentinos

postado em 17/06/2014 09:44 / atualizado em 17/06/2014 09:58

Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Cassio Zirpoli

Enviado especial

 

Rio de Janeiro - A orla de Copacabana é um dos cartões postais mais conhecidos do mundo. A presença de turistas estrangeiros nem de longe é novidade. O mar de uniformes de seleções, sim, mudou a cara do lugar. Mas era até esperado, ainda mais com a enorme Fan Fest armada na praia. O que não se imaginava, e agora vem tirando sono das autoridades, é a quantidade sem fim de veículos acampados (literalmente) na Avenida Atlântica.

Placas de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Rosário, entre outras. Vans, trailers, carros. Todos percorrendo ao menos 2,5 mil quilômetros. Esse comboio involuntário de argentinos, que trouxe mais de 40 mil torcedores ao Rio, ainda não se dissipou. Cozinhando macarrão em pleno calçadão, os amigos Eduardo Stefanello, Julio Soria e Leandro Ayun passaram três dias na estrada desde Córdoba. Sequer viram o gol de Messi no Maracanã. “Tentamos, mas não tinha mais ingresso. Sem problema. Estamos no Rio. Fomos para a praia na fan fest”, disse Stefanelo, de 27 anos.

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Ao lado, saído de Mendoza, estava Carlos Aparício. Teve seu celular furtado durante a partida, vista na areia, mas não foi suficiente para chateá-lo. “Ver a Argentina numa Copa do Mundo tão perto vale tudo”. Dormindo dentro dos próprios veículos, os torcedores vão usando banheiros e tomando banho em bares e postos próximos. “Um pedido aqui, outro ali e tudo vai dando certo”, disse Fabián Sosa, a 50 metros dali, na mesma situação. Os carros devem deixar a cidade somente hoje. Estacionados há quatro dias, os veículos já foram autuados pela guarda municipal. Contudo, a multa de R$ 83 não chegará na Argentina. “Se eu for na Argentina, terei que cumprir a regra deles. Aqui, eles têm que respeitar as nossas. Vão acabar no reboque”, disse o guarda municipal Jair Barbosa, após colar mais um adesivo azul da prefeitura com escrito “autuado”.

“Pão-duros”

Vendedores de tíquetes de estacionamento (R$ 2, por uma período) são os mais irritados. “Meu ganha pão está sem condições. Esses argentinos que vieram são pão-duros. Nunca saem e aí não tem rodízio. Os boletos estão sobrando na minha mão”, se queixou Flávia da Silva.

Teoricamente, a situação irá melhorar apenas hoje, com a massa argentina pegando a BR-040 rumo a Belo Horizonte, onde jogará no sábado, contra o Irã.

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