Náutico

Denúncia

Ameaças para tentar acobertar a precariedade do alojamento timbu

Motivado por uma crítica de Waldemar Lemos, Superesportes entra na concentração dos Aflitos e sofre ameaças da diretoria para não divulgar informações e imagens

postado em 10/06/2011 15:20 / atualizado em 10/06/2011 19:51

Rodolfo Bourbon /Diario de Pernambuco

Helder Tavares/DP/D.A Press
“Decepcionante. De 2009, quando eu estive aqui, até agora, a situação de acomodação dos jogadores das categorias de base não mudou. Quais são os problemas? Todos!” Motivado por esta declaração do treinador do Náutico, Waldemar Lemos, a reportagem do Superesportes resolveu, no fim da manhã desta sexta-feira, apurar as críticas feitas pelo técnico. Visitar a concentração in loco e revelar a realidade da prata da casa alvirrubra. (Clique AQUI e leia a matéria sobre a situação da concentração timbu).

A reportagem chegou ao portão de entrada do alojamento, situado (estrategicamente) aos fundos da sede do clube, nos Aflitos. O aviso de “não entre” (pichado acima da porta escancarada) foi desconsiderado quando jogadores convidaram o repórter e o fotógrafo a entrar. Sem muita insistência. Talvez um clamor por ajuda.

Ao subir os primeiros degraus das escadas, a comprovação do abandono. Do esquecimento. Paredes mofadas. Verdes. De esperança? Não, de mofo. A equipe entrou em um dos três quartos do alojamento. Roupas, malas e vários objetos amontoados. Nenhum armário. Dois jogadores dividiam uma mesma cama para assistir TV (único item de “luxo” do local).

Ninguém se opôs a falar, a ser fotografado ou filmado. A força da união impeliu o medo de represália. Três foram escolhidos para falar, unicamente por serem integrados ao elenco profissional e conhecerem há mais tempo a vergonhosa situação. O volante Helder, o meia Philip e o atacante Piauí. Citaram pequenas melhorias. Declaram que a diretoria se esforça para ajustar os problemas. Discurso de quem não apenas critica, mas reconhece as tentativas (falhas e atrasadas) e tenta apresentar soluções.

Helder Tavares/DP/D.A Press


Censura
Perto do fim da gravação das entrevistas, surge uma voz em tom ameaçador. “Ei, rapaz. Está fazendo o quê aqui? Tem autorização?” Era Cid Bezerra, supervisor de futebol. A reportagem foi intimada a sair do alojamento. Em plena sala de imprensa, entretanto, a censura ganhou mais força.

Cid Bezerra ganhou a companhia de assessores de imprensa e do vice-presidente administrativo e financeiro do Náutico, Eduardo Moraes. E um segurança! A intimidação começou com o funcionário do alto escalão. “Ninguém sai daqui com as imagens. Eu quero as imagens apagadas”, gritou Eduardo Moraes.

Quando a situação parecia parcialmente resolvida, o segurança do clube fechou a porta e ficou de prontidão, sem liberar a saída. Depois de muito diálogo e animosidade, o segurança acompanhou a equipe até o carro, sempre em tom de ameaça. “Se fosse em minha casa eu daria um bombão na sua cara”, declarou, dirigindo-se ao fotógrafo. Felizmente, não era a casa dele. Nem de nenhum dirigente. Trata-se de um patrimônio secular do Estado, de todos os alvirrubros. Algo difícil de ser compreendido pelos diretores do futebol pernambucano.