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Superesporte entrevista Alexandre Gallo, que mantém forte ligação com o Recife

Treinador fala sobre "rápida" ascensão na carreira e afirma: "As portas estão abertas para todos os clubes"

postado em 07/07/2013 13:36 / atualizado em 07/07/2013 16:12

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Quem há um ano poderia imaginar Alexandre Gallo no gramado do Maracanã abraçando os jogadores, cumprimentando o técnico Luiz Felipe Scolari e comemorando o título da Seleção Brasileira na Copa das Confederações como membro integrante da comissão técnica? A cena vista no último dia 30 de junho, inimaginável até pouco tempo atrás, veio para coroar uma a ascensão “meteórica” na carreira do treinador de 46 anos. Em seis meses, Gallo deixou o Náutico para assumir as divisões de base da Seleção Brasileira, conquistou dois títulos e conquistou talvez o mais importante: prestígio com a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Embora sem nenhum grande trabalho de destaque no cenário nacional, o técnico conseguiu uma boa oportunidade na CBF após tirar “leite de pedra” ao fazer uma boa Série A com o Náutico em 2012. Tornou-se coordenador das categorias de base e em meio a conversas com Carlos Alberto Parreira e Felipão acabou virando o braço direito da dupla na Copa das Confederações, na função de observador – na prática, o “espião” que vai levou as informações sobre os adversários do Brasil. Resultado: ganhou os elogios públicos de Felipão após o título conquistado. Mais prestígio.

Em 11 anos como técnico, passou por 14 clubes. Ganhou quatro títulos – o primeiro deles, o Pernambucano de 2007, pelo Sport. Nos últimos seis meses, conquistou mais do que tudo o que havia ganhado na carreira até então. Em entrevista ao Superesportes, por telefone, Gallo falou da projeção profissional, da importância de Pernambuco na carreira dele, de Náutico e do pupilo Douglas Santos, do Sport e do que os clubes do Nordeste precisam fazer para ter mais atletas na base da Seleção e quem sabe chegar a colocar alguém nos Jogos Olímpicos do Rio/2016, onde ele, Gallo, será o técnico que comandará o Brasil rumo a um título inédito.

A entrevista

A rápida ascensão na carreira foi uma surpresa?
Na verdade, a gente sempre trabalha fazendo o melhor e torcendo sempre para que alguém nos acompanhe e veja o nosso trabalho. Sem dúvida, estar onde estou hoje é o objetivo de todo treinador. Quem falar o contrário, não está vendo algo a mais para si. Foi muito importante fazer o bom trabalho do ano passado com o Náutico e com os outros clubes grandes também. Estou muito feliz com o meu trabalho nas divisões de base e muito honrado por ter sido chamado para trabalhar com Felipão na principal.

Como foi essa experiência de trabalho com Felipão?
Foi um grande aprendizado. Nós já vínhamos mantendo contato, já que a minha sala na CBF é ao lado da dele. Sempre estamos juntos, trocando ideias, desde que ele assumiu o comando da Seleção, que foi na mesma época que eu também cheguei. Em reunião, resolvemos fazer um trabalho conjunto, incluindo a convocação das seleções principal e da sub-20, já que ele também quer observar atletas. É um pedido do presidente Marin. Eu já tinha sido atleta do Parreira. Ele e o Felipão deram o aval da minha ida para auxiliar na Copa das Confederações. De pronto aceitei e foi muito bom participar desse momento.

Fica o sonho de futuramente ser você o treinador da Seleção principal?
Meu foco hoje está no próximo campeonato, que é o Mundial Sub-17. Temos sempre que pensar no que está vindo, o resto a gente deixa nas mãos de Deus. Tudo tem seu momento e temos que respeitar isso. Hoje, posso dizer que sou extremamente agradecido à CBF pelo que venho aprendendo. O resto, deixamos para o futuro.

Como você conhece bem Pernambuco, sempre fica a expectativa por convocações dos atletas locais. Você tem observado jogadores dos times de base daqui?
Claro. Estamos sempre monitorando alguns atletas. Inclusive, durante a Copa das Confederações, estive com representantes do Náutico e do Sport no Recife. Expliquei especificamente o que pensamos, o objetivo traçado e a necessidade que temos. Atualmente, a categoria que mais se está trabalhando no mundo é a sub-17, e a gente não vê isso acontecendo no Recife. Mostrei para eles (dirigentes) que jogadores convocados daí poderiam ser convocados, desde que façam o trabalho certo. As portas estão abertas para todos os clubes em igualdade.

Como você tem analisado Douglas Santos nas recentes competições pela Seleção? Ele tem agradado?
Foi muito bem. É um jogador extremamente regular e teve a sua importante contribuição na conquista dos dois torneios com a Sub-20. É um atleta regular, como tem sido sempre, desde a minha época no Náutico. Douglas me agrada bastante e é um jogador que está sempre sendo monitorado e espero que ele faça um grande Brasileiro.

Depois da sua saída, o Náutico não encontrou mais o rumo das vitórias. Como você analisa o momento do Timbu?
É difícil analisar de longe, complicado. Seria até covarde da minha parte falar alguma coisa, julgar algo dessa forma. Tenho acompanhado o Náutico como acompanho todos os outros clubes em função, principalmente, da Sub-20, para monitorar alguns atletas. Mas claro que o Náutico, assim como o Sport e todos os clubes em que trabalhei, como Avaí, Santos e Atlético-MG, são sempre clubes que vejo com um carinho grande e que eu guardo sempre coisas muito positivas no coração.

Os números

Números gerais de Alexandre Gallo nas Seleções Brasileiras de Base

19 jogos
13 vitórias
6 empates
0 derrotas
79% de aproveitamento
33 gols marcados
9 gols sofridos
2 títulos conquistados
1 títulos perdido

Seleção Brasileira Sub-20

Torneio Internacional de Toulon, na França – campeão

Primeira Fase
Brasil 2 x 1 Bélgica
Brasil 1 x 0 México
Brasil 2 x 0 Portugal
Brasil 1 x 1 Nigéria
Decisão
Brasil 1 x 0 Colômbia

Valais Youth Cup, na Suíça – campeão

Brasil 1 x 0 Egito
Decisão
Brasil 1 (4) x 1 (2) Gana

Amistosos
Brasil 4 x 0 Desportiva Ferroviária-ES
Brasil 4 x 0 Aracruz-ES
Brasil 2 x 0 Rio Branco-ES

Seleção Brasileira Sub-17

Sul-Americano – 3º colocado*

Primeira Fase
Brasil 1 x 0 Chile
Brasil 1 x 1 Uruguai
Brasil 3 x 1 Bolívia
Brasil 3 x 0 Peru

Hexagonal Final
Brasil 1 x 0 Uruguai
Brasil 1 x 1 Venezuela
Brasil 0 x 0 Argentina
Brasil 2 x 1 Peru
Brasil 2 x 2 Paraguai

*O Brasil conseguiu o objetivo se classificando para o Campeonato Mundial 2013

Fonte: www.rsssf.com/CBF/Ogol.com.br

Os elogios

“Estou muito feliz em ver que o trabalho realizado pelo Alexandre Gallo e sua comissão técnica já começa a produzir resultados. Estou contente pela minha escolha estar se revelando tão acertada. Fiz uma pesquisa grande, havia vários nomes, mas o Gallo está provando que buscamos a pessoa certa. Um profissional sério e excelente treinador, que está fazendo um trabalho que vai terminar nas Olimpíadas de 2016”, José Maria Marin, presidente da CBF, sobre o trabalho que Gallo vem realizando nas divisões de base da seleção.

“Muita gente falou sobre a maneira como a gente conseguiu enfrentar a Espanha. Mas nada disso teria sido possível sem a contribuição do Gallo, que fez uma análise completa sobre o time deles, com todos os detalhes. E tudo o que ele colocou no relatório que passou para nós se confirmou em campo. A contribuição dele foi importantíssima”, Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira, após conquista da Copa das Confederações.

O próximo desafio de Gallo

A Seleção Brasileira Sub-17 disputará o 1º Torneio Internacional de Verão, em Miami, nos Estados Unidos. A delegação está treinando na Granja Comary, em Teresópolis, desde o dia 1° de julho até o próximo dia 6, quando viaja para a competição. O primeiro adversário da Seleção é Honduras, no dia 9 de julho; depois enfrentará a Venezuela no dia 11. O último confronto será contra o México, dia 13. A equipe com mais pontos será a campeã do campeonato.