Náutico

Na pele da torcida

A frustrante experiência de ir até a Arena Pernambuco usando transporte público

Vandalismo, falta de policiamento e coletivos lotados marcam trajeto

postado em 24/03/2014 08:04

João de Andrade Neto /Esportes

João de Andrade Neto/DP/D.A Press
No próximo dia 22 de maio, a Arena Pernambuco completa o seu primeiro aniversário. E nesse primeiro ano, nada foi mais falado e criticado do que a missão ingrata para chegar e sair de lá. Se o estádio é de Copa do Mundo, a mobilidade é de várzea. Das piores, para não ser injusto com os craques das peladas. Nesse domingo, dentro do projeto #napeledatorcida, tive a incubência de ir ao clássico entre Náutico e Santa Cruz usando o transporte público. E depois de mais essa experiência (já tinha utilizado outras três vezes), utilizando o cansativo trajeto onibus-metrô-ônibus, posso afirmar, sem errar, que ir para um jogo de futebol nessas condições não vale a pena.

No caminho de ida, o principal desrespeito é o trajeto de ônibus entre o TIP e a Arena, dentro de um coletivo superlotado. No caminho, por meio da BR-408, um convite ao vandalismo, já que sem policiamento nada impede que um vândalo atire uma pedra e corra para o meio do matagal que margeia toda a estrada. Mas o pior estava por vir.

Na volta para casa, com a demanda de torcedores bem maior, já que todos saem quase na mesma hora, filas enormes para, mais uma vez, apanhar uma lata de sardinha em forma de ônibus. Na chegada ao TIP, com o enfileiramento dos coletivos, os torcedores são obrigados a descer no meio do escuro. E para completar, elas, as organizadas.

João de Andrade Neto/DP/D.A Press
No saguão de embarque do metrô, integrantes da Fanáutico e alguns poucos membros da Inferno Coral protagonizaram cenas de horror, com chuvas de pedras e corre-corre. Praticamente sem policiamento (um absurdo se tratando de um ponto estratégico), os poucos seguranças do TIP fizeram o que puderam. Ou seja, quase nada. Um levou uma pedrada na cabeça. Passageiros, voltando ou não do jogo, se protegiam correndo de volta para estação. Uma mãe, com um bebê no colo, estava apavorada.

Quando o metrô chegou, a tensão não diminuiu. O medo era o de que o coletivo levasse uma pedrada. O alívio só começou a chegar quando o metrô começou a deixar a estação. Antes de chegar em casa, claro, mais um ônibus lotado.

Diante de tudo isso, é impossível defender a mobilidade para a Arena Pernambuco. Encarar isso em dia de clássico é quase um suícidio. E olhe que ontem o público foi de pouco mais de 15 mil pessoas. A Arena pode receber até 46 mil. Time nenhum vale isso. Só volto a usar o transporte público para ir para a Arena com uma condição. Se o governador do estado ou outra autoridade aceitar ir comigo. Está feito o convite.

A campanha
Para mostrar o que passam os torcedores pernambucanos para assistir jogos de futebol no estado, repórteres do Superesportes estão acompanhando as grandes partidas junto dos torcedores, com fotos e relatos em tempo real. Ontem foi o terceiro clássico