
Capitão do Patoruzú neste ano, o advogado Higinio Luís Araújo Marinsalta, de 35 anos, não esconde o desejo de, finalmente, levar a Fita Azul após o vice no ano passado. “A gente não gosta de criar muita expectativa porque gera uma carga muito grande para o barco e uma responsabilidade maior. Mas nas últimas duas participações chegamos em segundo, só perdendo para Camiranga. E eles chegaram com uma vantagem razoável para a gente e a gente chegou com uma vantagem razoável para o terceiro. Então não há como negar que este ano a gente deve tirar a Fita Azul caso nosso planejamento ocorrer tudo certinho. Estamos nessa expectativa”, revela.
Com a estratégia e a tática já bem definida há pelo menos seis meses, o Patoruzú manterá praticamente a mesma equipe de 2017. Cada detalhe da regata foi minuciosamente explicado à reportagem por Carlito, skipper da embarcação. E cada minuto parece ser fundamental. “A largada é muito importante. Apesar de ser uma regata longa, se você perde um, dois ou três minutos na largada, pode fazer diferença no final”, detalha.

Sangue argentino
Apesar de fabricado no Cabanga Iate Clube, o Patoruzú tem sangue hermano. Seu idealizador é Higinio Luis Marinsalta, argentino radicado no Recife há 37 anos. Este ano a embarcação será capitaneada pelo seu filho Higinio Luis Augusto Marinsalta. Aliás, é ele quem contou a história do barco e da família.
Por gostar de praia e de mergulhar, o patriarca viu a dificuldade que era pagar e levar todo seu material de mergulho para Fernando de Noronha. “Então começou a cogitar a ideia de como ir à Noronha. Cogitou a ideia de um barco a motor, mas o custo com o combustível era caro. Então surgiu a ideia do barco a vela. Se juntou com um pessoal do Cabanga para fazer um barco. Começou com 12 pessoas, mas foi reduzindo e ficaram só três. Dessas, só o barco dele saiu. Ficou 13 anos fazendo o primeiro barco”, conta orgulhoso.
Mas com as seguidas idas à Noronha e a ideia de melhorar o rendimento do antigo barco, veio a ideia de produzir o Patoruzú. “Meu pai achou um projetista de São Paulo e disse que queria ganhar do barco mais rápido de Pernambuco. Foi assim que surgiu o Patoruzú”.
Origem do nome
Patoruzú é o nome de um índio, personagem de um desenho animado na Argentina. E por que a semelhança? “Meu pai sempre foi muito esportista. Corria descalços, sem camisa e o pessoal dizia que era um índio correndo. E começaram a chamá-lo de Patoruzú. Então ele trouxe o nome para o barco, já que a história desse índio era de uma pessoa muito justa, muito coerente e forte. E essa fortaleza quis trazer para o barco”, conta o filho de Higinio.
As informações da Refeno
Número de participantes
61 embarcações
Velejadores
453
12 classes
Multicasco (Catamarã A, Catamarã B e Mocra) e monocasco (RGS A, RGS B, RGS C, RGS Geral, ORC, Aberta A, Aberta B, Bico-de-Proa e Aço)
Percurso
545 Km (292 milhas náuticas)
30 anos da Refeno

A Refeno deste ano contará com 61 embarcações e 453 velejadores, aumento de 25% em relação às últimas quatro edições. Os competidores estão divididos em 12 classes. A expectativa é que o primeiro barco chegue à Noronha por volta do meio dia de domingo. O percurso da regata é de 292 milhas náuticas (545 quilômetros).
Muito mais que uma regata, a Refeno movimenta a economia, setor hoteleiro e gastronômico de Fernando de Noronha. E também atrai até competidores de estados não costeiros. “A Refeno é o maior evento náutico do Brasil. Atinge diretamente todos os estados costeiros da federação e não costeiros, como é o caso do representante de Minas Gerais. É um evento completo que vai além da competição. Temos festival gastronômico, shows, confraternizações. São duas semanas intensas que movimentam o turismo e a economia tanto do Recife como de Fernando de Noronha. É o sonho para todo velejador participar da Refeno e quem veio uma vez, quer voltar sempre”, finaliza Delmiro.
