Náutico

NÁUTICO

Campeão da Série C pelo Náutico, analista de desempenho repete feito no Mundial sub-17

Vivendo fase de grandes realizações, Anderson Borges acredita que será difícil superar 2019

postado em 22/11/2019 17:52 / atualizado em 22/11/2019 18:15

(Foto: Leandro de Santana/DP Foto)
O analista de desempenho do Náutico, Anderson Borges, de 30 anos, gostou tanto de ter sido campeão da Série C do Campeonato Brasileiro deste ano que resolveu aumentar a dose. E foi ousado. Mesmo sem entrar em campo, conquistou o Mundial sub-17, pela Seleção Brasileira, no último dia 17, pelo placar de 2 a 1, diante do México. Na competição, ele integrou a comissão técnica responsável por ajustar a performance do time de acordo com dados, comandando a parte formada por três analistas e mais três observadores. Com o mesmo resultado em experiências diferentes, ele projeta uma realidade de mais valorização com os profissionais “da casa”.

Como um ‘bom filho’, Anderson se dividiu e conciliou as passagens entre os três principais times da capital pernambucana e a Seleção, além da Chapecoense. O pontapé da carreira de analista foi no Sport, entre os anos de 2013 e 2014. No ano seguinte, iniciou a jornada no Santa Cruz, onde esteve pelo período de dois anos. Do Tricolor, foi para a Chapecoense, onde teve breve passagem. E do clube de Santa Catarina chegou ao Náutico para a pré-temporada de 2018.

Anderson foi convocado pela primeira vez para prestar serviço à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) durante o seu último ano no Tricolor, quando participou do Mundial sub-16, na França. No mesmo ano, já na Chapecoense, aconteceu o segundo convite. Para o Sul-Americano sub-15. Mas, por conta do calendário do clube, em reta final da Série A, foi vetado. Em 2018, voltou a ser convocado, de olho nos compromissos deste ano. Foram dois. A competição continental com a equipe sub-17, e recentemente, o mundial.

Agora, com certa experiência no campo da convocação, ele conta como foi a sensação ao receber o chamado da CBF pela primeira vez. “A minha primeira convocação foi engraçada. Eu estava com a minha esposa na academia, eram umas nove da noite quando Fernando Lázaro (coordenador geral de análise de desempenho da CBF) me ligou. Disse que queria me convidar se o clube permitisse. Eu disse que se o clube não permitisse, eu pedia demissão. Sou muito grato por ele apostar as fichas no meu lado profissional”, relembrou o início do sonho.

As divisas geográficas percorridas por Anderson nas duas equipes, foram responsáveis pelo contraste de realidades bastante diferentes. E, na visão dele, o título do Náutico foi também um “degrau” para a conquista na Seleção Brasileira. “A campanha que o Náutico fez, a visibilidade que teve, foi fantástica. Quem tá dentro do futebol, acompanhou de perto o que aconteceu. Foi uma visibilidade gigantesca. Não sinto diferença profissional, eu vejo a capacidade das pessoas que trabalham aqui no Náutico. Preparadores físicos, comissão e gestores se equiparam muito.”

Além do título, outra marca que ele acredita que ficará marcada na história do país do futebol é o apoio que a torcida ofereceu aos garotos da base brasileira. “Quem faz o futebol brasileiro não é A, B ou C. É uma coisa muito maior que qualquer atleta, qualquer membro de comissão ou entidade. A gente conseguiu fazer o Brasil parar para assistir ao sub-17, e essa foi a maior conquista de todo mundo que faz futebol, de base principalmente”.

Para completar o pacote das realizações na vida de Anderson, as conquistas não se limitam apenas à esfera profissional. Na vida pessoal, a concorrência perdeu a vez diante de uma recente liderança absoluta: o nascimento de Ian. “Esse ano está sendo surreal! O nascimento do meu filho, a conquista da Série C, o acesso e o título mundial. Dificilmente algum ano vai barrar esse 2019”, cravou.

O QUE É

Um analista de desempenho que trabalha no mundo do futebol, como o próprio nome sugere, é o profissional responsável por monitorar o rendimento dos atletas dentro de campo. Na função, os dados de cada partida são captados e o perfil de cada jogador é analisado também de forma individual. A fim de que se criem relatórios à disposição do clube. 

Entre os critérios avaliados, geralmente, estão: porcentagem de passes certos/errados, finalizações, estilo de jogo, posse de bola e distância percorrida.

DIA A DIA NO TIMBU

No Centro de Inteligência do Náutico - CIN, Anderson explica o seu trabalho no processo de captação de atletas, projeto que o fez pedir demissão da Chapecoense. “Esse processo foi fundamental para as pessoas entenderem o que é o Náutico hoje. Tudo o que acontece no sub-15, se Gilmar (Dal Pozzo) pedir para mim, a gente vai ter. A gente tem todas as informações em tempo real, a gente está sabendo de tudo o que acontece. Essa unificação ajudou muito. É para quando pensar em um nome ou em contratar um lateral direito, por exemplo, saber quem está no sub-20, qual o lateral que temos também no sub-17. Se vale a pena contratar. Isso facilitou o processo do clube, para andar do jeito que está andando. Um trabalho fantástico de querer revelar jogadores, de querer colocar para cima”, explicou.

Em tom de desabafo, Anderson fala sobre o carimbo de preferência que alguns profissionais de fora da região recebem, em relação aos locais. “Queria muito que as pessoas valorizassem os profissionais da nossa região. A gente vive numa fase que parece que o brasileiro não sabe nada de futebol e tem que sair do país para aprender, e depois voltar. Parece que em Recife não se cria profissional. O cara tem que ir para o eixo e voltar, para ser um bom profissional. Sofri bastante disso, ser um profissional da região e voltar valorizado porque foi para Chapecoense. Isso é muito triste”, concluiu.