Futebol Nacional

Jogo 10 da noite, não!

O sofrimento dos pernambucanos com as partidas que começam às 22h

Torcedores de Náutico, Santa e Sport falam das dificuldades em jogos nesse horário

postado em 13/10/2015 11:10 / atualizado em 13/10/2015 11:08

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Rodrigo Silva/Esp.DP/D.A Press
Encontrar adeptos da causa contra os jogos às 22h é fácil no Recife. Assim como dar razão a eles diante da odisseia que enfrentam quando resolvem enfrentar partidas neste horário. Caso do professor Wellington Lima, que mora na Cidade Tabajara, em Olinda. Sócio do Santa Cruz, não abre mão de ir aos jogos do Tricolor. Não abandona o time, mas sofre quando a partida é marcada para as 22h - horário utilizado no Estadual e na Série A.

O martírio envolve um dilema: andar alguns quilômetros para voltar para casa pegando apenas dois ônibus ou ter que pegar três conduções. Seja qual for a opção, não pode haver vacilo. É preciso correr para não perder o ônibus, o que nem sempre é possível. “Várias vezes tentei pegar o ônibus e perdi. Já perdi até o bacurau e tive que esperar o seguinte, ou seja, mais uma hora de espera, em plena madrugada”, comenta.

Partindo do pressuposto que tudo deu certo em sua saga para voltar à casa, mesmo assim Wellington chega tarde. “Normalmente, chego em casa por volta da 1h30 após os jogos no Arruda que começam nesse horário. Isso para estar às 6h da manhã acordado, para as 7h30 já estar no trabalho”, diz. “Isso é um absurdo! A TV manda em tudo, bota no horário que é mais conveniente para ela e o torcedor fica prejudicado. Por gostar do meu time e querer apoiar em campo, eu me prejudico”, queixa-se.

Paulo Paiva/DP/D. A Press

Só de carro
Morador de Pau Amarelo, no Paulista, o rubro-negro Augusto Leal, estudante de engenharia, até havia desistido de assistir ao Sport às quartas às 22h. “Na final do Pernambucano de 2014, lá na Arena Pernambuco, a torcida do Sport teve que ficar meia hora a mais dentro do estádio e só cheguei em casa às 2h da manhã. Depois disso, só voltei a jogo nesse horário quando comprei meu carro”, diz. E antes mesmo de ter abandonado os jogos às 10 da noite, Augusto já não ia a todos. “Tinha que pegar o bacurau e às vezes eu chegava em casa entre 1h30 e 2h da manhã. Muitas vezes eu já deixava de ir por causa do horário”, acrescenta.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Pior na Arena
Devido à soma da distância e insuficiência do transporte público, quem mais sofre com os jogos às 22h em Pernambuco é a torcida timbu. “O horário das 22h inviabiliza o trabalhador de acompanhar seu time de coração. No caso da Arena, até para quem vai de carro é ruim, por conta do esquema de saída caótico. O torcedor chega em casa depois de 1h da manhã. Isso não existe!”, lamenta o professor Delcy Vilas Boas, morador do Espinheiro.

O advogado Guilherme Souto vive na Madalena e depois de um Náutico x Santa Cruz pelo Pernambucano até havia prometido não ir mais à Arena às 22h. Quando o Timbu enfrentou o Flamengo pela Copa do Brasil, quebrou a promessa. Mas deixou o estádio antes do término do confronto. “Para quem estuda cedo ou trabalha cedo no dia seguinte, chegar em casa à 1h da manhã não tem a menor condição. Contra o Flamengo saí mais cedo e, mesmo assim, cheguei por volta da 0h50”, relata.