“O projeto é algo muito bom para o futebol feminino, porque a Seleção está buscando resgatar jovens talentos. Jogadoras que estão surgindo em todos os estados. Agora mesmo teve Sul e Sudeste. A próxima será Norte e Nordeste. Isso para os clubes e para Seleção só tem a crescer, a acrescentar. É uma questão de dar oportunidade. Chance às que estão no Brasil. Não só para as jogadoras de ponta, que vem da Europa e Ásia, como acontece normalmente nas convocações. Isso para o crescimento do futebol feminino é muito importante”, avaliou o diretor executivo de futebol do Vitória, Alan Rocha.
Da mesma forma observa o técnico do time feminino do Náutico, Jeronson França, destacando para além da oportunidade oferecida às atletas, a possibilidade de, por meio da iniciativa, realizar-se uma espécie de mapeamento da modalidade no país. “Vejo com bons olhos esse tipo de iniciativa. Faz com que atletas fora do eixo Sul e Sudeste sejam observadas também. Mesmo sendo apenas para treinamento. A partir disso poderá até se mapear como anda a situação do futebol feminino no Brasil inteiro”, idealizou.
A ideia da treinadora Emily Lima, no final das contas, não passa muito longe do cenário almejado por aqueles que trabalham com a modalidade em Pernambuco. “A intenção da convocação de observação surgiu por uma ideia minha, do Julio, que é o analista de desempenho, e do Guilherme, o assistente. A gente começou a entender o que é o futebol feminino no Brasil. Encontramos 150 equipes dentro dos estaduais de cada Estado. Foram 19 competições estaduais no ano passado. É bastante coisa e isso nos chamou atenção. Então começamos a pensar em fazer por região e a planejar. A ideia foi aprovada e temos que aproveitar da melhor maneira possível”, contou a técnica, em entrevista à CBF.
Legado para o futebol feminino
Para além dos novos talentos, no entanto, Emily destaca o objetivo do projeto de ir mais adiante. Com o novo sistema de observação, com base no armazenamento de dados, pretende deixar um legado para o futebol feminino no país. “Acredito que a gente consiga avaliar muitas meninas dentro dessas convocações de observação. E será uma avaliação que vai criar um banco de dados dentro do sistema de observação na CBF. Então, se nós sairmos da Seleção Brasileira, todas essas 26 atletas que foram convocadas dessa vez já estarão dentro do sistema de observação. E o próximo treinador ou treinadora que chegar já vai ter todo o histórico da atleta. Esse é o nosso objetivo: deixar também um legado para que o futebol feminino no país cresça, não somente com a Seleção Brasileira”, explicou.
Na última semana, entre 6 e 10 de fevereiro, a primeira das convocações. Foram observadas 26 jogadoras provenientes das regiões Sul e Sudeste durante um período de cinco dias de treinos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). Em agosto, incluindo Pernambuco, estarão Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Em outubro, entram Piauí, Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até, finalmente, em novembro, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e Rondônia terem sua oportunidade.