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FEMININO

Jogadoras que deixaram o estado seguem na disputa do Brasileiro feminino da Série A1

Thaís, zagueiro o Iranduba-AM, e Bárbara, goleira do Kindermann-SC, deixaram Pernambuco em busca de reconhecimento no futebol

postado em 14/06/2017 18:09 / atualizado em 15/06/2017 09:07

CBF/Divulgação
Duas pernambucanas. Dois destinos. A zagueira do Iranduba, Thais Regina da Silva, e a goleira Bárbara Michelini, do Kindermann, já vestiram a camisa de clubes em Pernambuco e hoje trilham um caminho fora do estado, buscando  maior reconhecimento do seu futebol. Com os clubes de Pernambuco, Sport e Vitória, já eliminados, elas serão as representantes do estado nas quartas de final do Brasileiro feminino, que começam nesta quinta-feira, às 15h. Com o Iranduba, equipe do Amazonas que terminou a primeira fase em segundo lugar geral, Thais vai enfrentar o Flamengo, no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), no Rio de Janeiro. Bárbara voltará às pressas do amistoso da Seleção Brasileira com a Islândia para chegar a tempo de estar em campo na partida diante do Rio Preto-SP, no estádio Carlos Alberto Costa Neves, em Santa Catarina.

O novo lar de Thais, em Manaus, trouxe para a garota de 18 anos a chance de ter uma maior valorização profissional. Apesar do estado do Amazonas não ser um destino dos mais comuns no masculino, por outro lado, o futebol feminino vem crescendo no lugar, sendo representado pelo Iranduba no Brasileiro. Longe dos pais e amigos, a uma distância de 4.653,7 quilômetros, a zagueira não deixou que isso a abalasse. Deu adeus aos times da sua terra - aqui defendeu Sport e Vitória - e escolheu vestir a camisa do time amazonense. Sendo quatro vezes convocada para jogar nas categorias de base da Seleção Brasileira feminina, Thais demonstrou certa tristeza em suas palavras, quando comentou sobre a desvalorização do futebol feminino em Pernambuco.

Segundo a atleta, a ausência de estrutura e as promessas não cumpridas dos dirigentes foram pontos cruciais para sua decisão de deixar a sua cidade natal. "É muito diferente. Aqui, a gente não precisa se preocupar em tirar dinheiro do nosso salário para pagar as passagens para os treinos, por exemplo. Eles oferecem um ônibus de ida e volta. Além disso, temos acompanhamento médico e quatro locais para treinamento: na Arena de Manaus, estádio Colina, estádio Zamith e no 3D (Centro de Treinamento cedido através de parceria com o clube)", explicou a zagueira.

Para Thais, o único time em Pernambuco que possui condições para quem deseja seguir carreira no futebol feminino é o Sport. Contudo, a jogadora enfatiza uma melhor forma de tratamento do esporte na Região Norte. "Só o Sport se destaca para mim como a melhor equipe pernambucana, principalmente para quem quer ter oportunidade. Eu saí do Recife porque queria ter novas experiências e jogar fora do estado. Não é dizendo que o futebol pernambucano não tem credibilidade, mas mesmo estando em Manaus, o futebol feminino aqui é mais querido e também possui mais visibilidade", comentou a camisa quatro.


TORCIDA
Arquibancadas vazias. Essa sempre foi uma decepção de Thais quando jogava no Recife. Em 2012, a zagueira foi para o Sport. Após dois anos, jogou no Vitória de Santo Antão. No Corintians de Caicó-RN, permaneceu por um ano. Retornou em 2016 para o Tricolor das Tabocas e ficou até dezembro. Em todas as atuações nas equipes nordestinas, não sentia o apoio da torcida. Em janeiro deste ano, integrou a equipe do Iranduba. Os seis meses com as amazonenses mostraram para Thais como as pessoas de Manaus gostam do futebol feminino. Algo que encheu de esperança e orgulho a zagueira. "Foi algo muito especial. Senti uma diferença danada. As pessoas vão para o campo, vestem a camisa e gritam o nosso nome. Eles conhecem a gente. Isso é muito bacana. Aqui a gente tem mais esse calor da torcida. Era muito triste quando eu jogava em Recife e poucas pessoas saíam de suas casas para ver a gente. É uma triste realidade", contou Thais Regina.


ADMIRAÇÃO
Satisfeita com sua nova vida em Manaus e jogando no Iranduba, a zagueira não esconde sua admiração pelo Sport. Thais não descarta da possibilidade de, um dia, voltar a defender o clube. "Acho que deveria ter mais investimento, principalmente na parte financeira. Tratar o feminino de maneira mais profissional. Para mim, o Sport continua sendo o único clube que faz esse tipo de aposta no feminino. Tenho respeito pelo clube. Se um dia tiver a chance, dependendo da proposta oferecida, posso voltar para o Sport", comentou Thais.