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Retrospectiva 2019: confira os momentos mais curiosos do futebol pernambucano no ano

O Superesportes selecionou oito fatos inusitados do futebol estadual em 2019

postado em 26/12/2019 07:30 / atualizado em 26/12/2019 13:59

(Foto: Paulo Paiva/DP Foto)
É comum ouvir nas resenhas de mesa de bar que o futebol pernambucano é o mais animado do Brasil. Essa frase não é celebrada à toa. Com a tradição de sempre trazer muitas peculiaridades ao longo das temporadas, os times do estado, em especial, do Trio de Ferro da capital, protagonizaram diversos momentos curiosos em 2019. 

Desde atacantes que não sabem fazer gol até mascotes atômicos, passando por treinador de futebol que foi atleta de vôlei e chegando a rivais que dividiram premiação, o ano que se encerra será mais um daqueles lembrados por diversas polêmicas e histórias bastante curiosas.

Mas nem só de fatos relacionados aos times viverá esta retrospectiva. 2019 também será lembrado por diversos momentos de “sincerícidio” de dirigentes da Federação Pernambucana de Futebol, órgão máximo responsável pelo futebol do estado. 

Acordo do Milhão

Em fevereiro, Santa Cruz e Náutico se encontraram para disputar uma vaga na terceira fase da Copa do Brasil. Primeiro clássico pernambucano na história da competição, o jogo gerou uma grande aura de expectativa devido ao grande valor que seria destinado ao time que triunfasse: R$ 1,45 milhão. A partida foi realizada no Arruda e o Tricolor levou a melhor nos pênaltis após os rivais empatarem por 1 a 1 nos 90 minutos. 

No entanto, a história deste jogo não acabaria por aí. No dia seguinte, em reportagem do Superesportes, foi revelado acordo entre os clubes para que ninguém saísse no prejuízo com a derrota. O vencedor (Santa Cruz) levou 60% do prêmio, algo avaliado em R$ 870 mil, enquanto o derrotado (Náutico) teve um incremento de renda de R$ 580 mil. 

O atacante que não conhece o gol

Contratado com o aval do então técnico coral, Leston Júnior para compor o elenco do Santa Cruz nas disputas do Campeonato Pernambucano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Série C, o atacante Jô revelou, em sua primeira entrevista coletiva, sentir de dificuldades na principal função para um atleta da sua posição: marcar gols. 

“Sempre trabalhei isso (de fazer gols), mas é aquela coisa: estou sempre trabalhando. Todos os lugares que vou a direção cobra, eu treino, mas infelizmente chego em frente ao gol e acabo sempre errando.”

Isso ficou provado em sua passagem pelo Arruda. Em 14 aparições com a camisa coral, o jogador marcou apenas duas vezes, uma média baixa para a posição, mas que foi bastante representativa na sua carreira, uma vez que, antes do Tricolor do Arruda, o atleta vinha de um ano inteiro sem balançar as redes. Apesar disso, ele acabou dispensado em junho e, posteriormente, foi contratado pelo Pelotas, onde marcou dois gols em 13 oportunidades. 

Supergêmeos do Sport

Após a eleição do presidente Milton Bivar foi instituído um colegiado de diretores para gerir o futebol do Sport. Nomes como Francisco Brennand Guerra, Wanderson Lacerda, Júlio Neto e Nelo Campos surgiram como os homens responsáveis para formar o time que viria a conquistar o acesso no final de 2019. 

Com o início de temporada ruim, a diretoria rubro-negra acabou sacando o técnico Milton Cruz e contratando Guto Ferreira. Já na apresentação do novo comandante, um fato curioso chamou a atenção dos repórteres presentes, que foi a semelhança física entre o “Gordiola” e o diretor Nelo Campos, algo que foi tema recorrente ao longo de toda a temporada. 

Uma cortada na Série B

Contratado para conduzir o Sport ao acesso para a Série A, o técnico Guto Ferreira foi figurinha carimbada dos noticiários esportivos em 2019. Em outubro, o treinador concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes, onde contou que, apesar de já comandar equipes de futebol em Piracicaba - sua cidade natal -, quase se tornou jogador profissional em outra modalidade esportiva: o futebol. A trajetória como jogador de voleibol foi uma alternativa ao futuro com a bola nos pés, pois não passava pela cabeça do jovem Augusto Sérgio largar a família para tentar o sucesso.

CT Ninho das Cobras: fonte de orgulho

Se em 2018, a comissão patrimonial do Santa Cruz se valeu da comercialização de diversos produtos, como bolo de rolo, canecas, cerveja artesanal e até bandejas de ovos, para a construção do primeiro campo do Centro de Treinamento Presidente Rodolfo Aguiar, popularmente conhecido como Ninho das Cobras, para a construção do segundo gramado não seria diferente. 

Em setembro de 2019, o Superesportes visitou as instalações do CT Ninho das Cobras e descobriu que o clube se preparava para empreender em um novo setor de vendas para obter recursos para as construções do empreendimento coral. Tratava-se de uma fonte de água mineral descoberta no terreno tricolor. A água, que já estava sendo usada para irrigar o gramado, era alvo da diretoria patrimonial do clube, que se preparava para articular a venda de parte dos recursos hídricos obtidos com a fonte. 

Timbu de Chernobyl

Ao longo da campanha da Série C, o Náutico resolveu reformular seu tradicional mascote. Se os alvirrubros estavam acostumados com o simpático Zequinha, a partir de agosto de 2019, os torcedores passaram a ver um Timbu reformulado. Com um rosto menos receptivo e postura mais “invocada”, o novo mascote logo caiu nas graças da torcida e gerando diversos memes. 

O Timbu de Chernobyl, como ficou conhecido, fez tanto sucesso entre os torcedores do Náutico que acabou se tornando notícia em portais a nível nacional, como o Lance e a GaúchaZH, e ganhando alcance internacionalmente, sendo divulgado no jornal Olé. 

O mascote deu sorte, pois desde sua chegada o Náutico emendou uma arrancada em casa com diversas vitórias, que lhe garantiram o seu primeiro título nacional, ao vencer a Série C 2019. 

Carlinhos Bala, o timbu 

Carlinhos Bala é um jogador que desperta múltiplas emoções nos três times do Trio de Ferro. Homônimo, o timbu do administrador de empresas Diego Ferreira também pode ser um elo entre Santa Cruz, Náutico e Sport. 

Com um dono rubro-negro, o animal que é mascote alvirrubro, tem o nome de um ídolo coral chegou a vida de Diego pelas mãos de uma amiga que o salvou quando ele seria atacado pelo seu cachorro. Ao ver o filhote, ela logo pensou nele, que tinha a vontade de ter um timbu desde que conheceu Mia Grey, através de uma matéria do Curiosamente, página do Facebook extinta que pertencia ao Diario de Pernambuco. 

Agora, Diego toma conta do filhote e revela o desejo de tê-lo como companhia em partidas na Ilha do Retiro. “Quando ele crescer, vou levar para a Ilha do Retiro sim, com roupa e tudo. Ele agora é muito fujão, nunca ia ficar calmo. Quando eu chegar no estádio, eu não sei do que vão achar, mas a galera vai rir, eu acho”. 

Open bar de sinceridade na FPF

Dirigentes da Federação Pernambucana de Futebol protagonizaram dois dos momentos mais polêmicos da temporada 2019. E, em ambos, o excesso de sinceridade foi determinante para declarações que desagradaram as torcidas de Santa Cruz e Náutico, respectivamente. 

Ao longo da Série C, o gramado do Arruda foi, constantemente, alvo de críticas dos adversários e, até mesmo, dos jogadores e comissão técnica coral. Antes do primeiro clássico diante do Náutico pela competição, em junho, mesmo com pedido para mudança de local da partida, a FPF confirmou a partida no reduto tricolor, uma vez que não houve indicação da CBF para a mudança. Porém, o que causou furor da torcida do Mais Querido foi uma frase do diretor de competições da Federação Pernambucana, Murilo Falcão, que disse que o piso não seria o ideal para divisões superiores, mas que estaria tudo bem para um jogo de Série C. 

“Não dá para dizer que o gramado está 100%. Não é uma qualidade boa para a disputa de uma Série A ou Série B. Mas levando em consideração que estamos jogando uma Série C o campo dá para jogar. Já encontramos estádios com dificuldade muito maiores.”

Ainda ao longo da primeira fase da Série C, no último jogo da classificatória, o Santa Cruz precisava de uma vitória sobre o Náutico e mais uma combinação de resultados para se manter na briga pelo acesso. Enquanto isso, o Timbu, já classificado, tinha a chance de vencer a partida em casa e afundar o rival (o que acabou acontecendo, uma vez que os alvirrubros venceram a partida por 3 a 1). Na ocasião, o presidente da FPF afirmou que estava na torcida pelos tricolores, o que deixou muitos torcedores do Náutico chateados. 

"Sou Santa Cruz desde criancinha. Vou vestir a camisa, pegar a bandeira e ir para o meio da torcida", declarou. E para completar, o cartola ainda colocou o Sport no meio da polêmica, quando comparou o nível dos clubes, colocando o Leão acima dos rivais. 

“O defeito do Sport foi ter ficado grande com o Santa Cruz e Náutico pequenos. Caso Santa Cruz e Náutico estivessem no mesmo patamar do Sport nos últimos dez anos, nenhum dos três teria saído da Série A. O problema é que o Sport cresceu assustadoramente, e isso cria um sentimento megalomaníaco e uma condição de autovalorização muito prejudicial. Santa Cruz e Náutico ficaram muito distantes e isso criou um desequilíbrio enorme no nosso futebol. Você só é grande junto de um grande.”