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Com estilo conciliador, Gustavo Ventura tem missão de buscar apoio para o Náutico

Vice assumirá clube pelos próximos 30 dias, com licença do presidente Glauber

postado em 07/04/2015 09:36 / atualizado em 07/04/2015 09:37

João de Andrade Neto /Superesportes

Roberto Ramos/DP/D.A Press
De maneira inesperada, coube ao vice-presidente Gustavo Ventura a responsabilidade de tocar a preparação para o início da Série B. O dirigente ficará a frente do Timbu pelos próximos 30 dias devido a licença médica do presidente Glauber Vasconcelos. E dentro desse planejamento está o de tentar aparar (ou minimizar) as arestas entre as correntes políticas do clube. Nessa segunda-feira, em sua primeira entrevista como presidente interino, Ventura fez o que Glauber não conseguiu em um ano e quatro meses. Reconhecer erros da gestão (mesmo sem expor quais) e assumir que pedirá apoio de pessoas que hoje estão fora do clube. Discurso que justifica o perfil de conciliador apontado até mesmo por membros da oposição. 

"O que eu posso dizer nesse momento é que temos que trabalhar. Assumir os erros e procurar corrigi-los. Não cabe agora nominar esses erros. Temos que avaliar esses equívocos internamente. Além disso vamos buscar ampliar o apoio de pessoas que julgo que possam contribuir. Não é porque estou no cargo da presidência que eu me sinto mais inteligente que outras pessoas. O momento é de angariar forças", afirmou Ventura.

Vale ressaltar que o vice-presidente vinha atuando como uma espécie de ponte entre o executivo e o Conselho Deliberativo do clube, que tem boa base dos seus membros ligados ao grupo de oposição encabeçado pelos ex-presidentes André Campos, Ricardo Valois e Sérgio Aquino. Nesse período, inclusive, Ventura se aproximou do presidente do Conselho, Eduardo Turton, ligado ao grupo opositor. 

Assim, o primeiro passo para uma maior aproximação entre as alas políticas pode ter sido dado. Mas a caminhada para um entendimento ainda é longa. Até porque, segundo o próprio Ventura, a sua missão é conduzir o Náutico durante os próximos 30 dias e depois devolver o comando a Glauber.

No entanto, por mais que o discurso oficial pregue o retorno do presidente, não está descartada a possibilidade da ausência se prolongar por mais alguns meses. Ou até o fim do mandato. Não só por pressão interna e externa à gestão. Glauber deverá ser julgado no Tribunal de Justiça Desportivas pelas acusações feitas a organização do Estadual após a eliminação precoce contra o Salgueiro em ação movida pela própria Federação Pernambucana. Assim, a depender do artigo que for enquadrado, poderá pegar um gancho de até 180 dias, o que inviabilizaria o retorno antes do término da gestão.

Além disso, há outro nó a ser desatado para uma possível aproximação política. Esse talvez mais difícil. A desvinculação de Ventura com membros do MTA, o que por sua vez poderia soar como traição por parte dos seus atuais aliados. "Os questionamentos não são pessoais e sim contra um grupo que agrediu pessoas com serviços prestados. Não é porque Glauber saiu que está tudo certo", afirmou André Campos, que, ao mesmo tempo, também reconheceu. "Se formos chamados para conversar, iremos. O diálogo fica muito mais fácil com Gustavo Ventura. O que não significa aproximação".