Náutico

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Superesportes listou a série de erros cometidos pelo Náutico no ano, que culminaram na queda

Falhas vão desde o setor financeiro e político, à má administração do futebol

postado em 11/11/2017 19:00 / atualizado em 11/11/2017 20:09

Ricardo Fernandes/DP
Após 19 anos, o Náutico voltou a ser rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro. E assim como a registrada em 1998, a queda alvirrubra veio após dois anos seguidos em que o clube bateu na trave pelo acesso à Série A. Em 1996 e 1997, acabou a Série B na terceira colocação, quando apenas os dois primeiros eram promovidos. Já em 2015 e 2016 fechou na quinta posição, a uma do G4. Porém, o atual rebaixamento também teve marcas próprias. E o Superesportes enumera aqui os principais erros da temporada. Que fazem a queda timbu ser, acima de tudo, merecida.

Irresponsabilidade financeira

Rafael Brasileiro/DP
Após o trauma da derrota para o Oeste, na última rodada da Série B do ano passado, a diretoria do Náutico optou por reformular o elenco para 2017. Porém, isso não significou uma readequação financeira, mesmo com algumas antecipações de receitas feitas no final do ano passado. Assim, foi montado um elenco com uma folha salarial de R$ 1,2 milhão para a disputa do Campeonato Pernambucano, Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Que não demorou para se mostrar impagável. Assim, além de eliminações precoces nas três competições (o que impediu o ganho de cotas de televisão), o clube se viu, logo nos primeiros meses do ano, com problemas de salários atrasados, caos financeiro e ameaça de greve dos jogadores.

A eterna crise política

Nando Chiappetta/DP//Ricardo Fernandes/DP//Nando Chiappetta/DP/D.A Press
O ano de 2017 foi mais um corroído pela intensa briga política que vem fragilizando o Náutico nas últimas temporadas. O resultado final disso foi algo inédito na história do clube, que teve três presidentes ao longo do ano. Em agosto, alegando ter recebido ameaças pessoais, Ivan Brondi, ídolo do clube como jogador nos anos 60, pediu renúncia. Com isso, assumiu o presidente do conselho deliberativo, Gustavo Ventura, do grupo político opositor e que ficou menos de dois meses no cargo antes de sair alegando questões profissionais. Assim, o vice do conselho, Ivan Pinto da Rocha vai encerrar o ano a frente do clube. Paralelamente a isso, três diretorias diferentes comandaram o futebol do clube. Impossível dar certo.

A aposta errada em Waldemar Lemos

Ricardo Fernandes/DP
Após os fracassos na Copa do Brasil, Campeonato Pernambucano e Copa do Nordeste, a diretoria de futebol do Náutico (a segunda do ano), promoveu uma readequação financeira do elenco. Assim,a folha salarial caiu para cerca de R$ 420 mil. O que acarretou também em queda técnica do time. A começar pelo escolhido para remontar o elenco. Com uma passagem de sucesso pelo clube em 2011 (conseguiu o acesso à Série A), mas vindo de trabalhos em clubes de pouca expressão, o técnico Waldemar Lemos iniciou a Série B. E não conseguiu uma vitória sequer, amargando cinco derrotas e três empates. Pífios 12,5 % de aproveitamento. Déficit de pontos que o clube não conseguiu sanar.

Rodízio de técnico e de jogadores

Mandy Oliver/Esp.DP//Ricardo Fernandes/DP//Ricardo Fernandes/DP//Roberto Ramos/DP//Ricardo Fernandes/DP
Porém, Waldemar Lemos foi apenas um dos cinco treinadores que o Náutico teve na temporada, que começou com Dado Cavalcanti, demitido ainda em fevereiro após apenas sete jogos (duas vitórias, um empate e quatro derrotas). Para o seu lugar foi contratado Milton Cruz, que comandou o time em 12 partidas, somando cinco vitórias, quatro empates e três derrotas. Mas apesar do aproveitamento de 52,7% (o melhor do clube em 2017)  acabou sendo vítima da contenção de gastos. Já na série B, o Náutico, após Waldemar Lemos, trouxe Beto Campos, campeão gaúcho pelo Novo Hamburgo. Mas que após cinco derrotas, três empates e apenas uma derrota, também não resistiu.

Assim, já na virada do turno, Roberto Fernandes veio como a última tentativa de um milagre. E apesar do melhorar o desempenho do time, com seis vitórias, dois empates e oito derrotas (41,6% de rendimento), não conseguiu salvar o clube da queda, como havia feito nas suas três passagens anteriores. A alta rotatividade não se limitou aos técnicos. Ao longo do ano, 36 jogadores foram contratados (mais de três times), sendo 22 deles apenas na Série B.

O afastamento da torcida

Paulo Paiva/DP/D.A Press
Mais uma vez a relação entre a torcida do Náutico e a Arena de Pernambuco foi fria. Somando todas as competições, a média de público do clube na temporada foi de pífios 2.968 pagantes (sem contar o jogo deste sábado, contra o Londrina). Na Série B, o afastamento se manteve, com média de 2.774 torcedores. Para se ter uma ideia, o maior público do Náutico na competição ocorreu na derrota para o Internacional por 1 a 0, em Caruaru, a 136 quilômetros do Recife, com 11.579 pagantes. 

Já na Arena, excetuando-se o clássico contra o Santa Cruz, que levou a maior parte dos torcedores, a maior presença de alvirrubros na Arena nesta Série B foi no empate com o Juventude, com míseros 3.407 pagantes. Não por acaso, o Náutico também figurou nas últimas colocações na média de público da competição, a frente apenas de Oeste, América-MG, Luverdense e Boa Esporte. Em 2018, com a promessa da volta aos Aflitos, a expectativa é de um resgate da ligação entre clube e torcida.