Náutico

CLÁSSICO DAS EMOÇÕES

Após quase seis anos de espera, Náutico e Santa Cruz voltam a se enfrentar nos Aflitos

Última partida entre os rivais ocorreu em 2013 e foi marcada pelo polêmico regulamento que previa cartões como critério de desempate

postado em 08/02/2019 09:00 / atualizado em 08/02/2019 10:38

Paulo Paiva/DP
Após um longo hiato de cinco anos, nove meses e 12 dias, Náutico e Santa Cruz voltam a se enfrentar em um clássico disputado nos Aflitos. O último ocorreu no dia 28 de abril de 2013, pela partida de volta das semifinais do Campeonato Pernambucano, em um jogo que ficou marcado pelo regulamento que previa entre os critérios de desempates o número de cartões amarelos e até mesmo um sorteio. Com direito a Federação Pernambucana de Futebol levar para o vestiário dos árbitros um globo de bingo que seria usado em caso de empate em todos os critérios. E que durante boa parte da partida ficou muito perto de ser utilizado.

Pelas regras do Estadual daquele ano, caso cada equipe vencesse uma das partidas pelo mesmo resultado, o primeiro critério para se apontar o finalista seria a questão disciplinar, avançado o time com o menos número de cartões vermelhos e amarelos. E após o atacante Élton (atualmente no Sport) abrir o placar para os alvirrubros logo aos 15 minutos do primeiro tempo, igualando o resultado obtido pelos tricolores no confronto de ida, no Arruda (1 a 0), as atenções dos 15.013 torcedores no estádio passaram a se voltar especialmente para o árbitro Gilberto Castro Júnior.

Cada cartão mostrado era comemorado quase como um gol pela torcida adversária. Porém, com uma responsabilidade incomum sobre os seus ombros, o árbitro procurou ao máximo manter a igualdade entre tricolores e alvirrubros. Se um jogador coral recebia um amarelo, não demorava muito para um atleta timbu também ser advertido. E assim, com direito a uma forte chuva nos Aflitos, o destino dois dois clubes se encaminhava para o sorteio, minuto após minuto.

Até que aos 30 do segundo tempo, o meia Renatinho foi derrubado na área e Gilberto Castro Júnior marcou pênalti a favor do Santa Cruz. O artilheiro Dênis Marques foi para a cobrança e não deu chances ao goleiro Felipe, empatando a partida e finalmente pondo fim ao esdrúxulo critério dos cartões. Coincidência ou não, até aquele momento, haviam sido mostrados cinco cartões amarelos (três para o Náutico e dois para o Santa). Depois do gol, em pouco mais de 15 minutos, o árbitro distribuíu mais seis (dois para o Náutico e quatro para o Santa). 

Aos 39, Élton, também de pênalti, voltou a colocar o Timbu na frente do placar. Mas os alvirrubros não tiveram mais forças para marcarem o terceiro gol, que seria o da classificação. No fim, festa tricolor nos Aflitos, mesmo perdendo o jogo e sem depender da sorte. Na decisão contra o Sport, o Santa se sagraria tricampeão pernambucano. 

Ficha do jogo

Náutico 2
Felipe; Maranhão, Luís Eduardo, Alison e Douglas Santos; Elicarlos, Rodrigo Souto (Marcos Vinícius), Martinez (Dadá) e Jones Carioca (Vinícius Pacheco), Rogério e Élton. Técnico: Silas.

Santa Cruz 1
Tiago Cardoso; Everton Sena, Renan, William Alves e Tiago Costa (Nininho); Anderson Pedra, Raul, Luciano Sorriso (Sandro Manoel) e Renatinho; Jeferson Maranhão (Flávio Caça Rato) e Dênis Marques. Técnico: Marcelo Martelotti,

Árbitro: Gilberto Castro Júnior
Assistentes: Elan Vieira e Francisco Chaves
Gols: Élton, aos 15 min do 1º e aos 39 do 2º, e Dênis Marques, aos 33 min do 2º
Cartões amarelos: Martinez, Jones Carioca, Luís Eduardo, Alison e Rogério (N); William Alves, Tiago Costa, Dênis Marques, Tiago Cardoso, Renan e Nininho (SC)
Público: 15.013.  
 
 

Desde então...

O Náutico
Foi rebaixado ainda em 2013 para a Série B como lanterna do Campeonato Brasileiro, com apenas 20 pontos, a segunda pior campanha da história dos pontos corridos.

Passou a disputar seus jogos na Arena de Pernambuco, em uma relação que foi se desgastando com o passar dos anos e que terminou com a quebra de contrato, que previa 30 anos de parceria. No final de 2018, o clube enfim retornou aos Aflitos.

Após disputar quatro anos a Série B, terminando em 5º lugar por duas temporadas consecutivas e ficar a uma posição do acesso, acabou rebaixado como lanterna para a Série C em 2017, divisão onde está até hoje.

No ano passado, após 13 temporadas, finalmente voltou a ser campeão pernambucano, colocando ponto final no maior jejum do clube.

O Santa Cruz
Se tornou tricampeão ainda em 2013. Depois conquistaria mais dois estaduais (2015 e 2016) e a Copa do Nordeste de 2016.

Também em 2013 conseguiu o acesso à Série B, após patinar por seis anos nas Séries C e D. Em 2015 ainda conseguiria retornar a Série A. Porém, a passagem na elite foi rápida, sendo rebaixado já no ano seguinte. Em 2017, voltou a cair para a Série C, divisão onde se encontra atualmente.

Três jogadores que defenderam o Santa naquela partida se transferiram para o Náutico na sequência. Ainda em 2013, o zagueiro William Alves. No ano passado, o ídolo Tiago Cardoso e por fim, durante a Série C de 2018, o lateral esquerdo Tiago Costa. Nenhum conseguiu destaque no rival. Isso sem contar com o técnico Marcelo Martelotte, que ainda em 2013 dirigiu Sport e Náutico.

Campeão pernambucano como jogador naquele ano, o ex-meia Luciano Sorriso é atualmente o executivo de futebol do clube.
Paulo Paiva/DP