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VIOLÊNCIA

O novo uniforme: organizadas driblam proibição com camisa pedindo paz e espalham violência

Proibidas, facções de Sport e Santa Cruz encontraram novo modo de se aglomerarem

postado em 07/04/2015 08:30 / atualizado em 07/04/2015 08:31

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Reprodução/TV Clube
Tem sido recorrente. Embora proibidas de frequentar estádios de futebol desde o dia 20 de fevereiro de 2013 - por decisão do Juizado Especial do Torcedor (Jetep) -, Fanáutico, Inferno Coral e Torcida Jovem ainda se fazem presentes às partidas realizadas em Pernambuco. Desrespeitam o Poder Judiciário e escancaram a fragilidade de todo o poder público, incapaz de fazer valer a decisão judicial. De forma disfarçada, é verdade, porém estão sempre lá. Seja onde for e “pro que der e vier”, como diz faixa de uma destas organizadas. No último domingo, no Clássico das Multidões, Jovem e Inferno estiveram na Ilha do Retiro. Trajando camisetas que estampavam a mensagem “paz”, seus membros deixavam o rastro da violência por onde passavam. O escárnio que ninguém pode dizer que não era esperado. A violência sob o nome da paz.

“Na reunião que tive com os comandantes da Polícia Militar, deixei claro que independentemente do uso ou não de camisas, os torcedores que se manifestassem em aglomeração e fizessem referência às torcidas, entoando cânticos ou hinos de guerra, por exemplo, deveriam ser enquadradas de acordo com a determinação judicial.” A declaração é do juiz José Raimundo Costa, responsável pela proibição das organizadas.

A frase é de abril de 2013, dada após distúrbios entre Inferno e Jovem, em clássico no Arruda. Como se vê, portanto, passam-se os anos e os palcos se alternam, mas os tumultos seguem atormentado a sociedade. Apesar de tudo, a Polícia Militar assegura que “a medida continua em vigor e está sendo respeitada”, conforme declaração do capitão Júlio Aragão, assessor de imprensa PM/PE, ao Superesportes. De acordo com o oficial, “a PM executa o que está determinado. Toda e qualquer manifestação da torcida organizada tem sido reprimida pela polícia”, afirma.

Paulo Paiva/DP/D.A Press

Ao longo da última semana, as duas torcidas comercializaram as tais camisetas da “paz” em suas redes sociais. Questionado se a polícia não podia ter feito algo, uma vez que fica evidente o descumprimento da decisão, o oficial foi lacônico. “Não cabe à Polícia Militar fazer essa compreensão.”

Sport x Bahia
Às 22h desta quarta-feira, o Sport recebe o Bahia, pela partida de ida da semifinal da Copa do Nordeste. A principal organizada do tricolor baiano, a Bamor, é coligada com a Inferno Coral. Apesar deste detalhe e do potencial encontro das organizadas que se confrontaram no domingo, a Polícia Militar não deve adotar qualquer medida excepcional.

“O planejamento operacional continua o mesmo. O planejamento vai ser mantido. Os pontos de ontem (domingo) que puderem ser observados e serem melhorados, vão ser melhorados. Mas a gente não vai trabalhar com nenhuma correlação. Vamos fazer o planejamento de acordo com a importância do jogo e o grau de participação de torcedores”, afirmou.

Diario de Pernambuco