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De férias no Recife, Joelinton fala da experiência no Hoffenheim e diz seguir tudo do Sport

Atacante de 19 anos já ganhou 4 quilos desde que chegou à Alemanha há seis meses

postado em 23/12/2015 16:13 / atualizado em 23/12/2015 20:22

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Daniel Leal/DP
Foram apenas os seis primeiros meses da vida na Europa. Tempo ínfimo frente à tamanha quantidade de informações. Embora ainda se adaptando à língua local, o atacante Joelinton está feliz na nova casa. Cria das divisões de base do Sport e negociado com o Hoffenheim em uma transação envolvendo R$ 7,79 milhões (uma das maiores da história do clube), o atleta de 19 anos voltou ao Recife pela primeira vez desde que deixou Pernambuco. De férias, relatou um pouco da experiência vivida à reportagem do Superesportes. E, mesmo de tão distante, afirmou que nunca não deixou de acompanhar o Leão.

De longe, o maior obstáculo relatado por Joelinton na Alemanha foi o idioma. Para tentar superar a barreira, o atleta tem feito aulas particulares. Pelo menos do guten morgen (bom dia) e do danke (obrigado), o atacante já saiu. No clube, apenas Kevin Kurányi (brasileiro naturalizado alemão) fala português. Não é à toa que Joelinton se aproximou mais dele e do craque do time, o chileno Vargas. “Ele fala um pouco de português e já ajuda”, afirmou o atacante, que conta com um tradutor no Hoffenheim.

Há poucas semanas, tirou a carteira de motorista. Independência maior para sair da cidade onde vive, a pequena Sinsheim (35 mil habitantes) para Hoffenheim (cerca de 4 mil habitantes) ou Zuzenhausen (2 mil habitantes), onde fica o CT do clube. “A cidade que eu moro é pequeninnha, do tamanho de Aliança (cidade natal do atleta). Não tem nada para fazer. Só foco no treino. É de casa para o clube, do clube para casa”, disse.

Em seis meses, já ganhou quatro quilos de massa muscular: pulou de 78 para 82 quilos. Preparando-se bem, a meta de Joelinton é jogar mais em 2016. O contrato dele no Hoffenheim vai até junho de 2020.

 

Enfim, a estreia
O início da carreira na Alemanha para Joelinton não tem sido dos mais fáceis. A rotina de treinos e do frio na cidade foi quebrada com o que ele mais esperava fazer: jogar. O atleta pouca chances teve com o técnico holandês Huub Stevens. Ficou pela primeira vez no banco de reservas na primeira parte da competição, contra o Hannover 96. Não entrou.

“Eu até teria ido para o banco primeiramente contra o Borussia Dortmund. Lá só ficam 18 atletas no banco, comigo eram 19. Eu já estava no vestiário, quando o treinador me tirou. Estava ansioso, doido para jogar”, lamentou.

A chance veio logo em seguida. Ficou no banco contra o Hannover 96 e, no jogo seguinte, fez a tão aguardada estreia contra o Schalke 04, já nos acréscimos da partida. “Estava aquecendo, sentindo que ia entrar e nada dele chamar. O time perdendo já, eu querendo fazer o gol e no finalzinho ele me chamou. Já valeu a pena”, comemorou.

“Eu queria entrar há tempos, sentia que estava treinando bem, fazendo gols. Estava bem comigo, o time mal na classificação e nunca a oportunidade chegava. Mas o técnico conversava comigo sempre. Pedia paciência, para dar o tempo para mim mesmo, para eu não ficar me cobrando, que sabia que era difícil quando vinha do Brasil para a Europa. Ele já trabalhou com outros brasileiros e sul-americanos e disse que confiava em mim e que a minha hora iria chegar”, acrescentou.

Pressão

Após a 8ª posição na Bundesliga 2014/2015, o Hoffenheim vem mal na edição atual do campeonato nacional. Está na lanterna. Apesar da má fase, Joelinton vê um tipo de cobrança diferente no novo clube. “Pressão tem, mas é mais interna. Fora, a torcida lá não é como aqui no Brasil. Lá, os torcedores vão, lotam o estádio, cantam, mas a pressão não é como aqui, onde os caras vão no CT, batem… Lá não tem isso. É todo mundo tranquilo, se encontra você diz apenas ‘vamos ganhar…’, mas chegar com agressividade, fazer protesto não tem”, disse.

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Entrevista com Joelinton, atacante de 19 anos, do Hoffenheim

O que tem sido mais difícil para você: ao idioma ou a distância da família?

O mais complicado é a língua. Estar em um lugar onde você não consegue falar nem se comunicar com ninguém é bem complicado. A família tem a saudade, mas vai levando… Já havia saído de casa há quatro anos (de Aliança para o Recife) para ir jogar no Sport e já estava acostumado. A pessoa sente saudades de todo mundo, claro. Da família, amigos, mas tem que levar.

O que mais mudou em você após essa temporada na Europa?

A cabeça. O pensamento agora é outro. Lá é totalmente diferente daqui. Pessoas novas, tipo de treinamento diferente. Lá fazem muitos passes, quadrado e tem que correr bem mais. Lá os caras gostam de correr. Consegui evoluir bastante minha parte física também e isso foi bom. Passei a me cuidar mais de mim, treinando na academia. Estou me preocupando mais com o meu corpo.

Reprodução/Instagram
E a estrutura do Hoffenheim?
Lá a estrutura é ótima. Tem tudo o que você pode imaginar de mais moderno.

E a língua, como você está fazendo para se virar?
Lá tem o tradutor. É um brasileiro que trabalha lá no clube. Ele traduz para a gente. Já mora lá há 28 anos e traduz tudo. Também fora do clube quando precisa, ele sempre ajuda. Também estou fazendo aula particular, faço duas vezes por semana. A professora via lá em casa.

Qual a tua impressão da Bundesliga?

É um campeonato bom, bem diferente daqui. Lá é muita correria, muita força. Aqui é mais cadenciado, toques… Lá é mais rápido, intensidade, correria e força o tempo todo.

Sobre o 7 a 1 sofrido pela Seleção Brasileira para os alemães na Copa do Mundo, alguém fala alguma coisa?

Não falam muito. Só conversando com os meninos alemães mais novos que falam às vezes. Dizem que acham estranho. Nem eles acreditam no que aconteceu ainda. Brincam, mas pouco.

Tem acompanhado o Sport?

O tempo todo, todos os jogos eu acompanhei pela internet. Sempre estava de lá na torcida. É um clube que eu tenho muito carinho. Matenho contato com os meninos, principalmente com Neto (Moura, com quem jogava desde os tempos da base).

Ano que vem tem convocação para as Olimpíadas. Alguém da CBF chegou a conversar com você?

Chegou um representante da CBF, sim. Ele conversou comigo, mas para eu ir para a Seleção agora é difícil. Eu não estava jogando… Ele disse que eu tinha que jogar, porque só treino é diferente. Mas disse que estava me observando e tudo iria depender de mim. Se jogasse, poderia quem sabe ter oportunidade. Apesar que agora já está em cima, não sei se vai ter convocações. Se eu tivesse jogado mais…

Talvez se tivesse ficado mais no Sport…

Mas não me arrependo, não. Era o momento, eu queria sair mesmo. Não sei se eu fiz a coisa certa, mas estou feliz.

Por estar jogando pouco, há a possibilidade de você ser negociado para outro clube?

Tem a possibilidade, sim. Meu empresário falou comigo que iria conversar com os dirigentes e o treinador para saber se eu teria mais chances e o que eles acham… Se vou ter mais oportunidade. Se disserem que não, que vai demorar para eu jogar, aí eles vão querer me emprestar. Porque ficar mais seis meses parado é muito ruim. Seria por lá na Europa mesmo.