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Desconhecido, poliglota e "nove brigador", Túlio de Melo se apresenta à torcida do Sport

Atacante concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e contou sua trajetória

postado em 23/12/2015 08:00 / atualizado em 23/12/2015 17:31

Pedro Galindo /Especial para o Diario

Reprodução/Instagram
Túlio de Melo chega ao Sport com uma responsabilidade imensa sobre seus ombros: preencher o vácuo deixado por André, que marcou treze gols pelo clube na última edição da Série A. Já seria tarefa árdua para qualquer atacante, mas é ainda mais desafiadora para um atacante pouco conhecido (ao menos, no Brasil) como ele. Nada disso, no entanto, parece tirar a tranquilidade do novo reforço rubro-negro.

Experiente, ele vê com naturalidade a desconfiança que o cerca. E justamente para se apresentar melhor à torcida rubro-negra, ele atendeu à reportagem do Superesportes pelo telefone e contou sobre sua trajetória de onze anos no futebol profissional - do início no Atlético-MG aos últimos meses na Chapecoense, onde foi apresentado ao público nacional. Confira a entrevista:

Você chega ao Sport como sendo desconhecido de boa parte da torcida. Como encara essa “desconfiança”?
Acho normal. Joguei 11 temporadas na Europa. Toda minha careira foi feita lá. Quem não acompanha campeonatos europeus não tem como saber mesmo. Fui ser um pouquinho mais conhecido agora por esse período na Chapecoense.

Então faça uma rápida apresentação à torcida do Sport: qual o seu estilo de jogo?
O que eu tenho a dizer do meu estilo de jogo é que sou homem de área, finalizador, um “nove” brigador. Estou ali para a última bola.

O jogo aéreo é o seu ponto forte?
É uma grande característica do meu jogo. Tenho uma estatura boa e uma boa impulsão, tempo de bola.

Qual a sua expectativa no Sport?
Estou fechado com o clube. As minhas metas são as metas do clube. Pelo que eu estou sentindo das conversas, acho que vai buscar Libertadores. O time ficou em sexto (na Série A). Acho que é natural um time ambicioso e com projeto importante sempre querer se superar. Acho que essa é a mentalidade do Sport. Foi até um fator que me ajudou a escolher o Sport de imediato.

Em sua passagem no Le Mans, da França, você atuou junto com Grafite. Chegou a entrar em contato com ele? Pediu referências do time, da cidade…
A minha relação com Grafite é bem estreita. É um irmão que eu tenho no futebol. Mas não entrei em contato com ele antes. E também acho que o Sport não precisa de referência de uma pessoa. Só tenho boas referências do Sport, da cidade, e da torcida também. Mas conversei com ele depois de ter acertado com o Sport.

 

E qual a sua relação com Serginho, volante que também foi contratado pelo Sport?

Eu não cheguei a jogar com o Serginho. Mas sou amigo dele, sim. A gente se conheceu no período em que eu fiquei fazendo um tratamento no Atlético-MG.

 

Antes de chegar à França, você atuou na Dinamarca. Aprendeu a falar dinamarquês?
Falo. Fiquei lá um ano, tinha uma professora e aprendi bem o idioma. Depois de cinco meses lá já me comunicava na língua. Nos anos seguintes, prendi também francês, espanhol, inglês e italiano.

Individualmente, você viveu sua melhor fase no Le Mans?

No Le Mans, tive várias fases boas, teve um período que fiquei fora por lesão, mas creio que deixei uma boa impressão lá. Sou até hoje o maior artilheiro do time na 1ª divisão (com 24 gols). Ultrapassei o (Didier) Drogba, que foi formado lá.

Reprodução/Instagram


Os maiores títulos de sua carreira foram conquistados no Lille. Qual o tamanho desses títulos na história do clube?
Lá é diferente do Brasil. Aqui tem oito times com discurso de ser campeão. Lá, são dois. Hoje, é o PSG e depois os outros. Mas todo time tem consciência de suas limitações. Time que tem sete, oito vezes a capacidade financeira do outro, vai ter um plantel de mais qualidade para jogar as competições. E isso faz toda a diferença. Mas foi um ano brilhante do nosso time. Acabamos sendo campeões. Eles (os torcedores) chamam de "geração doublé" (em tradução livre, "geração dobradinha"), que acho que vai permanecer na historia do Lille por longos anos.

Pouca gente sabe que você teve uma passagem pelo Santa Cruz, em 2004. Como foi?

Tem que falar mesmo dessa passagem? (risos) Aposto que a maioria das pessoas nem sabe. Não recebi (dinheiro) até hoje. O que valeu para mim foi a experiência.

Mas como acabou vindo jogar aqui, no Recife?
Estava próximo de ter uma oportunidade no profissional do Atlético-MG. O treinador, na época, era Marcelo Oliveira. Ele saiu e vi que a oportunidade no profissional tinha ficado bem distante. Eu não tinha nenhuma passagem pelo profissional e era algo que o clube queria. Então fui emprestado ao Santa Cruz para jogar o final do Campeonato Pernambucano. Tinha 18, 19 anos. Foi minha primeira experiência num time profissional. Foi um período curto, mas deu pra eu ver o quanto a cidade é boa e o povo pernambucano é acolhedor.
Reprodução/Instagram


Entre os atletas com quem você atuou na Europa, quem é o melhor?
Hazard, sem dúvida. Joguei com ele quatro temporadas. Vi ele subindo da base, vi a evolução dele, desde o início. Já dava pra ver que ele era diferente.

Por que você decidiu voltar ao Brasil?
Eu não esperava voltar. Tinha propostas da Europa para continuar lá, da Ásia… Tinha mercado em vários lugares. Mas tinha uma situação pessoal do filho mais velho que estava sentindo muito a minha falta. De repente, apareceram alguns times do Brasil com propostas, todos da parte de baixo da tabela. E eu fiz a escolha de ir para a Chape porque só tinha boas referências de lá. E fico muito feliz de ter escolhido a Chape. Foi um período muito bom, que eu vou lembrar sempre.