Presidente explica a renovação de cotas com a TV Globo e revela suspensão da Arena do Sport

Em um almoço com jornalistas na tarde desta terça-feira, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, realizou um pequeno balanço dos seus últimos meses de administração e, principalmente, falou sobre projeções para o clube nos últimos meses de sua gestão, que se encerra em dezembro. E entre os assuntos principais, em uma conversa de quase três horas, o mandatário rubro-negro explicou detalhes sobre a negociação para a renovação das cotas com a Rede Globo (até 2020) e sobre o atual estágio de negociação para construção da Arena do Sport, cada vez mais distante de sair do papel. De acordo com a previsão do próprio Martorelli, a espera por um novo investidor deve ser "de cinco a dez anos". Tanto que já pensa em uma ampla reforma na Ilha do Retiro. Confira, na íntegra, o que o presidente falou sobre esses dois assuntos.

O contrato do Sport com a TV Globo contém uma cláusula de confidencialidade. Por isso eu não posso dar números ou detalhes. Mas posso contar a história para que se possa ficar ciente de tudo. No terceiro trimestre do ano passado, entre outubro e novembro, fomos procurados pelo Esporte Interativo. E eles se mostraram interessados em comprar do Sport a cota da tevê fechada para 2019 e 2020, porque o atual contrato com a Globo vai até 2018. Eu disse que ouviria a proposta, só que eles demoraram um pouco e a gente só voltou a se reunir no dia 21 de dezembro, no Rio de Janeiro. Foram oito clubes e eles fizeram a proposta de comprar a TV fechada por um valor que chegava a 10 vezes mais que o valor pago pela Globo. Simultaneamente, a Globo me procurou para fazer uma proposta para renovar os cinco contratos que temos com ela, inclusive o da tevê fechada, para 2019 e 2020, propondo um pagamento de um bônus pela assinatura desse novo contrato. Na reunião com a Esporte Interativo eu disse que tínhamos essa proposta da Globo e eles me disseram que pagavam o mesmo valor do mesmo bônus. Ou seja, eles estavam dispostos a entrar. Porém, era só tevê fechada. Além disso, eles não foram ágeis porque dependiam de uma autorização do Board de Atlanta (o Grupo Turner) para poder fechar o contrato. Já a Globo fazia isso com 48 horas. Então nós resolvemos aceitar a proposta da Globo e renovamos 2019 e 2020 todos os cinco contratos. 

Quando se fala em redução nos valores está se tratando do preço do novo contrato. Se era de 50, por exemplo, não passou para 55. Ele pode ter passado para 45, mas isso não é uma redução e sim um novo contrato. A Globo tem demonstrado uma certa preocuação com a evolução dos números, de assinatura e propaganda. Ela não tem colocado tanto dinheiro como colocava antigamente. Os novos contratos são de valor menor. Porém, o bônus não é adiantamento, é realmente pela assinatura do novo contrato, como uma luva. Não vai ser descontado futuramente. Com ele, o valor passa com sobras a cota anterior. O Sport já recebeu esse bônus. Além disso, não há nenhum tipo de adiantamento. A negociação com a Esporte Interativo era apenas para a TV fechada. E como ficava os outros contratos? As negociações poderiam ser separadas, mas imagina se eu fecho a Esporte Interativo e lá na frente se a proposta da Globo fosse melhor para os outros contratos? A prudência recomenda que se feche tudo. 

Uma das metas do nosso planejamento estratégico é diminuir a contribuição da receita da TV no orçamento do Sport de 55% para 35%, com o aumento do número de sócios e de patrocínios por exemplo. Nós temos outras fontes de receitas que precisam melhorar. O nosso planejamento é que, em 2020, o Sport trabalhe com uma receita líquida de no mínimo R$ 100 milhões. Se chegarmos a essa receita teremos condições de brigar efetivamente pelas primeiras colocações no Brasileiro. Isso não significa, porém, que se desenvolvermos bem a competição, tendo um bom treinador e com boas contratações a gente possa disputar já a partir de agora essas primeiras colocações, como fizemos no ano passado.

A Arena é um sonho do Sport. Nós pretendemos fazer essa Arena, mas temos encontrado dificuldades para encontrar um novo investidor. Tentamos diversos investidores brasileiros, do sistema financeiro e bancário, e depois de esgotadas todas as possibilidades no mercado nacional nós fomos ao exterior e identificamos parceiros que se interessaram pelo projeto. Tanto na França, quanto na Holanda. O investidor francês aprovou o projeto e levou ao Board do grupo para ter autorização para começar. Mas esse Board disse que o projeto era bom, mas o Brasil não oferecia segurança jurídica para um investimento desse, no porte de R$ 2 bilhões. Eles não descartaram, mas não confirmaram nem deram prazo para se manifestar novamente. Eu acredito que, enquanto persistir a situação econônica, financeira e sobretudo política do país, que gera muita insegurança política, a gente vai ter muito problema. Esse grupo é um dos maiores do mundo. Eles têm concessionária de estradas, contrução civil, imobiliárias, além de cinco estádios na França e três espalhados pelo mundo, um na Arábia Saudita, outro na China e outro na África do Sul. Já a negociação com o grupo holandês foi conduzida com o embaixador da Holanda e ele disse que traria uma resposta do interesse desse grupo até 31 de dezembro. Ele identificou um investidor muito interessado, mas esse investidor disse que diante da possibilidade de um possível rompimento de contrato do Governo do Estado com a Arena Pernambuco ele preferia primeiro analisar essa oportunidade e só depois ele analisaria a do Sport. Hoje nós estamos sem nenhum investidor na mão. E é muito pouco provável, na minha avaliação, que entre os próximos cinco ou dez anos tenhamos algum investidor interessado na questão da Arena do Sport.

 

 

Diante desse cenário, nós estamos trabalhando para fazer um levantamento do patrimônio que temos na Ilha. Já existe um estudo de aproveitamento daquelas áreas e de uma eventual reforma no estádio para que a gente possa trazer alguma melhoria para o torcedor e para o sócio. Estamos fazendo um estudo de aproveitamento econômico para uma viabilidade técnica e financeira de uma eventual reforma da Ilha.