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Doação, amizade e abertura em negociações: Sport reencontra Chape após tragédia

Equipes se enfrentam nesta quinta, na Arena; fora de campo, elas mantêm relação estreita, que envolveu ajuda em dinheiro do Leão ao clube catarinense

postado em 12/07/2017 08:42 / atualizado em 12/07/2017 08:47

Paulo Paiva/DP
Sport e Chapecoense estreitaram laços depois da tragédia aérea que vitimou a delegação catarinense, em novembro de 2016. Assim que aconteceu a queda do avião da Chape na viagem para a final da Copa Sul-Americana, para além das protocolares homenagens, a direção rubro-negra ofertou a clube a doação da uma renda de bilheteria no Brasileirão. Foi um dos poucos times do Brasil a contribuir financeiramente para o soerguimento do Verdão do Oeste. A receptividade estabelecida entre as duas diretorias permitiu transferências de atletas da Ilha do Retiro para a Arena Condá neste ano. Nesta quinta-feira, as equipes se enfrentam na Arena de Pernambuco, pela Série A.

Ainda sob a gestão do presidente João Humberto Martorelli, três dias após a tragédia o Sport anunciou que doaria todo o valor arrecadado de ingressos da última rodada daquele Brasileiro, na Ilha do Retiro, para as famílias das vítimas e reconstrução da Chape. O Rubro-negro cedeu todo o valor bruto obtido em partida contra o Figueirense, quando garantiu sua permanência na elite ao vencer por 2 a 0. Na ocasião, R$ 96.840. No geral, isso correspondeu a 3,2% das doações recebidas pela Chapecoense.

Em contato com a reportagem do Superesportes, o diretor-executivo da Chapecoense, Rui Costa, voltou a agradecer a postura do Leão. “Naquele momento da doação da renda, o Sport foi um dos primeiros a fazer um gesto concreto. Isso foi muito importante para nós”, pontuou o gestor.

Fora o Leão, o Palmeiras também se envolveu diretamente na causa por meio de um amistoso, marcando a volta dos catarinenses aos gramados, já em janeiro de 2017. De acordo com balanço do clube de Chapecó, a maior colaboração foi do Jogo da Amizade, entre Brasil e Colômbia, com R$ 1 milhão, ou 35,2% dos quase R$ 3 milhões recebidos em doações. O Sport não encerrou a seu amparo com dinheiro. Também ofereceu a Ilha do Retiro para ser velado o corpo uma das vítimas da tragédia: o ex-meia rubro-negro Cléber Santana, prata da casa e que mantinha forte vínculo com as cores vermelha e preta.


Negociações

Este ano, o Sport liberou três jogadores para a Chape. As negociações, claro, não deixaram de envolver os interesses econômicos de ambas as partes. Mas a ida de peças para a Arena Condá mostrou a abertura entre as duas diretorias. “As negociações entre os clubes são normais. Não há nenhum tipo de vantagem ou desvantagem. Estamos tratando as coisas de forma profissional”, falou Rui Costa, sem deixar de salientar, no entanto, o caminho livre que tem com os diretores leoninos, a começar pelo Executivo Alexandre Faria. “Alexandre é um amigo. Eu, naquela época, cheguei a falar com alguns diretores do Sport e a nossa relação é muito boa. Somos clubes irmãos.”

No início da temporada, o Sport cedeu de forma definitiva ao time de Santa Catarina o atacante Túlio de Melo. Como em qualquer trato comercial, o Leão não quis ter prejuízo com ele. O empréstimo do centroavante até o fim da temporada, até onde se estende o seu contrato no Rubro-negro, renderá uma economia milionária referente a salários. Ainda assim, a direção pernambucana paga ainda parte das remunerações do jogador.

Desde o fim do mês passado, a Chapecoense voltou a recorrer ao Sport para reforçar o seu elenco. Sem espaço com o treinador Vanderlei Luxemburgo, o meia Marquinhos e o atacante Leandro Pereira foram liberados para o Verdão sem a imposição de dificuldades por parte dos leoninos. Romperam contratos com o Rubro-negro e foram respectivamente emprestados a Chape pelo Internacional e Club Brugge, da Bélgica.