Sport

SPORT

Presidente do Sport vê discurso desgastado de Luxa, não desiste da 'Sula' e avalia gestão

Arnaldo Barros acredita que precisava criar um fato novo para fugir de queda

postado em 27/10/2017 12:14 / atualizado em 27/10/2017 15:20

Paulo Paiva/ DP
O presidente do Sport, Arnaldo Barros, pronunciou-se pela primeira vez após a demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo. Nas palavras, o gestor avaliou um desgaste no discurso do agora ex-treinador do clube e reconheceu falhas na execução do planejamento, mas não citou quais. O mandatário também garantiu que o time não desistirá da Copa Sul-Americana e tentará reverter a derrota de 2 a 0 para o Junior Barranquilla, na próxima semana. Por fim, evitou planejar o futuro do comando da equipe na próxima temporada. Confira a entrevista completa abaixo.

Existe arrependimento em contratar Luxemburgo?

Se analisar o  trabalho do treinador em poucas palavras é muito difícil e você está fadado a cometer injustiças. O que posso dizer rapidamente é que não estou arrependido de contratar Luxemburgo. Acho ele um excelente profissional, com uma capacidade e experiência inquestionáveis. Acho que ele comprou o projeto do Sport e se dedicou muito durante todo esse período. Em certo momento, o time reagiu. Houve uma reação e chegamos a estar em quinto lugar na tabela. Depois, gradativamente, o discurso foi se desgastando como se diz no futebol. Na verdade é isso mesmo que acontece. 

Nós enfrentamos muitas dificuldades que não podem ser atribuídas exclusivamente ao treinador, mas que influenciaram decisivamente na performance do time. No momento, o desgaste desse discurso e a falta de uma  resposta de uma melhoria de performance dentro de campo foi que nos levou a fazer a troca. Isso é uma coisa que relutamos. Procuramos preservar o máximo a integridade do grupo. Mas chega, realmente, uma hora que a coisa fica fora do limite aceitável em termos de performance. Então, nós precisamos fazer alguma coisa para criar um fato novo. Fazer alguma alteração para proporcionar alguma melhora e é isso que estamos fazendo.

Qual a parcela de culpa da diretoria do Sport neste momento do time?

A parcela de culpa da diretoria no momento do clube não é uma coisa simples de se responder, mas, evidentemente, que, se a coisa não está andando bem e que nós somos diretores para fazer a coisa acontecer e ela não acontece, a responsabilidade é toda nossa. Todos os diretores e presidente são responsáveis pela performance insatisfatória que o time está apresentando. Isso não quer dizer que não se tenha trabalhado. Nós trabalhamos bastante, investimos bastante. Nós trouxemos peças que, no início, eram absolutamente incontestáveis. Peças que foram aplaudidas pela imprensa, pela torcida. Trouxemos um treinador que agradava a maior parte da torcida. 

Houve falha de planejamento?

A coisa andou durante boa parte do tempo. Chegamos a ser quinto colocados. Era o mesmo plantel. Era a mesma diretoria. Era a mesma comissão técnica e todos aplaudiam. Então, eu não posso dizer que a responsabilidade negativa caia sobre as costas da diretoria ou caia sobre as costas da comissão técnica ou da equipe. Nós enfrentamos uma série de fatores. Nós abordamos isso. Excesso de jogos, as questões de logística. Uma série de coisas fizeram com que chegassem a acontecer como nós queríamos efetivamente que tivesse acontecido. 

Paulo Paiva/ DP
Também no que diz a respeito de planejamento, eu não acredito que houve falha de planejamento. As falhas que ocorreram foram na eventual execução do planejamento. Isso aí sim.  Mas o que se planejou está certo.  Nós planejamos ter título do Pernambucano, ter título da Copa do Nordeste, planejamos ir além na Copa do Brasil, planejamos ir além na Copa Sul-Americana, planejamos conseguir uma vaga na Copa Libertadores pelo Campeonato Brasileiro. Quer dizer, o planejamento foi correto. As falhas que ocorreram foi no meio do caminho. Não se pode confundir planejamento com execução.

Por que a mudança no comando só veio na reta final da Série A?

A responsabilidade de quem dirige um clube da dimensão e da tradição do Sport é muito grande. E o futebol, evidentemente, é o carro chefe. Então, nós não podemos estar trocando o comando ou fazermos mudanças abruptas a torto e a direito. Nós precisamos  dar oportunidade ao profissional para que ele desenvolva o seu trabalho e, até mesmo, corrija eventuais erros. 

Então, num caso desse em que estamos disputando duas competições importantíssimas como a Série A e a Sul-Americana, nós precisávamos ir à exaustão com o comando técnico. Nós precisávamos fazer com que experimentássemos o máximo possível da tolerância para que a coisa desse certo e sempre trabalhando e apoiando para que pudéssemos corrigir as falhas. Nós tivemos que ir ao limite para termos a consciência de que fizemos tudo que era o possível para que aquilo desse certo. 

Chega um determinado momento que o discurso, realmente, fica desgastado e que a situação se mostra irreversível naquelas condições e aí nós temos que optar pela troca. Mas não podemos fazer isso açodadamente.  Nós temos que ir à exaustão. 

O Sport pensa em mudar a política de contratação de técnicos de nome e pode formar um dentro do clube? Daniel Paulista pode ser esse nome?

O momento não é oportuno para tratar desse tema. O momento é de agora lamber as feridas, juntar os cacos e continuar lutando para que nós possamos nos mantermos na Série A, quem saber conseguirmos alguma coisa melhor. Mas, primeiramente, nós temos que nos manter na Série A. Então, o momento não é de cogitarmos nomes. Não é de analisar perfil de A, B ou C para aproveitamento imediato. Essa é uma reflexão que vamos fazer oportunamente. 

Gustavo Dubeux praticamente jogou a toalha na Sul-Americana e colocou a Série A como prioridade. Isso significa que o Sport vai mandar um time reserva para a Colômbia?

Eu escutei a entrevista do vice-presidente Gustavo Dubeux e não tive essa compreensão de que o Sport jogou a toalha. Apenas Gustavo reconheceu a superioridade do time que jogou com o Sport ontem. E se mostrou extremamente organizado, bem equilibrado, com uma defesa segura, meio-campo ágil e atacante velozes e habilidosos. Então, Gustavo fez um reconhecimento e uma homenagem ao adversário que venceu com méritos dentro da Ilha do Retiro. Mas nós não entregamos a competição. Nós não desistimos. Nós vamos lutar até o último instante. Nós rubro-negros temos essa característica de lutar até o último instante por qualquer possibilidade que tenhamos dentro das competições. E assim será feito.