Sport

SPORT

Leite de pedra no Botafogo, estilos, estudos e recomeço: como Jair Ventura chega ao Sport

Veja principais pontos da carreira e o que esperar do novo técnico leonino

postado em 25/08/2020 07:40 / atualizado em 25/08/2020 08:03

(Foto: Agência Corinthians)
Novo técnico do Sport, o jovem Jair Ventura, de 42 anos, tem um início de carreira irregular, mas ainda promissor. Foi muito bem enquanto debutante no Botafogo, mas deixou a desejar quando deu um passo a mais, comandando Santos e Corinthians, respectivamente, ficando ausente do mercado desde o fim de 2018. Diante disso, o Diario de Pernambuco traz uma análise acerca dos trabalhos do treinador, a fim de apresentá-lo um pouco melhor ao torcedor rubro-negro.

Jair Ventura, inclusive, já chega no Recife nesta terça-feira e estará à tarde, no CT, na reapresentação do elenco leonino, para comandar o primeiro treino visando o confronto diante do Coritiba, neste domingo, às 16h, no estádio Couto Pereira, pela quinta rodada da Série A. Sem mais delongas, confira abaixo uma linha do tempo da carreira do treinador.

Início no Botafogo, onde tirou ‘leite de pedra’

Auxiliar técnico com mais de oito anos de casa, Jair Ventura foi alçado ao posto de comandante da equipe profissional em agosto de 2016 após a saída de Ricardo Gomes para o São Paulo. Ali, na 20ª rodada da Série A, o Botafogo era 17º lugar, com 20 pontos. Sob o comando do jovem treinador, no entanto, ascendeu abruptamente e terminou a competição em 5º lugar com 59 pontos.

Classificado à libertadores, fez ótima campanha em 2017, vencendo duas pré-libertadores e indo até as quartas de final, onde caiu para o Grêmio - que acabaria campeão - por 1 a 0 no placar agregado. Na Série A do mesmo ano, outro bom campeonato, onde brigou na libertadores até as últimas rodadas, mas sofreu um jejum de vitórias na reta final e ficou de fora.

À frente do Botafogo, montou um time estritamente reativo, que marcava nas tradicionais duas linhas de quatro compactas, em bloco baixo, praticamente em um terço do campo de defesa. Quando o adversário passava do círculo central, pressão para roubar e sair em velocidade, acionando os pontas e a definição rápida da jogada. Além disso, fez vário jogadores renderem acima da média histórica da carreira, como Camilo, Bruno Silva Rodrigo Pimpão e Rodrigo Lindoso, além de ter ressurgido o futebol de atletas como Aírton, Roger e Dudu Cearense.

Por ter alavancado o desempenho individual e coletivo da equipe carioca, Jair Ventura foi apontado por muitos como um técnico que tirou ‘leito de pedra’, ou seja, extraiu o máximo que pôde no Botafogo. Após um ano e quatro meses, no fim de 2017, deixou o clube por opção própria e assinou com o Santos. No total, 93 partidas, sendo 42 vitórias, 20 empates e 31 derrotas, totalizando 53% de aproveitamento.

Passagem sem sucesso no futebol paulista

O Santos, porém, seria um dos dois clubes de São Paulo que Jair Ventura comandaria em 2018. Na Vila Belmiro, não conseguiu repetir os mesmos resultados e desempenhos da época do Botafogo e acabou demitido ainda no primeiro semestre após 39 partidas. Mas não ficou muito tempo desempregado: acertou com o Corinthians em setembro onde foi ainda mais aquém e durou apenas 19 jogos.

Em comum no insucesso dos dois trabalhos, a dificuldade de fazer o time jogar mais com a bola e achar espaços para ser propositivo quando preciso - algo que não era necessário no Botafogo. No Santos, apresentou 14 vitórias, 10 empates e 15 derrotas, para um aproveitamento geral de 44%. Já no Corinthians, teve quatro vitórias, seis empates e nove derrotas, obtendo um aproveitamento de 30%.

Ano sabático e estudos 

Em 2019, optou por não trabalhar para aproveitar o período com a filha recém-nascida, além de ter feito vários cursos da CBF e participado de palestras - ambos os temas preponderam a conta no Instagram do treinador - a fim de se especializar ainda mais na carreira.

Desafio e chance de recomeço no Sport

A ideia de Jair Ventura era voltar a trabalhar no primeiro semestre, mas a pandemia atrapalhou os planos. No Sport, por sua vez, terá a chance de recomeçar a carreira após passagens discretas por São Paulo e se reinserir fortemente no mercado. À frente do clube, porém, terá um grande desafio. Em mãos, um time que sucumbiu na primeira fase do Estadual, da Copa do Brasil e foi eliminado nas quartas do Regional, além de ter começado mal a Série A (quatro pontos em cinco jogos e já na zona de rebaixamento).

A principal expectativa reside no fato de que o técnico repita algo que fez no Botafogo, isto é, consiga extrair o máximo das peças individual e coletivamente, tornando o time mais competitivo - o Sport, por exemplo, em 27 jogos no ano até aqui, não conseguiu virar nenhum que saiu perdendo e fez mais de um gol na mesma partida somente em cinco oportunidades - e atuando de forma mais cautelosa, reativa. 

Algo, aliás, que o próprio Leão também deu algumas mostras de ser capaz este ano, restando ajustes e maior refinamento: as principais partidas em 2020 foram jogando desta forma, com a marcação baixa, menos posse e contra-atacando em velocidade, diante de Fortaleza e Ceará (Série A).