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Discreto, querido pela torcida e pai de família: a história de Bria no Sport e em Pernambuco

No Recife, jogador criou sete filhos e era um dos mais queridos pelos leoninos

postado em 21/03/2015 17:05 / atualizado em 21/03/2015 20:38

Brenno Costa /Diario de Pernambuco , Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Arquivo/DP/D.A Press
A voz de Maria de Lourdes de Melo ainda é firme. Aos 84 anos, fala com segurança sobre aquele com quem viveu “52 anos de felicidade”. “Ele cresceu no Sport. Tinha uma paixão muito grande”, diz. A condição com que profere as palavras se assemelha com a postura vista pelos que acompanharam a longa trajetória de Bria no Rubro-negro. Ele é tratado como uma referência defensiva. Aquele que dava tranquilidade aos companheiros. Não à toa, foram 14 anos de entrega ao clube. Tem uma vida encarnada em vermelho e preto. Na centenária história do Leão da Praça da Bandeira, foi destaque. Não porque gostava de aparecer. Pelo contrário. Discreto, construiu sua fama dentro de campo com a raça e lealdade ao clube que tanto a torcida leonina aprecia.

Nascido em 12 de maio de 1928, em Santo Amaro, na Bahia, Cosme Rodrigues de Melo veio conhecer e desenvolver sua técnica no futebol quando era adolescente. Estudante da Escola Técnica Agro-Vidal de Negreiros em seu estado de origem, foi lá que deu os primeiros chutes sonhando com uma carreira dentro das quatros linhas. Sequer, porém, participou da categoria de base de um clube. Seu primeiro contrato profissional foi com o time que o destino lhe reservou uma relação intensa: o Sport.

No Recife, Bria assinou o primeiro acordo em 1949. Só saiu do clube em 1963. Nesses longos 14 anos, conseguiu sete títulos pernambucanos pelo Leão da Ilha (1949, 1953, 1955, 1956, 1958, 1961 e 1962). Foi convocado para Seleção Pernambucana e fez quarto partidas. Ainda integrou o elenco da Cacareco, que, com jogadores apenas do estado, representou o Brasil no Campeonato Sul-Americano Extra de 1959, a atual Copa América. Em campo, dividiu a maior parte das atuações como zagueiro central e lateral direito.

Enraizado no clube, a esposa de Bria lembra que ele se negou e também foi impedido de deixar o Sport por várias vezes. “Ele teve convites para sair para Portugal e França, mas graças a Deus ficou aqui. A nossa vida estava aqui”, afirma Maria de Lourdes. Foi no Recife que Bria faleceu em 2005, ano do centenário do Leão, vítima de uma parada cardíaca.

Roberto Ramos/DP/D.A Press

Amizades e família
Durante sua longa trajetória no futebol pernambucano, fez amigos e construiu uma família. Gerou sete filhos. Considerado como uma pessoa reservada e, ao mesmo tempo simpática, só guarda boas lembranças de quem teve a chance de o conhecer. “Ele jogava bem, marcava e lutava muito. Além disso, era muito educado. Era um cara 100%. A amizade minha e de Bria é desde que cheguei no Sport”, afirma o ex-volante Zé Maria, que esteve com o colega durante toda a sua trajetória no Leão da Ilha e dividia o quarto na concentração. Depois, os dois rumaram para o América-PE e, em 1964, encerraram a carreira.

Em casa, a presença de Bria, que faleceu em 2005 de uma parada cardíaca, ainda se faz presente na memória dos filhos e esposa. “Ele foi um marido e um pai fabuloso. Era muito apegado as duas filhas e aos cinco filhos. Todo mundo tem muita saudade dele por aqui”, finaliza Maria de Lourdes, com alegria em cada palavra citada.

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Bria no Diario de Pernambuco
Na edição do dia 27 de março de 1957, às vésperas de uma excursão para a Europa, Bria foi personagem de uma matéria do Diario de Pernambuco. O texto escrito por Carlos Mariz descreve o atleta como um “rapaz muito alegre. Por ser muito reservado, deixa-se de apresentar muitos fatos da sua vida”. A matéria relata a grande admiração da torcida rubro-negra pelo defensor e revela seus gostos fora de campo. Era fã da cantora Angela Maria, adorava feijoada e dizia que a família era o que tinha de mais preciosos no mundo.

A origem do apelido
O historiador Carlos Celso Cordeiro lembra como foi que Cosme virou Bria no Recife. “O nome dele era Cosme, mas chamavam de Bria porque ele era bem preto mesmo que chegava a brilhar. E o matuto falava: ‘olha como ele chega Bria’ e o nome dele ficou assim”, diz.

Números no Sport
562 jogos registrados
7 títulos pernambucanos
2 gols registrados
14 anos no Sport
1,78 metro
69 quilos
39 era o número da chuteira

Arquivo/DP/D.A Press