O LEÃO DOS LEÕES

A muralha por trás de Magrão

Desde a adolescência, Marilu divide os bons e maus momentos com o goleiro do Leão

postado em 20/04/2015 09:05 / atualizado em 20/04/2015 17:12

Daniel Leal /Diario de Pernambuco , Brenno Costa /Diario de Pernambuco

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Vizinha, amiga, primeiro amor, namorada, esposa. Mãe, torcedora, empresária, assessora de imprensa, protetora. Desde sempre, Marilu aprendeu a ser Magrão Futebol Clube. Companheira, dividiu com Alessandro - como o chama até hoje - os péssimos e ótimos momentos da vida. Sofreu, sorriu, chorou. Perdeu, ganhou, vibrou. Com o futebol, com a vida. Tudo desde cedo. “Começamos a namorar, ele estava com 14 para 15 anos de idade. Foi tudo muito precoce. Com 18 anos já estávamos casados e constituindo família”, lembra.

O romance entre Magrão e Marilu começou quando eles ainda eram adolescentes. Vizinhos desde a infância, coube ao goleiro fazer o pedido de namoro. “Eu tinha uns 17 anos quando a convidei para ir a uma pizzaria. Fomos eu e um amigo, que já namorava uma vizinha, e ela. Foi à noite, em Carapicuíba. Eu me lembro bem desse dia. Foi lá que a pedi em namoro”, conta o goleiro. “Mas a história já era longa…”, admite Magrão. O casamento para valer, porém, só veio em 2003, quando o casal já tinha os três filhos.

Os dois, portanto, já haviam passado por inúmeras dificuldades. “Sofremos muito. Foi uma luta muito grande por um longo tempo”, conta. “Já havia uma sobrecarga de ter o futebol como profissão para sustentar a família e nem tudo foram flores nessa caminhada”, ressalta Marilu.

Além das dificuldades inerentes ao início de carreira, Marilu confessa que existia uma certa rivalidade com o futebol nos primeiros anos. “Alessandro sempre gostou muito de futebol. O nosso programa de fim de semana era assistir jogo. O futebol era o meu rival, sempre tinha os jogos e ele sempre assistiu. E até hoje é assim”, revela. “Enquanto ele só treinava no Nacional, ainda ia em todos os jogos do Corinthians. Detestava o Corinthians e até hoje eu não gosto porque criou uma rivalidade, de eu querer namorar e ter o time no caminho. A final de 2008 (Copa do Brasil) teve um sabor ainda mais especial por isso”, lembra, com bom humor, Marilu.

A maior vitória
Com Magrão, Marilu aprendeu a perseverar e a vencer. E com ele ao seu lado, conseguiu a maior vitória da sua vida. No ano passado, ela descobriu um câncer de mama. Passou por um longo tratamento e superou a doença. Passado um ano do susto, os olhos de Magrão ainda se enchem de lágrimas ao falar sobre o assunto. “Foi o momento mais difícil da minha carreira”, relembra o goleiro, que, estimulado pela própria esposa jogou a final da Copa do Nordeste contra o Ceará, enquanto ela entrava na sala de cirurgia.

Apaixonado pela mulher com quem está há casado há 20 anos, Magrão sentiu o baque. “Momentos antes da partida, cheguei até a chorar no vestiário. Mas quando entrei em campo, fiz o meu melhor para ela. Sabia que ela iria estar bem e que a minha vitória seria a dela também, ela ficaria feliz. Foi o jogo da minha maior doação no Sport”, revela. O final acabou sendo triplamente feliz.

O Leão venceu o jogo contra o Vozão. Magrão não sofreu gols. E o melhor: a operação de Marilu foi um sucesso. E, meses depois, ela estaria curada. “Foi um período de crescimento. Ficamos assustados. Mas Magrão é uma pessoa extraordinária. Eu mesma pedi para que ele jogasse. Eduardo (Baptista) foi maravilhoso, liberou ele do jogo, mas foi um pedido meu”, recordou-se Marilu.

Dedicatória
Tendo Neto Baiano como porta-voz, os rubro-negros dedicaram o título do Nordestão a esposa do goleiro. O gesto não foi em vão. Quem costuma ir às cadeiras da Ilha do Retiro já se acostumou a ver a Marilu torcedora. Sempre nervosa, ansiosa para ver o marido indo bem, passou a amar o Leão por tabela. A força que ela dá nos bastidores a Magrão e, consequentemente ao Sport, certamente nenhum torcedor rubro-negro é capaz de medir.

Tags: 10 anos magrao marilu mulher historia cancer goleiro sport especial