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ESPECIAL

Quem eram Thomas Mazzoni e De Vaney?

Perfil dos jornalistas que cuidaram das estatísticas dos gols marcados por Pelé

postado em 10/06/2015 12:00 / atualizado em 10/06/2015 10:49

João de Andrade Neto /Superesportes

Arquivo da família
Thomaz Mazzoni

Nascido na Itália em 1900 e radicado em São Paulo quando ainda era criança, Tommaso Mazzoni se tornou, entre as décadas de 1920 e 1960, um dos mais conceituados jornalistas esportivos do Brasil, tendo trabalhado na Gazeta Esportiva de 1928 até a sua morte, em janeiro de 1970. Cobriu seis Copas do Mundo entre 1938 e 1966, tendo atuado na primeira já por conta do seu prestígio, também como uma espécie de “conselheiro” da comissão técnica da Seleção Brasileira.

Também acompanhou a carreira de Pelé desde o início. Em 1961, escreveu um dos primeiros livros sobre o jogador, então com apenas 21 anos, intitulado “Eu sou Pelé”. Foi um dos pioneiros em coletar estatísticas referentes ao futebol. “Se houve uma dúvida e se pessoas acreditaram que o gol mil do Pelé foi no Recife, isso se deve a credibilidade do Mazzoni”, afirmou o jornalista Alberto Helena Júnior, que chegou a trabalhar com o editor chefe da Gazeta Esportiva, no início da sua carreira profissional.

 

“Se o Mazzoni pecou, pecou por excesso. Já que ele contava tudo. Você pode até discutir os critérios da estatísticas. Já os números do De Vaney já foram filtrados. Assim, ou você aceita a lista dele ou não. O gol contra o Corinthians existiu. O jogo pode ser desconsiderado para a estatística do Campeonato Paulista. Mas o jogador Pelé fez o gol”
Celso Unzelte, jornalista e pesquisador. Ele não tinha conhecimento do gol anotado por Pelé no jogo-treino da África, mas usa, em suas estatísticas, o anotado na partida cancelada contra o Corinthians

 

Centro da Memória Esportiva de Santos
De Vaney

Carioca radicado em Santos, litoral paulista, Adriano Neiva da Mota e Silva trabalhou por vários anos no jornal A Tribuna de Santos, sendo também bastante respeitado, assim como Mazzoni, por sua dedicação às estatísticas do futebol. Principalmente relacionadas ao Peixe. Com isso, o clube passou a usar seus dados como oficiais, entre eles o número de gols marcados por Pelé, de quem o jornalista acompanhou a carreira desde os primeiros treinos.
Com o passar dos anos, a relação com o Rei se desgastou. Com a recusa de Pelé de disputar a Copa do 1974, De Vaney publicou em 1975 o livro: "A Verdade sobre Pelé: as fantasias, os exageros, o mito e a história de um desertor", que, após duas semanas, teve a sua venda proibida. A carreira do jornalista entrou em declínio depois disso. De Vaney morreu em 1990. Em sua homenagem, a prefeitura de Santos mantém na cidade o Centro de Memória Esportiva Museu De Vaney.

 

 

"A disputa entre o Mazzoni e o De Vaney foi intensa na imprensa e prevaleceu para a CBD (antiga CBF) a lista do De Vaney, que era o responsável pelas estatísticas do Santos. O jogo na África não conta para nós porque foi um jogo-treino, onde o Santos não atuou com o seu padrão oficial. A partida foi realizada para o time fugir da penalidade do Conselho Nacional do Desporto, que obrigava os clubes a respeitarem um intervalo de 72 horas entre um jogo e outro (o Santos havia atuado na véspera em um amistoso contra o um clube da Costa do Marfim). O gol contra o Corinthians também não entra nas nossas estatísticas porque o jogo foi anulado e só teve o primeiro tempo”
Guilherme Guarche, coordenador do centro de memória do Santos.