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Testemunhas do gol 1.000 marcado no Recife

Superesportes falou com torcedor e atleta do Santa que presenciaram gol 1.000 de Pelé

postado em 10/06/2015 12:00 / atualizado em 10/06/2015 10:56

João de Andrade Neto /Superesportes

Brenda Alcântara/DP/D. A Press
João Bosco Carneiro alugou uma Rural Willys e, junto com três amigos, saiu de Gravatá com destino a Ilha do Retiro naquele 12 de novembro de 1969 com um intuito: apesar de tricolor fanático, queria ver o milésimo gol de Pelé diante do seu Santa Cruz. Gena, por outro lado, tinha o objetivo oposto. Na lateral esquerda do time pernambucano, ele garante que, se dependesse dele, a marca seria adiada.

Depois do jogo, João voltou para Gravatá lamentando a derrota por 4 a 0 e a chance desperdiçada de ver Pelé fazer história. Pela contagem adotada pelo clube, eram preciso quatro gols do camisa 10, que fez apenas dois. Gena, por sua vez, teve como consolação o fato de não ter sido coadjuvante da festa do Rei. Porém, 45 anos depois, com a versão do milésimo gol no Recife, os sentimentos e as lembranças de quem viveu aquele dia ganharam novas referências.

Arquivo/DP
"Na época já se falava dessa controvérsia (da contagem dos gols) , mas terminou prevalecendo a versão do gol mil no Maracanã. Assim, Pelé teria que fazer quatro gols no Santa Cruz. Mas mesmo assim todo mundo foi ao jogo para ver Pelé marcar o milésimo. O estádio estava lotado. Eu só conseguia ver metade do campo”, recorda João Bosco, hoje com 67 anos.

“A Gazeta Esportiva era um jornal muito importante na época, mas eu não conhecia essa versão do gol mil aqui no Recife. Fui para aquele jogo para não deixar Pelé marcar. Quero ser lembrado sempre por vitórias e não por derrotas. O Aloísio Linhares (goleiro do Santa, falecido em 2008) não queria tomar nenhum gol”, destacou Gena.

Passado mais de quatro décadas da partida, os dois ainda preferem acreditar na versão oficial do milésimo gol, anotado contra o Vasco, no Maracanã. Mas não deixam de ficar com uma pontinha de dúvida. “Para mim, não muda muita coisa. A história já foi escrita e não vai mudar. Mas fica uma pulga atrás da orelha”, reconhece João Bosco. “Se passar a contar para os meus amigos que estive no jogo do gol mil de Pelé eles vão rir de mim. Mas agora vou ficar na dúvida”, finalizou Gena.

A Gazeta Esportiva em 13/11/1969
“Não interessa que venham agora com ‘gols contra’, com a anulação de um gol que milhares de torcedores viram no Pacaembu e na televisão (o tento marcado contra o Corinthians no jogo que foi anulado). Certos ‘donos da verdade’ nem sequer anotam um gol que o próprio Pelé afirma que marcou. Aquele anotado na África, quando vestiu  a camisa do time adversário. Thomaz Mazzoni sentiu a presença de Pelé como o maior futebolista do mundo. Nós apenas registramos a evolução fantástica desse goleador sem fronteiras. Agora todos fazem reuniões, discursos e planos para a festa. Pois podem começar a festa porque os mil gols foram completados ontem, no Recife.”