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Magrão quebra o silêncio, faz críticas a ex-técnico do Sport, fala sobre reserva, Danilo e futuro

Goleiro manteve postura de ídolo do clube mesmo em um dos seus momentos mais difíceis no clube, quando foi para a reserva: "Não concordei, mas respeitei..."

postado em 10/12/2015 14:11 / atualizado em 10/12/2015 18:39

Daniel Leal /Diario de Pernambuco

Hesiodo Goes/Esp. DP
Foi um ano atípico para Magrão. Ídolo máximo do Sport, apontado por muitos como o maior atleta da história do clube, o goleiro de 38 anos acabou a sua 11ª temporada no Leão como reserva. Justo no ano em que atingiu 571 jogos e se tornou recordista de partidas com a camisa rubro-negra. A luxação no ombro, sofrida no último dia 17 de maio, na 2ª rodada da Série A, contra o Flamengo, mudou os rumos do ano de Magrão. Meses após perder o posto de intocável como titular do Sport, o goleiro esperou o momento que julgou ser o certo para quebrar o silêncio.

Em entrevista ao Superesportes, Magrão não perdeu a postura de ídolo em hora nenhuma. Falou com o coração. Pode-se dizer sem medo: não é daqueles que pensam no que vai dizer a fim de agradar torcedor ou dirigentes. Simplesmente, é natural. Foi assim que não deixou de pontuar suas críticas ao ex-técnico do Sport Eduardo Baptista. O goleiro não escondeu a frustração com a condução do antigo treinador no processo que o tirou do time e admitiu ter ficado chateado.

Em contrapartida, falou com respeito sobre Danilo Fernandes, que acabou ganhando à titularidade da meta leonina enquanto ele ficou por aproximadamente dois meses se recuperando da lesão no ombro. Magrão ainda pontuou sobre a renovação do seu contrato, planos para voltar à titularidade em 2016 e aposentadoria. Abaixo, a entrevista completa.

Você renovou com o Sport mais uma vez. Será a 12ª temporada pelo clube. Aos 38 anos (fará 39 em abril), pode-se dizer que esta será a sua última temporada no Sport?

Essa última aí já faz uns três anos. É a última, é a última… Sei que está próximo. Talvez, sim, seja a minha última. Mas talvez, não. Vai depender muito do momento. Acredito que tenho que me programar, mas vou estar sempre iniciando o ano como um recomeço. E se for para parar mesmo, vai ser na hora assim… Vou decidir próximo.


Mas pela primeira vez você admite que esse pode ser seu último ano, não é?

Não, ano passado também cheguei a falar. Mas é como falei: vai depender muito do momento… Se estiver em um momento legal, tiver ainda condição de estar atuando, de estar ajudando o Sport, aí talvez eu prorrogue um pouco. Mas é cedo para falar. Só posso dizer que estou feliz por mais um ano vestindo a camisa do Sport.

Gostaria que você fizesse um balanço da temporada 2015, que não deixa de ser atípica, que terminou com você como reserva.
Foi um início pessoal bom. Claro que no conjunto o começo não foi tão bom pelas perdas dos títulos. Não conseguimos ser campeões nem do Pernambucano nem da Copa do Nordeste. Mas, pessoalmente, o início para mim estava sendo bom. Até a contusão. Atingi aí a minha marca muito boa (recordista de partidas da história do clube) com a camisa do Sport, mas depois, infelizmente, com a lesão, eu acabei tendo um ano ruim pessoalmente, mas bom em conjunto pelo fato de o Sport ter feito a sua melhor campanha nos Brasileiros por pontos corridos. Feliz por um lado, triste por outro. Mas o futebol é assim. As lesões fazem parte de qualquer jogador e a minha infelizmente aconteceu em um momento em que eu queria estar ajudando o Sport no Brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, tranquilo em saber que é algo que acontece com todos os jogadores.

Quando você estava em tratamento, Eduardo Baptista afirmava que você tinha cadeira cativa no time. Volta certa. Você como ídolo do clube, sentiu-se de alguma forma frustrado com aquela situação e por não ter voltado ao time?
Senti. Achei que ele poderia ter falado… O posicionamento dele de me colocar ou não era normal. Não concordei, mas eu respeitei a posição dele. Mas acho que Eduardo errou na maneira de não ter falado antes… Na condução do processo. Ele chegou a falar que eu ia voltar, mas depois ele foi adiando, adiando… Primeiro uma partida, depois mais outra e deixou adiar umas três oportunidades. Até que ele falou que ia dar sequência ao Danilo mesmo. Mas foi uma opção dele, não concordei, mas respeitei até mesmo porque sou profissional. Naquele momento, se eu falasse ou fizesse algum alarde, iria estar desrespeitando meus companheiros, os demais do grupo e não é da minha índole fazer isso. Estou ali para ajudar, acima de tudo, o clube. O que vale não é o individual e, sim, o clube que eu defendo.

Hesiodo Goes/Esp. DP
Você ficou chateado com Eduardo?
Fiquei. Fiquei com Eduardo, com as pessoas que eram envolvidas também… Mas não levo mágoa nenhuma. Pelo contrário. Eduardo é um cara que ajudou muito o Sport. E é vida que segue…

Quando foi que caiu a ficha para você que você estava definitivamente na reserva?

Quando começou a adiar. Primeira vez, ele falou que iria me colocar de volta contra o Cruzeiro. Aí, contra o Cruzeiro não me colocou. Aí, a partir dali eu já fiquei com o pé atrás. Depois, novamente adiou e aí eu disse: “Ixi… já era! Ele não vai cumprir o que falou..."

Como foram os dias seguintes a que você viu que não iria voltar?
Triste pelo fato de estar há tanto tempo jogando e sair de repente. E não foi de uma maneira técnica. Eu não saí porque estava mal tecnicamente, saí por causa de uma contusão. E, pelo que Eduardo tinha falado, que eu iria voltar e tudo, quando vi que não ia jogar fiquei triste. Mas depois levantei a cabeça e continuei trabalhando normalmente. Segui em frente porque só com o trabalho você consegue reverter a situação.


Chegou a pensar em partir para outro clube?
Não, em nenhum momento procurei isso. Pelo contrário. Procurei trabalhar para dar a volta por cima.

Quando você voltou contra o Bahia, que se cogitou um revezamento na titularidade até você estar 100%, chegou-se a falar que você ainda sentia dores no ombro. Era verdade?
Eu estava fisicamente 100%. Claro que tecnicamente ainda estava, como todo jogador que volta de contusão e de um tempo parado, eu precisava ainda ganhar um ritmo de jogo para voltar ao normal. Mas, fisicamente, eu estava 100%. Já tinha feito todos os tratamentos, fortalecimento, todo o tipo de trabalho já tinha feito.

Por outro lado, em meio a tudo isso, Danilo Fernandes fez uma temporada brilhante. Vocês são bem próximos… Como é a relação de você e como você analisa o ano dele?
O ano dele foi muito bom. Ele soube agarrar a oportunidade que teve. É um goleiro bastante competente. Nós nunca tivemos nenhum tipo de desavença. Pelo contrário, sempre um respeitou o outro. Quando eu estava jogando, ele me respeitava. Depois, quando ele tomou a posição, também o respeitei. Me mantive trabalhando… E a nossa conduta um com o outro é super normal, de dois goleiros procurando fazer o melhor pelo clube.

Na tua opinião, Danilo Fernandes é um atleta que tem mesmo potencial para ser o seu sucessor no clube? Não digo em 2016 porque vocês ainda brigam por posição, mas para o futuro…
Pelo que ele fez neste ano, sim. Ele mostrou ser um goleiro super seguro. Pelo que ele fez este ano tem tudo para se tornar um grande goleiro.

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E o que você espera da temporada 2016? Acha que a briga pela titularidade partirá do zero?
Sempre procuro fazer bem a minha parte. Independentemente de contra quem eu vá competir, independentemente de qualquer coisa.... Agora é uma competição interna, mas procuro levar isso para o jogo. É minha filosofia mesmo. Ano que vem, ele (Danilo) será meu adversário entre aspas para estar disputando e vou fazer o meu melhor, lutar como sempre lutei aqui no Sport a cada ano para dar o melhor para o clube.

Então você acha que a briga pela posição começa de igual para igual? Não acha que ele sai na frente por ter terminado o ano como titular?
Para mim, sim (vai ser de igual). Mas não depende de mim (risos). O problema é que não depende de mim… Independentemente de sair na frente ou atrás, vou fazer aquilo que eu sempre fiz: me concentrar no meu trabalho e dar o meu melhor.

Para finalizar, você está feliz no Sport?

Hoje, estou feliz. Se eu não estivesse feliz já teria saído. Já teria procurado outro clube. Já teria reclamado, como falei antes. Mas não é o caso. Não é necessário isso. Então, estou feliz e espero continuar podendo ajudar o Sport como sempre fiz.