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Projetos, receitas e machismo: Superesportes entrevista nova diretora de marketing do Sport

Desde outubro ocupando o cargo, Melina Amorim se apresenta à leonina

postado em 13/12/2015 15:18 / atualizado em 13/12/2015 16:18

Pedro Galindo /Especial para o Diario

Julio Jacobina/DP
Falar em marketing no futebol é falar de fontes alternativas de receita - ou seja, de um caminho de independência em relação a cotas de televisionamento e bilheteria. Por isso, o assunto ganhou contornos de solução para os clubes brasileiros. Dos mais ricos aos mais pobres, todos se viram quase que obrigados a pensar em como extrair o máximo do poder de compra de suas torcidas. Em Pernambuco, não tem sido diferente. E, nesse quesito, o Sport tem se destacado.

O Rubro-negro vem há alguns anos experimentando campanhas que já trouxeram muito reconhecimento (e prêmios, inclusive do exterior) ao clube. Todas elas aconteceram sob comando de Sid Vasconcelos, dirigente que deixou o clube em outubro. Desde então, a missão de explorar o potencial de consumo dos cerca de três milhões de torcedores leoninos está nas mãos de Melina Amorim - apenas a segunda mulher, em 110 anos, a ocupar um cargo diretivo no clube.

Melina conversou com a reportagem do Superesportes para falar sobre a responsabilidade de chefiar o marketing rubro-negro e, claro, sobre o seu papel histórico no clube, que ela fez questão de minimizar. Comentou também assuntos que despertam o interesse do torcedor do Leão: a imagem da marca Sport no cenário regional, nacional e internacional, a relação com a Adidas, os uniformes do time para a próxima temporada e conversas por um patrocinador máster. Por razões óbvias, ela só não pôde dar maiores detalhes sobre novas ações no futuro. Mas deixou no ar a expectativa. “Tem muita coisa bacana, nova, diferente”, garantiu. Confira a entrevista:

Como é sua ligação com o Sport e como se deu sua entrada no clube?
A ideia da presidência é realmente profissionalizar o clube. As pessoas que ele está trazendo são pessoas de mercado, que já trabalharam na área, e não só por ser torcedor. Meu contato com o Sport era de torcedora que vinha algumas vezes para os jogos, mas ficava mais limitado a isso. Eles fizeram um processo seletivo para essa área do marketing, com a saída de Sid, e eu acabei entrando, ficando. Eu achei maravilhoso, porque já era o meu time, e trabalhar para ele é melhor ainda.

Como têm sido suas primeiras semanas no Sport?
A gente já está focado em 2016. Concluímos alguns projetos que já estavam em andamento em 2015, fizemos algumas ações promocionais nos jogos. Para 2016, estamos fazendo todo o planejamento. Ainda não temos nada que eu possa divulgar de fato, alguma ação master, poque ainda estamos finalizando, mas tem muita coisa bacana, nova, diferente. Na verdade, a proposta da gente pra 2016 é fazer uma retrospectiva de 2015, ver o que deu certo e continuar isso, oxigenar um pouco mais a área também. Já trabalho há quase 10 anos no marketing, estou trazendo algumas coisas de empresas que trabalhei aqui pra dentro do clube.

Como se vê sendo apenas a segunda mulher a ocupar um cargo de dirigente no Sport em 110 anos?
Futebol ainda é um meio bem machista, onde a maior parte é de homens. Mas, aos pouquinhos, a gente vai mudando esse cenário e dando uma cara mais feminina. Aqui dentro do Sport, a gente já tem outras mulheres trabalhando em gestão de outras áreas. Então, não é uma coisa tão pontual de só eu na área do marketing. Na área comercial a gente tem uma mulher à frente, várias outras mulheres trabalhando na comunicação, no RH, outros setores. A orientação não é ser homem ou mulher, é ser o profissional adequado para aquela área. Então, independente do sexo, isso é muito bacana. Se você é um bom profissional e vai preencher perfeitamente aquela vaga, você vai entrar e trabalhar, independente de se você é homem ou mulher.

Por onde você passou antes de chegar ao Sport?
Sempre fui do marketing. Sou formada em publicidade, comecei no grupo Pontes, entrei como estagiária, aí depois fui para a CIV, trabalhei um tempo lá. De lá fui para a Infinito Produções e Eventos, onde eu atendia grandes empresas. E aí foi quando a Coca Cola me chamou. Trabalhei com eles alguns anos e depois comecei aqui.
Julio Jacobina/DP


Falando agora sobre o clube, a loja do Sport está fechada há muito tempo. Existe alguma previsão para que ela seja reaberta?
A gente já está com esse planejamento de abertura da loja, não posso te dizer uma data exata mas a gente está correndo para que abra o quanto antes. Quando eu entrei aqui, foi um dos primeiros projetos que colocaram na minha mesa dizendo que tem que acontecer urgente, para já. A ideia é que não seja nenhuma loja de outra marca, não será uma loja Adidas ou outro terceiro, será uma loja do Sport. Provavelmente, claro, como a Adidas é patrocinadora, pode entrar de alguma forma, até porque a gente vai ter produtos aí.

Já há alguma definição em relação aos uniformes do time para 2016?
A Adidas apresentou para a gente os uniformes do ano que vem, o layout, a gente já está sabendo um pouco, a ideia, o brief que eles passaram, mas já está em andamento o planejamento deles. Com relação aos números, ainda não fecharam 2015, estão finalizando para mandar para a gente, mas os números que já chegaram para mim é que a gente chegou a ser o primeiro de camisa Adidas mais vendidas do Brasil e top-10 do mundo, então a gente sabe que o torcedor da gente tem um potencial gigantesco de compra de camisas.

O que o clube pretende fazer para somar novas receitas em 2016?
Em relação a receitas, a gente tem a parte de sócios, e não só fidelizar, mas trazer novos sócios, que é o que a gente espera para 2016. Fora isso a gente tem toda a parte de patrocínio, que envolve o marketing. A gente está com algumas ideias de patrocínio de alguns ambientes do clube, então tudo isso vai aumentando a receita.

Muitos dizem que o melhor marketing para um time são as vitórias. O que fazer para manter o crescimento da marca independente do desempenho esportivo?
É claro que como o carro-chefe da gente é o futebol, a gente não tem como desvincular totalmente, é o que a gente faz de melhor. Então, o time estando bem, é claro que é muito mais fácil trazer o torcedor mais para junto, o sócio, mas dentro desse planejamento está justamente trazer outros benefícios para o sócio que não estejam só vinculados ao dia do jogo, como comprar ingresso pela internet. Já estamos em contato com alguns parceiros, fechando parcerias com algumas marcas grandes, agora no início de 2016 a gente vai apresentar um programa de sócios bem grandioso.

O Sport vai renovar o patrocínio máster com a Caixa ou está dialogando com outras empresas?
Já estamos conversando tanto com a Caixa como com outras empresas que fizeram propostas. Ainda não temos nenhuma marca 100% fechada, mas já estamos em negociação.

A situação econômica do país está interferindo nas negociações com o banco?
Como a gente tem uma parceria muito legal com eles, não é algo que está dificultando muito, está evoluindo bastante.

Para você, o que representa a marca do Sport?
A marca do Sport deixou de ser uma marca conhecida no estado e no Nordeste, já era muito forte, e já há alguns anos, com a permanência da gente na Série A, se tornou uma marca de nível nacional e até internacional. Com a nossa venda de camisas também muito alta, isso tem uma repercussão muito boa perante o nosso patrocinador. Então, é uma marca que tem muito potencial, que já tem muito valor e tem muito mais potencial para a gente atingir números maiores. Tudo que a gente trata aqui hoje, nada é local, tanto que a gente não pensa em benefícios só para os sócios que moram em Recife, e sim para os do Brasil afora, porque a gente tem noção dessa dimensão. Tudo que a gente está fazendo é pra conseguir atingir torcedores de qualquer lugar do mundo.

E como você acha que a marca do Sport é vista no país?
A gente tem mais dois times do NE que vão entrar na Série A do ano que vem, mas muita gente sobe, muita gente desce e nós somos os únicos que continuam persistindo, lutando pela permanência. E esse ano a gente teve até uma luta diferente que não foi a permanência, foi a luta pela Libertadores, pelo G4, foi realmente ficar entre os primeiros colocados do campeonato.