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Em carta, Thiago se despede e projeta futuro: 'Quem sabe não apareço na Copa de 2022?

Em texto publicado no site oficial do Náutico, o jovem jogador, de 18 anos, passou do início à ascensão meteórica na equipe alvirrubra

(Foto: Léo Lemos/Náutico)
Após o anúncio oficial da negociação do atacante Thiago para o Flamengo, o momento é de adeus. Nesta sexta-feira, o agora ex-jogador alvirrubro publicou no site oficial do Náutico uma carta de despedida e agradecimento.
 
No texto, o jovem jogador, de apenas 18 anos, relembra o sonho de virar jogador profissional, as reprovações em testes “levei muito naõ antes do sim”, a chegada às categorias de base do Náutico e a ascensão meteórica até o time principal e a venda ao Flamengo. E claro, os novos sonhos.

Thiago sai como a maior venda do Náutico na história. Oficialmente os valores não foram revelados, mas segundo informação do jornal O Globo, as cifras giram em torno de R$ 7 milhões. O Timbu ainda manteve 18% dos direitos econômicos do prata da casa. 

Confira a carta de Thiago

Passei minha infância toda jogando bola. Minha mãe falava que eu perturbava muito na rua. Gazeava aula pra jogar na comunidade do Pina, viajava o interior inteiro para jogar campeonatos de várzea. Sempre contra gente mais velha. Joguei futebol de areia, futsal, pelada na praia. Comecei mesmo na escolinha de Henrique, depois fui pro projeto de Deivison. E levei muito não antes do sim.

Em 2017, fiz teste por 15 dias no Palmeiras e treinei bem, mas me pediram pra ficar mais uma semana. Era minha primeira viagem de avião, nunca tinha ficado tanto tempo longe da família. Liguei pra minha mãe pedindo pra voltar. Continuei lutando, mas chegou um momento que queria parar. Era muita dificuldade. Cheguei a ir pros treinos só com uma passagem. Tinha que pular a catraca ou pedir pro motorista abrir o ônibus.

No início de 2018, veio a chance no Náutico. Botei na cabeça que ia tentar uma última vez. Era a chance de mudar a história da minha família. Fui avaliado por uma semana e fiquei. Na minha estreia, contra o Timbaúba (Pernambucano Sub-17), fui titular e fiz dois gols. Na final, bati o último pênalti, o do título contra o Sport. Agradeço muito ao professor Márcio Goiano. Viu a final do Sub-17 e me subiu. Fui conquistando meu espaço calado, na minha. Sempre saia de casa para dar meu máximo. Até que chegou a reabertura dos Aflitos.

Se o elenco estivesse completo, provavelmente não entraria de titular. Mas ainda estavam chegando contratações, e eu entrei de frente. Anos antes, joguei a Segunda Divisão do Campeonato Pernambucano Amador nos Aflitos. Na época, o estádio estava sendo usado para outros esportes, cheio de buracos no campo. Pouco tempo depois, fazia meu primeiro gol como profissional na reabertura oficial do estádio. Que dia!

No profissional, fiz outros gols importantes, mas nunca vou esquecer das quartas de final da Copa do Nordeste, contra o Ceará. Representou muita coisa. Foi ali que mostrei meu futebol pro Brasil pela primeira vez. Muita gente não acreditava na equipe, o Ceará tinha terminado como líder e só tinha uma derrota no ano. Fomos lá e vencemos por 2x0. Ainda fiz cinco gols na Série C e ajudei o time a subir.

Do gol da reabertura dos Aflitos até hoje minha vida mudou muito rápido. Há menos de dois anos eu não era nada, agora estou indo para o clube de maior torcida do Brasil. Claro que não esperava. Só queria conseguir viver da bola. Só tenho a agradecer a oportunidade que o Náutico me deu, a pessoas como Diógenes, Ítalo, Gilmar, Edno. Agradecer também a meus companheiros. Sem eles, nada disso seria possível. Vocês mudaram minha vida.

Me lembro que, logo no início do ano, a torcida pegava no pé dos garotos. Diziam pra não subir mais menino, ou vender pra comprar jogador mais experiente. A diretoria confiou, deu certo e conquistamos acesso e título. Apesar de novo, fui maduro com as críticas. Quanto mais me criticavam, mais eu treinava e tentava. Mas sem mágoa: tenho que agradecer muito aos torcedores. No bom e no ruim, estavam lá. Hoje saio com um respeito e um carinho enorme por essa torcida.

Agora é uma nova caminhada. Vou lutar até o fim para conquistar meus objetivos no Flamengo. Desde pequeno, tenho o sonho de jogar a Liga dos Campeões. Assisto a todos os jogos. Quem não quer jogar na Europa? Na Seleção Brasileira, já tive minha primeira oportunidade, fiz meu trabalho e agora vou buscar outra chance. Quem sabe não apareço na Copa de 2022?

Thiago