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Em análise da temporada, vice de futebol do Timbu crava: ''Faltou humildade a Dado Cavalcanti''

José Barbosa fala sobre as polêmicas nas quais se envolveu ao longo de 2014

postado em 11/12/2014 18:16 / atualizado em 11/12/2014 18:43

Celso Ishigami /Diario de Pernambuco

Celso Ishigami e Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Talvez, somente Lisca tenha colecionado tantas polêmicas no Náutico quanto José Barbosa em 2014. Escolhido para assumir o posto de vice de futebol da gestão de Glauber Vasconcelos, o dirigente entrou em rota de colisão com o técnico Dado Cavalcanti, além de ter se transformado no principal alvo do insatisfeito elenco alvirrubro. Numa conversa de pouco mais de meia hora, ele falou ao Superesportes sobre as controvérsias na qual se envolveu e também sobre o futuro do clube.


Polêmicas com Dado e com o elenco
Muitas vezes, você renuncia a alguns dos seus dinheiros por respeito à instituição. O problema de Dado é que ele não queria ser questionado sobre algumas coisas que a diretoria achava importante. Teve aquele episódio de Tadeu e Roberto, por exemplo. Quando ele afastou aqueles dois por que eles chegaram atrasados, nós da diretoria não concordamos. Porque os dois jogadores tinham um documento BO, alegando que eles tinham sido assaltados. Sou advogado. Não poderia concordar com isso. A gente não tem embasamento legal para afastar jogadores, já que eles tinham uma justificativa. Deveríamos ter investigado melhor aquele caso.

Teve o episódio dos atrasos salariais. Não quis polemizar porque Dado recebeu parte do salário da empresa que nos patrocinava. Ele se reuniu com os jogadores e a comissão técnica para dizer que havia recebido esse dinheiro e que estava colocando o valor à disposição do grupo, porque não achava confortável receber sem que os demais tivessem recebido. Ele veio falar sobre o caso com a gente e dissemos que iríamos resolver esse problema. Ele também não gostou de eu ter questionado o fato de alguns jogadores estarem com o condicionamento físico tão baixo. Porque o preparador era da equipe dele.

Acredito que o melhor caminho para o sucesso é reconhecer nossos erros. Acho que faltou humildade a ele em alguns momentos. Até porque ali, quando ele citou meu nome, dizendo que eu criava problemas, faltou respeito à hierarquia. Se ele tivesse um pouco de bom senso, ele teria vindo falar comigo antes de falar publicamente. Por conta de tudo isso, sei que tive a imagem arranhada, mas contei com o apoio da diretoria e de muitos conselheiros.

Empréstimo de dinheiro ao clube
São coisas que não gosto de falar porque pode parecer que quero me promover. E não tenho essa pretensão. Isso faz parte do dia a dia. Já fiz isso pelo Náutico em outras épocas. Mesmo sabendo que nunca iria receber. Coloquei dinheiro porque quis. Esse caso foi na época que fui diretor de Josemir. Quem está numa direção de futebol está sujeito a situações como essa. Faz parte do dia a dia do futebol. Se não tivesse um alvirrubro que fizesse essas ações, a gente poderia não ter entrado em campo e o clube sofrer uma punição junto à CBF. Não estou lá por causa da minha condição financeira, mas porque quero ajudar o clube. Sempre que o Náutico precisar de mim e eu tiver condições, irei ajudar. Eu e outros alvirrubros, como Américo Pereira ou conselheiros que também preferem não aparecer.

2015 diferente
Glauber assumiu em meio a um cenário político muito conturbado. Além disso, ele não tinha a experiência ainda e se viu obrigado a montar um time rapidamente para entrar em competições importantes. E isso não é fácil. Assumir um clube com tantas dificuldades não é fácil. A partir daí, começamos a contratar um grande número de jogadores. Apostas. Poderia ou não dar certo. Isso tudo por causa da pressa. Desta vez será diferente. Já estabelecemos uma folha dentro do orçamento que já temos garantido. A verba da Copa do Nordeste, da Copa do Brasil, da Arena, dos sócios, da TV… Além de um pretenso patrocínio Master. Estabelecemos valores para o departamento de futebol que não podem ser ultrapassados. Terão de ser respeitados. Um clube de futebol precisa ser tratado como uma empresa. A gente não pode usar a emoção no lugar da razão. Não podemos contratar além do que podemos pagar. O mais importante não é o valor do salário, mas pagar o que você pode pagar. Um de 20 mil que receba em dia vai ajudar mais do que um de 50 mil que está sem receber.

Elenco
Hoje, estamos numa posição um pouco mais confortável. Alguns jogadores que não atenderam às nossas expectativas já estão sem contratos. Se tivéssemos feito contratos mais longos, eles estariam onerando nossa folha. Os que tiveram bons desempenhos serão procurados. Vinícius, Sassá, Júlio César, Luiz Alberto, Marinho… Esses jogadores nos interessam. Mas dentro da nossa filosofia, os jogadores que estão acima do teto estabelecido para 2015, só seguirão se aceitarem se enquadrar nessa nova realidade. Eles não são obrigados a ceder e nós não somos obrigados a contratar jogadores que estão acima das nossas condições.

Briga política
Acho isso muito ruim. Só quem perde é o Náutico. Fiz uma explanação na última reunião do conselho para que todos dessem as mãos porque o Náutico é maior que tudo isso. Independentemente de quem está no poder. Graças a deus, tenho uma relação de amizade com os conselheiros e fiz muitos entenderem a importância da união. O presidente passa, a diretoria passa, o conselho passa e o clube segue. Por isso, conclamo todos os alvirrubros de verdade a esquecerem as divergências e ajudarem o clube.