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Corpo e alma sem limites

O espelho de Anecherly e Anirely

Exemplar, Família Lima tem pai e filhas paratletas e com história de vida incomum

Daniel Leal - Diario de Pernambuco

Publicação:

20/10/2013 14:15

 

Atualização:

20/10/2013 20:46

Além de pai, Expedito é professor, exemplo e inspiração das filhas (Além de pai, Expedito é professor, exemplo e inspiração das filhas no paradesporto (Bruna Monteiro DP/D.A Press))
Além de pai, Expedito é professor, exemplo e inspiração das filhas
Anecherly e Anirely Lima são flores raras. Cultivadas por um florista igualmente raro. Um pai que para elas é professor, exemplo, inspiração. Irmãs, elas possuem a mesma síndrome, rara: Charcot-Marie-Tooth, que provoca atrofia nos membros inferiores e superiores. Nada que as faça menos capazes. Nada que as impeça de treinar praticamente todos os dias da semanas, em dois esportes distintos. De se destacarem, serem promessas olímpicas.

O pai das irmãs de 14 e 13 anos, respectivamente, é Expedito Lima, 32 anos. Aos 7, ele perdeu uma das pernas num acidente. “Quando eu tinha sete anos, costumava ver o cobrador do ônibus que eu pegava saltar antes de o ônibus parar totalmente. Eu achava o máximo e pensava: ‘Vou fazer também’. Na época, o passageiro subia por trás. Um dia, resolvi fazer. Me desequilibrei, caí e a roda traseira passou por cima da minha perna.”

A perda o levou ao esporte. Expedito descobriu o basquete em cadeira de rodas e se tornou um paratleta de ponta, chegando a defender a Seleção Brasileira. O maior exemplo que daria, no entanto, ainda estava por vir. É quando entram em sua história Anecherly e Anirely.

Meninas agora são multi paratletas graças ao incentivo do pai, também paratleta  (Meninas agora são multi paratletas graças ao incentivo do pai (Bruna Monteiro DP/D.A Press))
Meninas agora são multi paratletas graças ao incentivo do pai, também paratleta
As duas atravessaram toda a infância como irmãs maternas. Expedito havia se separado da mãe das meninas quando Anecherly nasceu. Anirely nasceu um ano depois. Acreditava ser filha do novo companheiro da ex-esposa. Não era. Quando Anirely começou a levar quedas espontâneas, logo Anecherly passou a apresentar dificuldades para andar.

“A gente pensava que uma estava imitando a outra. Levamos a uma neurologista e foi constatada a doença. Eu não sabia que era pai de Anirely, mas a médica desconfiou pela aparência e por se tratar de uma doença genética”, afirma.

Expedito descobriu que era pai das irmãs. E elas descobriram nele um ídolo. “Eu assistia e achava um bando de loucos correndo, não queria sentar em uma cadeira de rodas. Meu pai chamava sempre, até que eu sentei uma vez, acertei uma cesta e pronto: fiquei viciada”, afirmou Anecherly. “Na cadeira a gente pode correr”, acrescenta. As irmãs treinam com a equipe masculina do Sesi de Paratibe. Mas o amor pelo basquete não é único.

Há seis meses, as adolescentes também começaram a treinar lançamento de dardo, disco e peso, com o professor Francisco Matias. As mãos levemente fechadas e o andar dificultado pela progressiva doença não tiraram a força dos braços. O dardo vai longe, levando consigo as limitações. “São duas flores brotando no paraesporte”, ressalta Chico.

Estatística

Deficiência motora

No Brasil
3,7 milhões de brasileiros (1,94%)

Em Pernambuco
485 mil pernambucanos possuem algum tipo de deficiência motora (5,51%)

Síndrome
Geneticamente transmitida, a síndrome de Charcot-Marie-Tooth (ou atrofia muscular peroneal) é um distúrbio do sistema nervoso. Provoca danos nos nervos periféricos, resultando em fraqueza e deterioração muscular e redução da sensibilidade em alguns membros. Mais tarde, desencadeia-se uma atrofia nos músculos da mão e ocorre a perda de sensibilidade à dor e à temperatura. Esta síndrome poderá manifestar-se nas mãos e/ou pés. No caso das irmãs, Anirely apresentou os sintomas antes da irmã, com fraqueza nas pernas e insistentes e então inexplicáveis quedas.

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