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Corpo e alma sem limites

Roseli: de abandonada e enganada à paratleta campeã e exemplo de inspiração

Apesar de não ter professor, "menina" de 25 anos, de Bezerros, sempre leva medalhas

Daniel Leal - Diario de Pernambuco

Publicação:

20/10/2013 14:27

 

Atualização:

20/10/2013 16:29

Das professoras na escola, Roseli ganhou o maior incentivo para se tornar paratleta (Das professoras na escola, Roseli ganhou o maior incentivo para se tornar paratleta (Bruna Monteiro DP/D.A Press))
Das professoras na escola, Roseli ganhou o maior incentivo para se tornar paratleta
Roseli nunca conheceu os verdadeiros pais. Nasceu com déficit intelectual (DI), em Caruaru, Agreste pernambucano. Foi abandonada, viveu na rua, foi adotada aos 7 anos, “desadotada”, adotada novamente, humilhada pela avó adotiva até, enfim (ufa!), encontrar na família do namorado (que também tem DI), o amor de uma verdadeira família. Sim, é uma longa história. Detalhes que ela conta com riqueza: ora sorrindo, ora chorando. Sorrisos que vêm fácil quando fala com orgulho que é campeã. Virou paratleta. Nunca teve um técnico na vida, nem muito menos já realizou um treino, mas sempre ganhou tudo que disputou. E nem precisava ser a campeã. Já seria vencedora por simplesmente estar ali, na pista, correndo.


Hoje estudando em uma escola para alunos deficientes em Bezerros, Roseli Teodora é uma “menina” de 25 anos que atropelou etapas na vida e imitou o mesmo no paraesporte. “A minha mãe verdadeira era alcoólatra. Eu ficava na rua pedindo comida, ficava nua porque não tinha roupa”, diz atropelando as palavras, como quem quisesse se livrar logo das lembranças. “Quando eu tinha sete anos, uma mulher do bar ficou com pena de mim e me chamou para morar com ela. Eu fui”, recorda-se bem da “mãe”.

Em Bezerros, Roseli tem rotina de títulos, apesar de não ter treinador (Em Bezerros, Roseli tem rotina de títulos, apesar de não ter treinador(Bruna Monteiro DP/D.A Press))
Em Bezerros, Roseli tem rotina de títulos, apesar de não ter treinador
“Mãe” que aposentou Roseli por invalidez e jamais repassou o dinheiro à menina. Pouco depois, entregaria a jovem para a sua própria mãe. Roseli, então, passaria a ter uma viver com a avó adotiva. Não seria ainda o amor que ela precisava. Há três anos, ela conheceu Artur no Centro de Educação Especial de Bezerros (CEEB). “No começo, ficamos receosos, mas foi a melhor coisa que aconteceu para ambos”, diz a gestora da escola, Maria Soares.

Não demorou muito para Roseli conquistar a família do namorado. Família humilde, mas com um coração imenso dos avós do garoto (sim, ele também não mora com os pais). “Eles ficavam namorando no muro e eu disse a ela ‘entre que aqui dentro não tem bicho’. Logo, ela mesma disse que vinha morar aqui. Trouxeram as coisas em dois carros de mão”, lembra a avó de Artur, dona Geraldina Conceição. “Fui falar com a avó dela, que me disse: ‘isso é uma nojenta, uma imunda’. Era tudo mentira. Elas não queriam que a gente descobrisse a história da aposentadoria dela. Essa menina me ajuda em tudo. É mesmo que uma filha”, afirma.

Hoje Roseli recebe o dinheiro que lhe é de direto. Se diz feliz, ainda que não totalmente realizada. “Meu sonho é ter um técnico”, repete insistentemente. Mas pelo jeito nem precisa. Roseli já foi campeã nos 100 e 200 metros em São Paulo, no Paraná, no Recife e mais recentemente levou o Circuito Pernambucano de Paraesporte em Bezerros. É um fenômeno. Em todos os sentidos.

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