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O velejador solitário

Taiwanês no registro e baiano de coração, Kan Chun fez a travessia da Refeno sozinho em seu barco

Daniel Leal - Diario de Pernambuco

Publicação:

16/10/2012 08:42

Em sua 7ª participação na Refeno, Kan Chun demorou 46 horas para chegar a Fernando de Noronha  ((ANTONIO HENRIQUE/DIVULGAÇÃO))
Em sua 7ª participação na Refeno, Kan Chun demorou 46 horas para chegar a Fernando de Noronha
Fernando de Noronha - “Não tenho problema com a solidão. Às vezes, a pessoa pode estar no Recife, com mais de um milhão de habitantes, e se sentir só, em um quarto. Solidão é questão de cabeça.” As palavras são de quem realmente não se incomoda com o barulho do silêncio e com as longas horas sem companhia. Ao contrário, curte o momento barco, o céu, o mar e o vento. Único velejador a percorrer os 545 quilômetros da Regata Recife-Fernando de Noronha sem ninguém mais no barco, o taiwanês Kan Chun já é experiente na arte de atravessar oceanos sozinho. Em 2011, esse baiano de coração foi o primeiro “nordestino” a completar a regata Charente Maritime, conhecida como Mini-Transat, que sai de Salvador até a França: distância equivalente a aproximadamente 14 Refenos, ou 4.200 milhas, que dá 7.800 quilômetros.

Kan Chun levou 46 horas para chegar às 11h de ontem a Noronha. “Rápido”, diz, em comparação à Charente Maritime - ele levou 30 dias para completar a prova internacional no ano passado. A comparação tende a tornar a regata pernambucana pequena - apesar de Kan Chun justificar que a Refeno tem um valor sem igual. “Aqui é a única regata no mundo onde o último a chegar é premiado da mesma forma que o primeiro”, afirma, referindo-se à imponência da beleza das ilhas que compõem Noronha. “Não tem no mundo lugar mais maravilhoso”, completou o taiwanês de 51 anos e bastante vigor físico.

Kan já participou da Refeno sete vezes e conquistou o Fita Azul em 1997 - apenas um ano depois de começar a velejar. “Sempre fui muito impulsivo. Comecei a velejar e tive uma ascensão muito rápida”, disse. “Até que conheci a Mini-Transat e tive um desejo enorme de encarar. Foram passando os anos 2005, 2006, 2007, 2008... Até que em 2011 fui e deu certo. Me sinto um homem de sorte”, afirmou. O velejador Kan Chuh ainda venceu regatas internacionais como Mini-Fastnet, na França, e deixou seu nome gravado na história da vela brasileira como primeiro velejador do país a vencer uma regata da classe Mini.

Chinês-baiano

Para manusear as velas e se virar sozinho em alto-mar, Kan comanda o menor embarcação da regata, um monocasco da Classe Mini, de 21 pés e apenas 6,5 metros. Kan também é único em outro quesito: a ser o taiwanês com sotaque mais baiano. É que ele nasceu em Taiwan e veio para o Brasil com os pais, imigrantes, quando tinha apenas seis anos. Tornou-se baiano de coração. Questionado se o jeito tranquilo e as regatas solitárias tinha a ver com algo relacionado à sua cultura oriental, ele soltou: “Isso é frescura, não existe”, encerrando a entrevista ao pôr do sol de Noronha aos risos.

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