Santa Cruz

Entrevista

Caça-Rato; "É como se eu estivesse vivendo um sonho"

Superesportes foi na casa do atacante coral para um papo exclusivo. Veja como foi a entrevista com o jogador

postado em 24/06/2011 09:14 / atualizado em 26/06/2011 14:58

Celso Ishigami /Diario de Pernambuco

Paulo Paiva/Esp. DP/D.A/Press


Para a família, Flávio Augusto. Para os amigos mais próximos, Joca. No futebol, Caça-Rato. Formado nas categorias de base do Sport, o atacante se destacou ao marcar 25 gols durante o Pernambucano de Juniores de 2006. Mal aproveitado, passou pelo futebol catarinense, potiguar e chegou até a Croácia. Ficou um ano sem jogar por questões contratuais, mas voltou aos gramados se destacando na Cabense. Foi baleado, se recuperou e agora espera conquistar a torcida do Santa Cruz.

Você foi formado nas categorias de base do Sport, não é?
Isso. Disputei o Pernambucano Juvenil pelo Inter de Campina do Barreto, bairro onde eu morava, que era uma espécie de time B do Sport. Aí, o professor Neco (hoje, no Salgueiro), gostou do meu futebol e me levou para a Ilha do Retiro. No outro ano, em 2007, fui o artilheiro do Estadual de Juniores com 25 gols.

Por que não se firmou por lá?
Logo depois do Pernambucano, Givanildo me promoveu para o profissional. Mas aí teve aquela confusão com Homero Lacerda, Givanildo caiu, Gallo chegou e mandou me emprestarem para o Metropolitano/SC. Quando voltei, o treinador já era Nelsinho (Batista), que disse que ia valorizar os pratas-da-casa, mas até agora estou esperando uma chance. Aí, fui dispensado e fui parar no Omis, da Croácia. Foi uma boa experiência, mas tinha muita dificuldade de me comunicar e não entendi quando um empresário tentou me levar para outro time. Aí, achei melhor voltar pro Recife.

E o contrato?
O problema foi esse. Aquele empresário disse que não ia me liberar de jeito nenhum e eu tive que ficar um ano sem jogar. Foi muito difícil. Achei que minha carreira ia acabar. Agradeço muito a Carlos Kila, que na época era gerente da Cabense e me acolheu. Disse que confiava no meu potencial e ia brigar por mim. Fiquei concentrado em treinar, enquanto rolava o processo na Justiça. Quase não acreditei quando ele ligou pra mim dizendo que eu ia jogar contra o Sport. Já era a 8ª rodada do Pernambucano do ano passado. Perdemos de 2 a 0 na Ilha, mas eu dei uma canseira nos zagueiros deles.

O convite do Santa Cruz foi uma surpresa?
Na verdade, não. Depois do jogo no 1º turno (2 a 2 no Gileno de Carli), Ataíde (gerente de futebol) e Sandro (auxiliar técnico) falaram comigo e disseram que me procurariam de novo depois do Pernambucano. Dito e feito. Agora, é como se eu estivesse vivendo um sonho. Minha família toda é tricolor e sempre pensei em como deveria ser jogar num time tão grande e com uma torcida tão apaixonada.

E a emoção do primeiro contato com o torcedor?
Foi demais! Quando vi aquela bola sobrando pra mim, sabia que era a minha chance. Parti com confiança para cima do zagueiro, pedalei, puxei pra esquerda e bati cruzado. Nem vi a bola entrando por causa da trombada que levei. Só ouvi o grito de gol. Aí, corri pra comemorar com a torcida. Fiquei muito feliz quando escutei o estádio cantando meu nome: Ah! É Caça-Rato!

Então, é Caça-Rato mesmo?
É. Ganhei o apelido quando morava na Campina do Barreto. Eu tinha uns 12 anos e gostava de assistir o treino dos meninos mais velhos. Um dia, o professor Valter me viu matar um rato com um estilingue e botou o apelido. Virou marca registrada.

Você foi baleado no final do ano passado. Como tudo aconteceu?
Fui a um aniversário de um conhecido na Campina do Barreto com alguns amigos. Nunca imaginei que fosse ter algum problema na vizinhança onde cresci. Estava sentado, conversando com o pessoal, quando um cara chegou e me deu um tapa no rosto. Aí começou o empurra-empurra. Como não tinha mais clima, saímos do local e fomos andando pela rua. Foi quando escutei umas pessoas dizendo: “Faz isso não!”. Olhei pra trás e o cara falou pra eu correr. Quando virei de costas, senti o impacto na perna. Graças a Deus, a bala atravessou e não tive nenhuma sequela grave. Dois meses depois, já estava treinando.