Santa Cruz

COPA PERNAMBUCO

O clássico menos emocionante da história: Final da Copa PE tem 111 pessoas e cara de amistoso

Decisão foi disputada no CT do Retrô e vencida pelo Santa Cruz, mas, com portões fechados, torcidas foram compostas por pessoas de dentro do clube

postado em 06/12/2019 19:33 / atualizado em 06/12/2019 20:07

(Foto: Léo Lemos/CNC)
Poderia ser um jogo-treino entre Santa Cruz de Natal e Náutico de Roraima, mas era um Clássico das Emoções valendo um título estadual. Após um empate no jogo de ida, o segundo jogo da final da Copa Pernambuco foi disputado nesta sexta-feira, entre Náutico e Santa Cruz, com vitória de virada por 2 a 1, garantindo o pentacampeonato para o Tricolor. O jogo foi no CT do Retrô, apesar do mando coral. Isso porque o título valia tão pouco para os envolvidos que era mais válido garantir um bom gramado para avaliar os jovens que levar a decisão para um estádio onde fosse possível ter torcida presente. Mas jogo sem torcida não significa arquibancadas vazias, e o Superesportes esteve presente em cada lado da audiência para contar as histórias do último jogo do ano no futebol pernambucano.

SEM CLIMA

Quando se pensa em jogo de futebol, as primeiras lembranças podem ser o barulho do estádio, o cântico das torcidas, camisas de time e até mesmo os banhos de cerveja na hora do gol. Nada disso compôs a final da Copa Pernambuco. Do lado direito da arquibancada, se ouvia o som da obra de ampliação do CT para a construção de mais alguns campos. Ao fundo, logo depois do gramado, se via o treino da equipe profissional do Retrô, que, com alguns jogadores com passagens pelos finalistas, se prepara para o Campeonato Pernambucano de 2020. Mais adiante, outra obra e o treino de outra categoria dos donos da casa. Na plateia, muitas camisas sociais e quase nenhuma camisa de jogo dos finalistas. Para quem assistia o jogo, era necessário esforço para lembrar que a partida valia um título.

E na arquibancada do CT, com capacidade para 600 pessoas, nenhum torcedor de arquibancada. Ao todo 111 pessoas, contadas uma a uma pela reportagem,assistiram à decisão. Torcida formada por dirigentes, comissão técnica, alguns atletas e familiares dos dois clubes. E também por jogadores das categorias de base do Retrô. Não foi permitida a entrada de torcedores “comuns”.

O que não impediu um fato curioso. Ao chegar atrasado, com a partida já iniciada, o vice-presidente do Náutico Diógenes Braga teve a sua entrada barrada na portaria. Tudo porque o seu nome não estava “na lista”. Foi preciso um outro dirigente do clube se dirigir ao local para liberar a entrada. Além de Diógenes, estiveram presentes o técnico Gilmar Dal Pozzo, o gerente de futebol Ítalo Rodrigues e o gerente da base Carlos José.

Pelo lado do Santa também houve atrasos. O presidente Constantino Júnior e o executivo de futebol Nei Pandolfo também só chegaram ao CT do Retrô com a bola rolando. Porém, não tiveram dificuldades para entrar. Além deles, fizeram parte da comitiva coral o coordenador técnico Thiago Duarte e o diretor da base Ênio Boneco, também estiveram presentes o zagueiro Danny Morais, acompanhado dos filhos.

Dentro de campo, o jogo foi disputado. Muitas faltas e disputa pelo gol e uma vitória de virada por 2 a 1. Mas até para atletas, comissão e arbitragem, o clima acanhado gerava um ambiente diferente. Se a falta de gritos da torcida não cria um ambiente de caldeirão, a pressão sobre os jogadores toma caráter mais direto, sendo um dos poucos, quiçá o único, elemento que fazia jus a uma final em Clássico das Emoções. 

Um momento em que o jogo psicológico ficou claro foi em um atendimento um pouco mais demorado a um atleta do Náutico, que fez barulhos de dor, imitados de imediato por alguns tricolores, posicionados a menos de dez metros do local onde ele estava. As provocações se estenderam ao médico, que reagiu perguntando se eles tinham cursado medicina. Ninguém precisava gritar para se fazer ouvir.

A Copa Pernambuco voltou ao calendário estadual após sete anos de inatividade. E como de costume, teve estádios esvaziados da 1ª à última rodada. Ao Clássico das Emoções menos emocionante em 102 anos de disputa. Ao final, o quinto título do Santa Cruz não é motivo de comemoração para nenhum tricolor. Fica apenas a certeza de que é preciso repensar a Copa Pernambuco. Porque pior do que está vai ser difícil ficar.