Sérgio Guedes cobra atenção e que líderes ajudem no crescimento do Santa Cruz

Perto do completar uma semana no comando do Santa Cruz, Sérgio Guedes ainda está em fase de readaptação ao futebol pernambucano, mas já teve que lutar contra um grande - e dolorido - problema: ele enfrentou uma severa crise de cálculos renais na madrugada após o jogo do último sábado, contra a Portuguesa. As fortes dores que lhe tiraram o sono, no entanto, não o impediram de continuar quebrando a cabeça para fazer o Tricolor voltar aos trilhos e recuperar sua autoestima.

Assim que assumiu o clube, Sérgio identificou no elenco um problema de motivação. As eliminações no Pernambucano e na Copa do Nordeste haviam dado um grande abalo na confiança dos jogadores, que há algum tempo vinham habituados apenas às vitórias e conquistas. E segundo o treinador, a solução para essa queda de rendimento não passa pela chegada de reforços ou por mudanças táticas: é tudo uma questão de intensidade e participação.

"Quando você deixa de ter uma participação efetiva da maior parte dos jogadores, você está correndo risco, oferecendo opotunidades ao seu concorrente", alertou. "Você está desatento, o concorrente está determinado... você termina ficando em desvantagem numérica. Mesmo você se considerando melhor, de repente essa desvantagem acontece numa ocasião ruim, como contra o Salgueiro. Se você desconsidera o risco, em algum momento, você paga. Tem hora que a bola bate na trave e sai, mas tem hora que o cara chuta de maneira totalmente despretensiosa e a bola entra. Então são ocasiões em que você precisa estar muito atento, participar mais, principalmente sem a bola. O tempo inteiro precisa haver alguém dizendo 'aqui você pode melhorar, aqui você precisa fazer', senão você interrompe o ciclo de vitórias", afirmou o treinador.

Sérgio disse ainda que os muitos sucessos recentes podem ter deixado o elenco coral numa espécie de zona de conforto. "Eu acho que sempre você pode melhorar", declarou. "A partir do momento que você se satisfez com o que você tem, alguém vê que você é vulnerável em dada situação. Você tem que estar sempre evoluindo de alguma forma, principalmente individualmente".

A responsabilidade dos líderes
Outro aspecto que, segundo o comandante, pode influenciar diretamente no crescimento do time é a liderança exercida pelos principais jogadores do elenco. Nesse sentido, ele enxerga o paredão Tiago Cardoso como peça-chave nesse processo. "Eu preciso da liderança do vestiário, porque se o cara não se adequa, não é o treinador. Meu papel é dizer 'briga pra jogar, porque o critério é técnico'. E quando o jogador sabe que você tem esse critério, mesmo que não jogue, ele respeita", disse, acrescentando ainda que conversou com o goleiro tricolor sobre esse papel.

"Tudo depende da forma como o grupo recebe no vestiário quem chega. Eu falei isso com o Tiago: por mais que você e outros jogadores se portem de uma maneira humilde, que vocês não façam questão de dizer 'eu sou ídolo, tenho importância', vocês têm importância. Tendo essa importância, você precisa saber porque isso aconteceu e dizer a quem chega. Rogério Ceni faz isso no São Paulo. Partindo de você, que tem essa liderança técnica e é ídolo, o cara que ouvir isso de você, vai considerar".

Em busca da primeira vitória na Série B, o Santa Cruz se prepara para enfrentar o Paraná, às 21h da próxima sexta-feira, no Arruda.