Santa Cruz

Coletiva

Morte de torcedor no Arruda será investigada como homicídio doloso

Secretário da SDS afirmou que a falha foi do Santa Cruz, que deveria fazer a segurança do seu patrimônio

postado em 03/05/2014 11:20 / atualizado em 03/05/2014 14:28

Emanuel Leite Jr. /Especial para o Diario

Julio Jacobina/DP/D.A Press
A segurança nos estádios de futebol só se torna prioridade em Pernambuco quando acontece uma tragédia. Como agora, no caso da morte de Paulo Gomes Ricardo da Silva, 26 anos. Na entrevista coletiva, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, informou que desde a madrugada deste sábado a investigação está em curso, com o inquérito tendo sido instaurado por homicídio doloso - quando há a intenção ou o agente assume o risco de causar a morte. Alegando a Secretaria de Defesa Social havia feito a sua parte, o secretário afirmou que a principal falha foi do Santa Cruz, ao não garantir a integridade de seu patrimônio. Segundo Alessandro Carvalho, ainda não há suspeitos do crime.

O secretário esclareceu o procedimento de evacuação do recinto ao fim do jogo, informando que a torcida do Santa Cruz foi liberada primeiro e só depois de 20 minutos, os cerca de 50 torcedores do Paraná tiveram sua saída autorizada. Eles estavam escoltados pela Polícia Militar no momento em que os vasos sanitários foram atirados da arquibancada tricolor.

Em seguida, o responsável máximo pela segurança pública em Pernambuco fez uma afirmação contundente. “Quero colocar que todas as medidas que cabiam à SDS foram tomadas. O Estado fez o seu papel”, disse. Em contraposição a uma declaração do presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, que teria dito que se tratava de um problema de segurança pública, Alessando Carvalho foi ainda mais enfático. “Quem tem que fazer a segurança patrimonial do estádio não é a Polícia Militar de Pernambuco, é o clube”, esclareceu.

Mais adiante na coletiva, o secretário voltou ao tema, ressaltando o fato de que cada instituição deve responder por aquilo que é de sua responsabilidade. “O Choque saiu do estádio ao fim do jogo, para auxiliar o policiamento externo. O BP Choque não tem atribuição de tomar conta de banheiro de estádio”, asseverou. “O problema não foi na rua. Veio de cima da arquibancada. Não por falha do Estado, foi do Santa Cruz”, apontou. “Eu atribuo a falha ao clube”, entafizou.

Ainda de acordo com a SDS, o estádio do Arruda não possui câmeras de seguranças em número ideal, a fim de cobrir todos os pontos do recinto. “O Arruda não tem câmeras internas”, afirmou o secretário. Questionado se não era responsabilidade da Polícia Militar averiguar as condições do estádio para receber um jogo de futebol, Alessandro Carvalho alegou que a ausência de câmeras não seria uma causa de interdição da arena esportiva. “Algumas falhas são aceitáveis”, justificou.

Homicídio doloso

As investigações do homicídio serão comandadas pela delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Assegurando que o caso terá prioridade máxima, assim como acontecera no caso do torcedor Lucas Lyra, o secretário Alessandro Carvalho acredita na capacidade da Polícia Civil a fim de localizar o autor, ou autores, do crime. “Apesar de não termos as imagens internas, eu acredito que a Polícia Civil tem condições de encontrar quem tirou o vaso. E vamos trabalhar para isso”, garantiu.