Santa Cruz

Vítima?

Presidente do Santa Cruz nega relação com organizadas e diz que clube é vítima

Antônio Luiz Neto exalta diretoria do clube, defende "Lei Paulo Ricardo" e diz que não existe relacionamento com organizadas

postado em 05/05/2014 13:28 / atualizado em 05/05/2014 17:49

Pedro Galindo/Esp.DP/D.A Press
A coletiva que se encerrou agora há pouco, na sala de imprensa do Arruda, foi permeada por um discurso que alternou entre o sentimento de pesar pela morte de Paulo Ricardo Gomes da Silva, na última sexta-feira, e pela convicção de que o Santa Cruz vem sendo vítima de uma grande injustiça. “O Santa Cruz não pode ser bode expiatório de um problema muito maior”, argumentou. Essa foi a tônica das declarações do presidente coral, Antônio Luiz Neto, do vice-presidente jurídico, Eduardo Lopes, e do Coronel Bione, chefe da segurança do clube.

O presidente fez questão de iniciar a entrevista mostrando toda a solidariedade do clube para com a família do jovem assassinado na saída do jogo. “O Santa Cruz está absolutamente consternado, lamentando a morte do torcedor, e solidário com a família do jovem, a sociedade, as torcidas e todos aqueles que fazem o futebol pernambucano”, declarou. Segundo ele, o clube vem deixando clara sua posição através de notas nos seus sites oficiais, e se defendeu de acusações de que teria dito que as manifestações da torcida, classificadas por ele de “baderna”, seriam “democráticas”, alegando que “o Santa Cruz não tem poderes para coibir a presença de torcidas, organizadas ou não, e que no Brasil é livre a associação”.

Especificamente sobre o assassinato do torcedor, Antônio Luiz Neto afirmou que o clube cumpriu com todos os procedimentos de segurança antes da partida, e que depois do ocorrido, registrou o Boletim de Ocorrência na delegacia de Água Fria. “Quem é que está livre de uma situação como essa?”, questionou, acrescentando ainda que o Santa Cruz está colaborando com as investigações da Polícia para prender aqueles que ele chamou de “vândalos, bandidos e assassinos”. Ele aproveitou para lembrar que poucos dias antes da tragédia, o próprio Paulo Ricardo havia participado de um programa de rádio no qual tinha declarado que “tirava o chapéu para o presidente do Santa Cruz”, que se negava a jogar a culpa da invasão de vestiário nas torcidas organizadas.

 

Não existe relacionamento...
Perguntado sobre o envolvimento da diretoria tricolor com as uniformizadas, o presidente foi taxativo: rejeitou qualquer espécie de relacionamento. “Nenhum dirigente do Santa Cruz defendeu nenhuma torcida organizada. O Santa Cruz não dá ingresso, transporte e não cede dependências a torcidas organizadas”, pontuou. Ele ainda fez questão de exaltar o corpo de diretores corais, que segundo ele, “são homens de bem, que vieram ao clube quando ninguém queria”.

 

... nem responsabilidade
Eduardo Lopes, por sua vez, contou que representantes do clube embarcam hoje à tarde para o Rio de Janeiro. O vice-presidente jurídico coral se declarou pessimista em relação à absolvição, mas afirmou que vê subsídios para que a pena seja revista, ou que ao menos seja suspensa a punição preventiva, tida pelo clube como "ato político". "Não há nenhum indício de que a culpa seja do clube", afirmou.

No tocante à segurança do estádio, Flávio Bione, chefe de segurança, corroborou com o discurso do presidente e afirmou que todos os requisitos foram atendidos pelo clube, e que a Polícia Militar já tem em mãos as imagens de todas as dezesseis câmeras instaladas nas dependências do Arruda. Ele alegou também que como o incidente aconteceu após o término da partida, a responsabilidade não seria mais do Santa Cruz, já que segundo o Estatuto do Torcedor, o clube só é obrigado a garantir a segurança do público no decorrer do "espetáculo".