Santa Cruz

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Desempenho, surpresa com acesso, sondagens e futuro: Grafite comenta ano no Santa Cruz

Atacante lembra que meta era não cair, elege melhor atleta coral e ainda revela uma sondagem antiga do Sport além do interesse do futebol dos Estados Unidos

postado em 22/11/2015 14:44 / atualizado em 22/11/2015 16:41

Brenno Costa /Diario de Pernambuco

Paulo Paiva/DP/D.A Press
Sentado na varanda do apartamento em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, Grafite voltou no tempo. Lembrou da ligação que construiu com o Santa Cruz, mesmo com dez anos fora do Brasil. Foram madrugadas acompanhando o clube se reerguendo até chegar o momento do retorno à Série A. O reencontro foi fundamental. Para os dois lados. Com o acesso garantido, o atacante de 36 anos fez uma análise completa da temporada. E mais. Elegeu os destaques do time, o que precisa ser modificado, falou de sondagens e da família.   

Ligação com o Santa Cruz de longe
Eu sempre acompanhei o Santa Cruz. Acompanhei a subida em 2005, quando estava no São Paulo. Acompanhei os anos difíceis e escuros que foram até a queda para a Série D. Sempre pelas redes sociais. Quando foi campeão pernambucano, eu parabenizei. Quando foi subindo de divisão, também. Minha esposa me perguntava como eram os jogos do Santinha. Já vi jogo até de madrugada.

Surpresa com o acesso
Quando cheguei, o time esta na 18ª posição. Quando conversei com o Alírio, eu disse: ‘Presidente, o projeto é muito bom, mas é para subir no ano que vem’. Ele disse: ‘A gente sabe. A gente que sair dessa situação. A gente não pode cair’. Mas eu via que o time tinha qualidade. Com o Martelotte, o time começou a ganhar corpo. Minha chegada também contribuiu bastante dentro de campo e fora de campo, em nível de marketing e trazendo o torcedor para o estádio. Esse projeto que fizemos era para subir ano que vem. Mas deu liga, encaixou. Acreditar no acesso era complicado quando cheguei. A gente tinha que sair da zona de rebaixamento e ficar no meio da tabela. Depois ficamos perto do G4. No mês de setembro, que teve nove jogos, nós chegamos. Toda segunda-feira nós temos uma conversa para falar do jogo que passou e o que vem pela frente. Nós também fazemos uma oração. Eu lembro que o Marcelo falou que esse mês iria definir muita coisa. As coisas foram acontecendo. Deu liga o time, a torcida e a diretoria. Foi um mix de trabalho, dedicação, empenho e sorte.

O jogo importante para decidir o acesso
Contra o Bahia. Nós perdemos para o CRB e o Náutico. Depois, fomos jogar lá com o Atlético (GO). O presidente veio e me perguntou: ‘E aí, meu artilheiro?’. Ele me chama assim (risos). Eu disse que a gente tem que buscar ponto. Não podia perder. O empate não era mau resultado porque a gente iria pegar o Criciúma em casa e, mesmo respeitando eles, a gente tinha que ganhar. Os jogos em casa com Criciúma, Oeste e Vitória a gente tem que fazer o nosso dever. O Botafogo é um jogo que poderia acontecer qualquer coisa. O Bahia era decisão. Clássico nordestino, jogando lá. Foi o jogo determinante. Ganhamos deles. Foi o jogo que deu para sentir que chegaríamos.

Condição física
Eu tenho uma condição física muito boa. Nessa reta final, por exemplo, joguei contra o Bahia 70 minutos. Contra o Botafogo, joguei mais 75 minutos sem ter condições. Não

Hesiodo Goes/Esp. DP/D.A Press
estava no mesmo nível do pessoal, mas consegui render bem. Na estreia, teve aquela adrenalina da volta. Mas foi muito difícil. Eu estava no Oriente Médio e lá é quase como de amador. Você treina uma vez no dia e joga uma vez na semana. Não tem essa condição daqui, com a velocidade do jogo muito rápida. Até hoje tenho essa dificuldade. Quando comecei, foi um jogo atrás do outro. A lesão (muscular) que tive já era até programada. Eu forcei muito.

Desempenho individual e da equipe
Na minha avaliação, fui bem. Fiz 14 jogos e marquei sete gols. Ajudei bastante. Lógico que a expectativa foi muito maior. O Grafite chegou de helicóptero (risos). Mas, logo no primeiro jogo, eu fiz gol. Na nossa campanha, não teve um destaque só. O Luisinho fez um grande campeonato. O Bruno (Moraes), mesmo sendo reserva, foi bem. O Lelê também. Teve jogos em que fui decisivo, mas o Luisinho também foi. Teve o Daniel Costa. Mas o que foi o mais regular foi João Paulo. Ele jogou um grande campeonato, mesmo atuando fora de posição muitos jogos. Mas, sobre mim, acredito que no próximo ano vai ser melhor. Vou ter a pré-temporada e posso preparar bem a musculatura para render muito mais. Não tive pré-temporada esse ano. Foi meio que aos trancos e barrancos.

Temporada 2016
O presidente sempre fala que eu vou ficar aqui mais uns dois anos (risos). Eu tenho contrato até agosto. O primeiro semestre é, praticamente, certeza que vou ficar aqui. Eu nunca joguei uma Copa do Brasil, um Pernambucano, uma Copa do Nordeste. Então, estou com muita vontade de jogar esses campeonatos. Em princípio, eu não vejo uma mudança agora com bons olhos.

Assédio dos Estados Unidos
Eu tenho alguns contatos e o pessoal vem me ligando dos Estados Unidos dizendo que precisa de mim. Mas é uma situação muito difícil. Eu tenho contrato com o Santa, e os caras não vão me liberar. Minha filha mais velha está estudando lá. Fica um pouco daquele negócio de estar perto dela, mas eu quero ficar. Quero jogar uma Série A com o Santa.

Boatos anteriores de ida para o Sport
Eu nunca tive uma proposta concreta do Sport. A única vez que teve algo foi em 2002 com um diretor do Sport. Já tinha acabado o campeonato e estava de férias. Só que tinha que voltar para o Grêmio. Eles me procuraram para saber da minha situação na época. Na verdade, procuraram uma pessoa que me conhecia. Eu falei que não tinha problema nenhum. Aí perguntaram se eu tinha interesse. Eu falei que tinha contrato com o Grêmio e era uma transação muito difícil até porque eu tenho uma identificação grande com o Santa Cruz. Deixei logo desse jeito. Nunca mais teve contato. Ninguém me procurou nem do Sport, do Náutico e do Santa Cruz desde então. Só dessa última vez para a volta.

Mudanças para a Série A
Tem que melhorar muito para a Série A. Tem que mudar muita coisa, mesmo com esse time sendo muito bom. Série A não é igual. Série B é totalmente diferente. Não é o mesmo nível. Na minha opinião, a Série B é muito mais difícil do que a A. Só que, na Série, A é mais técnica. O campo é bom, o estádio é bom, o time é bom.

Começo de 2016 com clássicos
Esse começo de ano vai ser bom. Vai ter Bahia (estreia na Copa do Nordeste), Sport e Náutico (no Pernambucano). A última vez que joguei com o Bahia foi recentemente e vencemos. Joguei contra o Sport, em 2001, e o Náutico, em 2002, pela última vez. Tenho retrospecto bom. Fiz gol na Ilha e nos Aflitos. Ganhamos os dois. Mas esse começo vai ser bom. Quando começa o campeonato com teste de nível top é melhor do que começar com times mais fracos.

Ricardo Fernandes/DP/D.A Press