SANTA CRUZ
Técnico do título, Milton Mendes transformou Santa Cruz de desacreditado em campeão do NE
Em pouco mais de um mês, treinador deu nova confiança e novo padrão de jogo ao Santa Cruz, levando ao clube (e à si próprio) ao maior título da história
postado em 01/05/2016 19:58 / atualizado em 01/05/2016 20:09
João de Andrade Neto /Superesportes , Brenno Costa /Diario de Pernambuco

A noite de 30 de março de 2016 foi a da virada no Santa Cruz. Um time sem plano tático consistente e entendimento com a torcida voltou ao caminho das vitórias. Naquele dia, uma nova imagem começou a ser lapidada nos vestiários do Arruda. Foi ali que o então recém-anunciado Milton Mendes tomou a liberdade de dividir o discurso com o interino Adriano Teixeira e empurrou o time em uma virada histórica sobre o Ceará. No fim, o placar de 2 a 1, pelas quartas de final, deu o impulso necessário para o Mais Querido seguir em busca da conquista inédita. E fazer de Milton, o treinador das decisões. E ainda invicto no comando coral, com cinco vitórias e quatro empates
"Na realidade os grandes personagens dessa conquista são os jogadores. Ao treinador cabe apenas dar o equilíbrio emocional aos atletas. Se estar mentalmente equilibrado, um jogador não faz nada. Equilibrada a parte mental, depois se trabalha as ideias táticas. Boa parte desses mesmos jogadores já haviam provado sua qualidade quando subiram o Santa Cruz da Série B para a Série A. Eles já haviam mostrado do que eram capazes", destacou o comandante coral.
E se a taça da Copa do Nordeste é a maior da história coral, o mesmo se pode dizer da curta carreira do treinador. Até então, sua única conquista havia sido a da Série A2 do Campeonato Paulista de 2014, pela Ferrovária-SP. No Santa, conseguiu, como poucos, colocar em prática todo o conceito que carrega de futebol. Dono do maior certificado concedido pela Uefa aos treinadores, trouxe para a estrutura limitada do clube, que ainda não conta com um centro de treinamento, uma nova metodologia de trabalho.
Estilo
Para isso, precisou passar por cima do tempo limitado. A base de muitas conversas respaldadas por frases de efeito e trabalhos que terminam com os refletores do Arruda ligados. Além disso, implantou uma nova distribuição tática do time. Trocou a dupla de zaga, estabeleceu uma dupla de volantes com foco na qualidade do passe e ainda construiu um contra-ataque muito forte. Letal.
O treinador também dos discursos para proteger o grupo. O estilo “paizão” pode ser clichê, mas serviu para Milton Mendes transmitir tranquilidade e confiança aos atletas na medida em que o clube avançava na Copa do Nordeste e no Estadual. Durante os treinos, por exemplo, ele costuma esperar os jogadores subirem ao gramado do Arruda e, um a um, cumprimenta com um aperto de mão, um abraço e frases descontraídas. Arranca risos. A relação de cumplicidade também se transforma em apostas com os atletas. Gol de cabeça já valeu churrasco, por exemplo. Já a aposta pelo título? Muito trabalho. No modo Milton Mendes de ser.