Contando com doações da torcida, campo do CT coral pode ficar pronto em setembro

São 103 anos de idade. Durante esse tempo, a essência do Santa Cruz não mudou muito. Com gestões deficitárias, o clube sempre se apegou aos torcedores nos momentos difíceis. Foi assim na construção do estádio do Arruda, no aspecto estrutural. Desportivamente, assim aconteceu quando o time despencou para a Série D. Nada mudou. A prova é o tão sonhado Centro de Treinamento Ninho das Cobras, que está saindo do papel graças, quase que exclusivamente, a doações de torcedores.

Desde o dia 2 de dezembro de 2016, João Caixero, diretor financeiro da comissão patrimonial, vai quase todos os dias o terreno localizado no quilômetro 7 da estrada da Mumbeca, em Aldeia. Após percorrer a estrada sinuosa e estreita, ao chegar ao local é possível constatar que a situação do fim do ano passado, quando o mato tomava conta do local, evoluiu.

As chuvas dos últimos dias travaram as obras nas últimas semanas, mas a área para dois campos já estão terraplanadas. A drenagem do primeiro campo está instalada. Só falta colocar a areia lavada e começar a plantar a grama. Etapas que dependem de uma trégua de São Pedro, já que esta etapa precisa da limpeza total da área - e com a lama resultante das chuvas o trabalho fica inviabilizado.

“Se a chuva ajudar, em setembro já teremos um campo aqui. Isso é a minha visão otimista. Em uma visão mais pessimista, teremos um campo aqui em outubro. Minha meta é em dezembro estar com os três campos prontos”, afirmou Caixero, que afirma não receber nenhuma ajuda do clube.

“Não entrou dinheiro da patrimonial e do executivo neste momento. Isso não é reclamação, mas porque é algo independente nesse momento. Não queremos atrapalhar lá é isso está sendo feito na força do torcedor. Isso está sendo movido pela torcida. Está sendo movido por paixão”, afirmou.

Segundo ele, o aporte financeiro para as obras do CT advém de doações e iniciativas pontuais. Entre elas, a venda do livro Santa Cruz de Corpo e Alma, do quel ele é o autor, e a realização de “feijoadas” para arrecadar valores. Caixero registra que leva o livro para onde vai e tem o nome de todos os compradores anotados.

Redes Sociais

Foi a paixão pelo Santa, citada por Caixero, que fez um grupo de torcedores se articularem para ajudar a obra de algum modo. Assim, o perfil do Twitter Tricolores do CT foi criado. A intenção inicial era realizar doações modestas, para custear despesas satélites. Porém, ao saber da necessidade de momento, o grupo se empenhou em fazer um pouco mais.
“Conversamos através do Twitter e fizemos um grupo para doar duas caçambas de areia. Tomou uma proporção enorme. Como tínhamos acesso ao clube, descobrimos o que realmente era necessário e conseguimos arrecadar 18 caminhões de brita”, contou Saulo Cunha, contador de 36 anos.

A entrega dos caminhões de brita, adquiridos com os R$13.950,00 arrecadados, foi entregue in loco pelos torcedores, o que fez o grupo se empolgar ainda mais para buscar mais recursos. Foi iniciada uma segunda etapa de arrecadação, que pretende levantar R$ 22 mil para a compra da areia que será utilizada no primeiro campo. Algo que corresponde a 25% do que será necessário para finalizar esta fase da obra.

A movimentação poderia criar a impressão de ter algum teor político no clube, mas o grupo afirma que isso não passa na cabeça deles. “Não pensamos nisso. Só fizemos isso pelo amor ao clube e pelo desejo de ajudar. Queremos ver o time treinando lá o mais rápido possível”, afirmou Bruno Melo, um dos tricolores que ajudam na arrecadação.

A "compra" do gramado

Quando a obra será concluída integralmente, com todos os detalhes do projeto, não se sabe. É algo ainda indefinido. Em valores atuais, João Caixero acredita que seriam necessários pelo menos mais R$ 5 milhões. Não há como prever quando todo esse valor seria arrecadado. Mas há outras iniciativas de arrecadação sendo pensadas. Envolvendo o apoio dos torcedores, evidentemente.

A mais imediata envolve a implantação do gramado nos dois campos. A ideia é que os torcedores subsidiem o gramado, participando ativamente da sua implantação. Funcionaria assim: cada metro quadrado de grama custaria, para o torcedor, R$ 200,00. Pagando este valor, ele iria realizar o plantio e teria o nome inscrito em uma das paredes do centro de treinamento.

Apesar dos esforços estarem voltados para os objetivos imediatos, Caixero destaca que novas campanhas estão sendo elaboradas. “Estamos estudando um projeto para que empresas e pessoas físicas possam fazer doações e possam deduzir no imposto de renda. Teremos um projeto social aqui, principalmente com as crianças da comunidade de Bola na Rede (que é próxima ao CT). Queremos que isso aqui seja bem mais do que um local de treinamento”, explicou.

Após os campos, os vestiários e a sala de imprensa serão as prioridades. Só depois desta etapa é que o hotel, refeitório e centro médico serão construídos. Toda esta estrutura será levantada voltada para o fundo do terreno, que tem um vista da mata que é área de preservação e será utilizada pelo clube de outra forma. “Temos a parceria com um biólogo e queremos montar um passeio por esse local. Além de ser uma parte do passeio que os sócios terão no local, teremos a opção de ensinar sobre preservação ambiental”.

Ninho das Cobras

O que já foi gasto?

CAMPO 1
Terraplanagem - R$ 42.000,00
Drenagem - R$ 51.000,00
Assessoria técnica - R$ 36.000,00

CAMPO 2
Terraplanagem - R$ 42.000,00

GERAL
Aluguel de máquinas - R$ 65.000,00
Aluguel de contêineres -  R$ 8.600,00
Brita - R$ 35.000,00

Total - R$ 279.600,00

Os próximos gastos

CAMPO 1 (finalização)
Areia - R$ 98.600,00
Grama - R$ 79.000,00
Aluguel de máquina - R$ 22 mil (aproximadamente)

Como ajudar

scfcpatrimonial.com.br
No site existe uma área destinada à contribuições e com prestações de contas periódicas

@Tricolores do CT
O perfil do Twitter passa as informações sobre como doar e se juntar ao grupo.