Não dá tempo nem de descer do carro. Basta reduzir a velocidade ao se aproximar da sede do Arruda, na Avenida Beberibe, e sinalizar que vai estacionar. Imediatamente, um homem se aproxima. Parece flanelinha, mas ele se denuncia assim que a porta é aberta. "Quer arquibancada? Tenho cadeira e sócio também", diz. Isso a menos de 50 metros das bilheterias onde o Santa Cruz comercializa os bilhetes para o jogo da noite desta quarta-feira, contra o ABC, no Arruda, pela Copa do Brasil. Pela manhã, dezenas de cambistas ofereciam ingressos com preços mais caros.
Curiosamente, quanto mais perto dos guichês, a abordagem fica mais intimidadora. Três cambistas parados na entrada de um corredor feito com estrutura de ferro, por onde o torcedor precisa passar para chegar até as bilheterias, praticamente bloqueavam a passagem das pessoas. Quem quisesse insistir e comprar o ingresso nos guichês precisava pedir "com licença" e receber um olhar mal-humorado.
Enquanto isso, outros dez ou 12 cambistas, parados na calçada da Avenida Beberibe, ofereciam ingressos para o setor de sociais (aquele espaço que, em tese, é destinado apenas aos sócios do clube e cuja venda só é autorizada após apresentação de documento ou carteira que comprove que o torcedor é sócio e esta em dia com suas mensalidades). Cada ingresso, que no clube custa R$ 20, estava sendo comercializada nas mãos dos cambistas por R$ 35.
Na terça-feira à noite, véspera do jogo, o Santa Cruz informou que insumos para a produção de ingressos foram roubados da sede social na segunda-feira passada. Por isso, o clube pediu que os torcedores não comprasses bilhetes nas mãos dos cambistas, temendo falsificação.
Quem não se intimidou e conseguiu chegar às bilheterias recebeu uma recompensa: o clube manteve, para o dia do jogo, os preços promocionais da venda antecipada. Assim, o bilhete para o anel superior custa R$ 20.