Santa Cruz

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Contratado sob grande expectativa, Didira ainda precisa mostrar a que veio no Santa Cruz

Principal contratação na temporada, meia vive altos e baixos em campo e ainda não se tornou unanimidade entre os tricolores - muito pelo contrário

postado em 12/03/2020 11:00 / atualizado em 12/03/2020 17:19

(Foto: Rafael Melo/Santa Cruz FC)
Sob grandes holofotes, Didira chegava ao Santa Cruz. Não era por menos. O Tricolor, que vai disputar mais um ano na Série C do Campeonato Brasileiro, acabara de contratar um meia experiente, diferenciado, com rodagem a nível de Série A. Além de todos estes pré-requisitos, ainda conhece a Terceirona. Didira sabia os atalhos da competição na qual foi campeão em 2017 pelo CSA, ano em que marcou o início de uma campanha histórica do Azulão rumo à elite do futebol nacional e de onde foi protagonista. 

Mas o currículo atrativo, até então, não foi apresentado à altura do esperado. Isso porque, na prática, Didira ainda não engrenou no Santa Cruz neste início de ano. Muito pelo contrário, na verdade. No Tricolor, o meia de 31 anos vive altos e baixos dentro de campo e ainda não se firmou como unanimidade entre os torcedores - em algumas oportunidades, inclusive, vem sendo alvo recorrente de críticas. 

Na tentativa de destrinchar, em números, os motivos pelos quais Didira ainda precisa mostrar a que veio na Cobra Coral, a reportagem do Diario de Pernambuco fez um raio-x do atleta nesses 10 primeiros duelos que disputou na equipe tricolor. Mas não só isso. A reportagem também comparou os desempenhos que o meia conseguiu, neste mesmo recorte de partidas, jogando pelo ASA* e o CSA* - únicos times na carreira em que fez mais de 10 confrontos.  

Participações em gols

A análise que talvez mais se aproxime à baixa produtividade de Didira no Santa Cruz é esta. Uma vez que, contratado para ser o principal articulador da equipe do técnico Itamar Schülle na criação de jogadas ofensivas, oportunizando os atletas do ataque com bom passe, Didira não é o protagonista do Tricolor em participações em gol, por exemplo - apesar de ter feito dois gols diante do Frei Paulistano, pela Copa do Nordeste. 

Quem está à frente dele, neste quesito, é um volante: Paulinho, o líder absoluto de assistências do Santa Cruz, com cinco servidas. Didira tem apenas duas. Se levarmos em consideração os inícios de temporadas no ASA* e no CSA*, os números mudam um pouco. Pelo Alvinegro alagoano, mantendo o recorte de 10 partidas, anotou um gol e deu uma assistência. No Azulão em 2016, balançou as redes em duas oportunidades, mas não foi garçom em nenhuma; em 2018, quando Didira teve o maior ano da carreira - e, por isso, usado para embasar a reportagem - , marcou quatro gols e serviu duas vezes.    

Rendimento do time

Outro recorte analisado pela reportagem do Diario de Pernambuco foram os rendimentos do Santa Cruz quando Didira está ou não em campo. Apesar dos números serem positivos para o meia, a diferença entre os dois cenários é baixa. Estando em 10 das 15 partidas disputadas pelo Tricolor neste início de temporada, a Cobra Coral, com o meia,  empatou quatro, venceu cinco e foi derrotado apenas em uma. Desempenho de 63%. Sem ele, nos cinco jogos restantes, o Santa Cruz venceu três vezes e perdeu duas. Um aproveitamento, portanto, de 60%. 

Jogando no ASA* e no CSA* nas temporadas e no filtro estabelecido acima, os números pesam a favor de Didira no Santa Cruz. Com a exceção do início arrebatador no Azulão, em 2016, quando o meia teve 93% de aproveitamento - vencendo nove partidas de forma consecutiva e empatando uma -, os números de 2010, quando defendeu o Alvinegro, e 2018, também no Azulão do Mutange, são baixos. Um rendimento de 33% e 46%, respectivamente.  

Minutagem

No Santa Cruz, até agora, Didira não pode dizer que falta-lhe oportunidade para mostrar seu futebol. Tanto que o meia conseguiu alcançar sua segunda maior minutagem em um recorte de 10 jogos - considerando aqui, mais uma vez, o comparativo com o  ASA* e o CSA* -, tendo 786 minutos em campo pela Cobra Coral. No Alvinegro, em 2010, por exemplo, esteve em campo por 818 minutos, contra 754 e 740 minutos, ambos no CSA*, em 2016 e 2018, respectivamente.

Mas agora, apesar de ter ficado pouco mais de uma semana ausente da pré-temporada do Santa Cruz, quando teve que resolver problemas familiares e foi liberado pelo clube, Didira ainda não apresenta estar 100% fisicamente. Tanto que a maior sequência que teve no Santa Cruz  foi de cinco partidas: Salgueiro, ABC, Central, Afogados da Ingazeira e Frei Paulistano. E, nos últimos dois duelos, contra Atlético-GO e Sport, sobretudo diante do Rubro-negro pernambucano estava visivelmente exaurido no final do jogo. Contra o Dragão, na Copa do Brasil, por exemplo, foi substituído aos 37 minutos do segundo tempo.  

Chamar a responsabilidade

Porém, além dos números e estatísticas já citadas acima, Didira reconheceu que está abaixo do que pode produzir no Santa Cruz. E cobrou a si mesmo ‘melhorar mais, buscar mais’. “Ninguém quer jogar mal. Mas às vezes as coisas não acontecem do jeito que a gente quer. Então tem que botar a cabeça no travesseiro e pensar no que fazer para melhorar”, disse. 

“Principalmente da minha parte, tenho que melhorar mais, porque nos treinamentos eu venho me empenhando, mas o jogo não é treino. No jogo é totalmente diferente, tenho que me desenvolver mais, querer mais, buscar mais”, completou. Às vésperas de um jogo decisivo nesta quinta-feira, contra o Botafogo-PB, no Arruda, contra quem precisa vencer para seguir vivo na Copa do Nordeste, Didira pode ter uma grande oportunidade para mostrar, de uma vez por todas, a que veio no Santa Cruz. 

*Para ficar igualitária a avaliação, a reportagem do Diario de Pernambuco decidiu comparar o início da carreira de Didira no Santa Cruz com as dos clubes por onde disputou mais de 10 jogos. A reportagem também optou por usar o ano de 2018 de Didira no CSA, uma vez que foi neste período onde o meia teve o ponto mais alto da carreira, justamente para comparar os dois cenários.