Santa Cruz

JOGOS INESQUECÍVEIS

Em 2016, Santa Cruz segurou o Campinense e resgatou posto de 'Terror do Nordeste' do país

Dia 1º de maio de 2016: uma data para ficar na história do torcedor do Santa Cruz. O dia em que o futebol nordestino se curvou ao Tricolor do Arruda

postado em 20/06/2020 09:37 / atualizado em 20/06/2020 12:30

(Foto: Ricardo Fernandes/DP)
Uma bola recebida pouco à frente da entrada da pequena área, a poucos metros de distância da barra adversária. Dois chutes. O primeiro, meio sem jeito, esbarrou na marcação. O segundo, certeiro, só parou no fundo da rede. O gol do atacante Arthur, aos 33 minutos do segundo tempo do jogo de volta da Copa do Nordeste de 2016, contra o Campinense, disputado em Campina Grande, deu ao Santa Cruz o título inédito da competição.

A “invasão” de torcedores do Santa Cruz no estádio Amigão teve dois motivos. O primeiro, é que a Copa do Nordeste era um título que faltava ao clube. O segundo, era a excelente fase vivida pelo time naquele momento, que também estava na final do Campeonato Pernambucano e decidiria o título contra o Sport, na Ilha do Retiro, uma semana depois (acabaria levantando a taça).

A torcida do Santa Cruz esgotou em menos de uma hora os dois mil ingressos que a diretoria do Campinense havia mandado para o Arruda. Teve quem dormisse na fila de madrugada para não ficar de fora da decisão. Mas àquela altura, diante da quantidade de gente que estava se mobilizando para ir a Campina Grande em caravanas, ou o time paraibano cedia mais bilhetes para os tricolores, ou poderia haver confusão do lado de fora do estádio. O Campinense destinou mais quatro mil ingressos para os corais. Todos vendidos.

Seis mil vozes
 
Os seis mil tricolores presentes na decisão viram um primeiro tempo em que o Campinense tinha mais posse de bola, mas chegava pouco à meta de Tiago Cardoso. O time pernambucano tinha a vantagem do empate por ter vencido o jogo de ida, no Arruda, por 2 a 1. E parecia controlar o jogo com sua proposta de permitir o avanço do adversário para tentar encaixar um contra-ataque. Até que veio o segundo tempo.

Nos últimos 45 minutos, o inevitável aconteceu. O Campinense partiu para cima e começou a pressionar o Santa Cruz. Aos 25, quando Rodrigão abriu o placar para o Rubro-negro paraibano, os papéis se inverteram. Por causa do gol marcado fora de casa, a taça estava ficando em Campina Grande. E aí o Tricolor precisou se atirar ao ataque.

Foram “apenas” oito minutos de angústia. Aos 33, Keno fez uma jogada pela esquerda que deu início ao gol histórico. O cruzamento na área encontrou Arthur. E o atacante coral fez o gol do título.

FICHA TÉCNICA

Campinense-PB 1
Glédson; Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Fernando Pires, Magno, Raul (Filipe Ramon) e Roger Gaúcho (Adalgísio Pitbull); Jussimar (Tiago Pedra) e Rodrigão. Técnico: Francisco Diá.

Santa Cruz 1
Tiago Cardoso; Vitor (Bruno Moraes), Neris, Danny Morais e Tiago Costa; Uillian Correia, Leandrinho (João Paulo), Lelê (Wellington Cézar), Keno e Arthur; Grafite. Técnico: Milton Mendes.

Local: Estádio Amigão (Campina Grande-PB). Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA). Assistentes: Alessandro Rocha de Matos (Fifa-BA) e José Carlos Oliveira dos Santos (BA). Gols: Rodrigão (25’ do 2T, Campinense); Arthur (33’ do 2T, Arthur). Cartões amarelos: Arthur e Tiago Cardoso (Santa Cruz).

Curiosidades

(Foto: Ricardo Fernandes/DP)
O primeiro “gol do título” - O gol de Arthur está marcado como “o gol do título” da Copa do Nordeste daquele ano. Mas o torcedor coral viveu uma emoção semelhante na partida de ida da final contra o Campinense, no Arruda. Diante de mais de 36 mil tricolores, o Santa Cruz caminhava para um empate frustrante em casa. Aos 47 minutos do segundo tempo, o atacante Bruno Moraes recebeu uma bola dentro da área e marcou o gol da vitória por 2 a 1, que deu a vantagem ao time de jogar pelo empate em Campina Grande.


(Foto: Ricardo Fernandes/DP)
O capitão multicampeão - Nos dias que antecederam a final, ninguém sabia, ao certo, quem levantaria a taça, caso o Santa Cruz fosse o campeão. Graças ao revezamento de capitães que o então técnico, Milton Mendes, fazia. Grafite, Léo Moura, Danny Morais e Uillian Correia ficaram com a braçadeira em alguns jogos importantes, tanto do Estadual quanto da Copa do Nordeste. Mas coube a Tiago Cardoso a honra de ser o capitão naquele dia. Nada mais justo. Seria o 5º título conquistado por ele no Tricolor sendo, sempre, protagonista. Ele também havia sido campeão estadual em 2011, 2012 e 2013, além de campeão da Série C de 2013. Uma semana depois, ele voltaria a ser campeão estadual. O clube considera ainda o goleiro campeão pernambucano em 2015, mesmo que ele não tenha participado de nenhum jogo, pois estava lesionado. Na hora mais esperada após o título do Nordestão, Tiago Cardoso foi generoso e “dividiu” o momento com todos os jogadores, que levantaram a taça juntos.


(Foto: Ricardo Fernande/DP)
Duas taças em uma semana - O elenco tricolor não teve tempo para comemorar. A final contra o Campinense foi disputada no dia 1º de maio de 2016, um domingo. Três dias depois, uma quarta-feira, o time entrou em campo para o primeiro jogo da final do Campeonato Pernambucano, contra o Sport. Com um gol de Lelê, venceu o jogo por 1 a 0 e levou a vantagem do empate para a Ilha do Retiro, no domingo seguinte à conquista em Campina Grande. Após um empate em 0 a 0 na casa do rival, o Santa Cruz foi campeão estadual.

A Trajetória

Fase de grupos

14/02/2016
Santa Cruz 0 x 1 Bahia

17/2/2016
Confiança 0 x 2 Santa Cruz

24/2/2016
Santa Cruz 1 x 1 Juazeirense

2/3/2016
Juazeirense 0 x 1 Santa Cruz

8/3/2016
Santa Cruz 3 x 1 Confiança

23/3/2016
Bahia 1 x 0 Santa Cruz

Quartas de final

30/3/2016
Santa Cruz 2 x 1 Ceará

3/4/2016
Ceará 0 x 1 Santa Cruz

Semifinal

13/4/2016
Santa Cruz 2 x 2 Bahia

17/4/2016
Bahia 0 x 1 Santa Cruz

Final

26/4/2016
Santa Cruz 2 x 1 Campinense

1º/5/2016
Campinense 1 x 1 Santa Cruz